𝐄𝐂𝐎𝐒 𝐍𝐎𝐒 𝐒𝐎𝐍𝐇𝐎𝐒 ━━━ zuko

o começo... "𝐦𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐞𝐬𝐩𝐢𝐫𝐢𝐭𝐮𝐚𝐥"

PRÓLOGO

Os ventos suaves sussurravam diante do rosto delicado da garota, que observava o caminho à sua frente com diversão. Seus olhos quase translúcidos percorriam a floresta que se mostrava calma e serena. Animais exóticos passavam por ali sem se sentirem ameaçados pela presença da criança, que sorria animada. O céu, com suas luzes brilhantes, refletia nas copas das árvores, criando um brilho quase mítica.

Uma garotinha de quatro anos não entendia como havia chegado a um lugar tão diferente, mas achou tão divertido, como se estivesse em um mundo totalmente desconhecido aos seus olhos. As cores, símbolos e animais exóticos eram visíveis ao redor. Na sua mente, aquilo era como um parque de diversões. Uma pequena borboleta chamou sua atenção, e ela a seguiu sem hesitar.

A borboleta parecia dançar no ar, suas asas cintilando com as luzes do céu, guiando-nos por entre as árvores. A garota, fascinada pela leveza do inseto, correu com passos pequenos e ágeis, rindo suavemente sempre que ele subia mais alto e depois descia para perto dela. A sensação de paz continuava a envolvê-la, como se nada pudesse perturbar aquele momento mágico.

Logo, Nari se viu diante de uma clareira. No centro, um lago cristalino refletia as estrelas do céu, como se a água fosse feita de espelhos. A borboleta pairou sobre a superfície do lago por um instante antes de desaparecer como um sopro de vento. Encantada, a menina aproximou-se da margem, ajoelhando-se para tocar a água, com seu sorriso genuíno que não ligava onde estaria.

Assim que seus dedos tocaram o espelho cristalino, ondas suaves se formaram, e a tranquilidade da água deu lugar a algo novo. Imagens começaram a surgir nas ondulações - rostos, figuras que ela não conhecia, mas que pareciam familiares de alguma forma. E então, de repente, uma voz suave preencheu o ar ao seu redor.

━━━ Nari...

Ela olhou em volta, surpresa, mas não viu ninguém. A voz vinha de todos os lugares e de nenhum ao mesmo tempo, como um sussurro trazido pelo vento.

━━━ Querida Nari... você tem um caminho tão longo à sua frente. Um destino que apenas você pode trilhar.

Assustada, mas ao mesmo tempo curiosa, a garotinha ficou de pé, olhando ao redor.

━━━ Quem está aí? ━ indagou com uma voz pequena e hesitante.

━━━ Eu sou parte do que te aguarda ━ respondeu a voz, gentil, como estivesse sussurrando em seu ouvido. ━━━ O seu futuro está entrelaçado com o dos outros. O que você verá nos sonhos não será apenas seu. Você guiará os corações e as almas daqueles que precisam de você, pequena criança.

A criança deu um passo para trás, sentindo uma mistura de fascínio e medo.

━━━ O que isso significa? ━ sussurrou, ainda tentando entender. Os olhinhos da pequena garota pareciam brilhar de curiosidade, mas também tinham um receio.

Antes que qualquer resposta pudesse ser dada, uma grande coruja branca surgiu silenciosamente entre as árvores. Ela pousou na beira do lago, apenas a alguns passos de Nari. Seus olhos profundos e brilhantes fixaram-se na menina, como se estivessem lendo seus pensamentos mais secretos. A ave permaneceu imóvel, apenas observando, sem emitir som algum.

A presença da coruja trouxe uma calma diferente, uma conexão quase palpável com o mistério que envolvia a clareira. Nari ficou fascinada com o olhar penetrante da ave, que parecia conhecê-la de alguma forma. O lago brilhou mais intensamente por um breve momento antes de voltar ao seu estado calmo e silencioso. O ambiente ao redor ficou ainda mais quieto, como se o tempo tivesse parado.

Ela ficou ali, imóvel, sentindo que algo grande acabava de ser revelado, mesmo que ainda fosse pequena demais para compreender completamente. A coruja, ainda a observava com olhos sábios, deu um último bater de asas antes de desaparecer tão silenciosamente quanto havia surgido.

E então, tão rápido quanto havia chegado, a visão começou a se desfazer. A floresta ao seu redor ficou embaçada, e Nari piscou, sentindo suas pálpebras pesadas. Antes que pudesse compreender o que acontecia, o mundo à sua volta escureceu, e ela foi envolvida por um sono profundo e sem sonhos.

A partir daquele momento, Nari começou a sonhar com o mesmo cenário repetidamente. Tudo parecia um ciclo sem fim: a floresta tranquila, os animais exóticos, a borboleta que a atraía, a clareira iluminada, o lago de águas cristalinas, e, acima de tudo, a voz suave que chamava seu nome. Sempre presente, a coruja branca a observava em silêncio. O que mais a incomodava era o fato de, no auge de sua curiosidade, sempre despertar logo em seguida.

Conforme os sonhos se repetiam, Nari começou a se perguntar se não eram mais do que simples devaneios. Talvez aquelas visões fossem um lembrete - um vislumbre de algo que ainda estava por vir, uma peça importante de um futuro que ela ainda não podia compreender. Havia algo enigmático e quase profético em cada detalhe: a voz, os símbolos desconhecidos, a coruja. Como se o próprio mundo espiritual estivesse tentando lhe dizer algo, deixando pistas nos ecos de seus sonhos.