"Naquela noite, o sonho veio como sempre vinha para Ayla", como se fossem memórias distantes, mas desta vez, foi mais vívido, mais intenso.
Ela se via caminhando por um vasto campo de estrelas, com os pés descalços e os cabelos soltos, vestindo apenas um vestido branco que lhe cobria até a metade das pernas. Em seu corpo, havia marcas de uma luta corporal desconhecida. O céu acima dela não era como ela conhecia; era uma mistura de noite e dia, entrelaçados em uma harmonia única, desenhando um crepúsculo eterno. As constelações dançavam lentamente, formando padrões que pareciam guiá-la. A cada passo que dava, o chão, feito de um brilho suave, ondulava como se estivesse vivo, respondendo à sua presença. O ar ao seu redor estava cheio de um murmúrio distante, como se mil vozes sussurrassem segredos que ela não conseguia decifrar. E, a cada passo adiante, sombras surgiam, altas e mascaradas, figuras enigmáticas que a observavam atentamente. Seus olhos ocultos seguiam cada movimento dela, e embora a razão sugerisse medo, o que Ayla sentia era algo inesperado: uma estranha familiaridade. Eles não eram ameaçadores; não havia medo. Pelo contrário, era como se aqueles olhares silenciosos fossem de velhos conhecidos, parte de uma história que ela ainda precisava lembrar.
Ao longe, erguia-se uma Torre.
A Torre parecia flutuar entre o céu e a terra, uma estrutura antiga e imponente, feita de um material que brilhava como prata sob a luz das estrelas. Era alta demais para que Ayla pudesse ver seu topo, e sua superfície estava coberta de símbolos que brilhavam com uma luz própria. As estrelas mais próximas da Torre eram as mais brilhantes do céu, formando um caminho de luz que a guiava até a base.
Ela caminhou em direção à Torre, e, com cada passo, uma sensação de familiaridade tomava conta dela, junto com um desespero desconhecido. Era como se já tivesse estado ali antes, como se aquela Torre fosse parte dela. As estrelas acima piscavam em um ritmo que parecia acompanhar seus batimentos cardíacos, e, quanto mais se aproximava, mais forte sentia o chamado, mais nervosa ficava.
Quando finalmente alcançou a base da Torre, seu coração disparou. O mundo ao seu redor parecia parar, como se o próprio tempo aguardasse o próximo momento. Ayla olhou para cima, e seu fôlego foi arrancado de seus pulmões. Cada estrela no céu estava conectada à Torre por fios de luz cintilante, como teias delicadas que sustentavam o próprio universo. Aquela estrutura imponente, com seus ícones luminosos, parecia pulsar com uma energia antiga, algo maior e mais vasto do que ela jamais poderia imaginar.
No meio de tantas estrelas, uma delas brilhou com uma intensidade que a atingiu como um relâmpago. Não era apenas luz; era vida, era poder. E, naquele instante, Ayla sentiu como se aquela estrela a conhecesse profundamente. Era como se aquela estrela estivesse viva, pulsando em sincronia com seu coração. Um chamado. Um apelo silencioso que ecoava dentro dela, implorando por sua atenção. Cada fibra do seu ser gritava para que ela respondesse.
Uma voz baixa, grave e firme ecoou pelo ar ao redor.
— Esta estrela é você.
A voz não tinha um dono visível, mas Ayla sabia que era para ela. Seu coração palpitou ao ouvir aquela voz, que parecia tão familiar. Ela sentiu o brilho da estrela pulsar em seu peito. Estendeu a mão, tentando tocar a luz, mas assim que seus dedos se aproximaram, a Torre e as estrelas começaram a se desvanecer.
A cena se dissolvia em um redemoinho de luz e escuridão, e uma sensação de perda tomou conta dela, como se estivesse deixando algo importante para trás.
— Volte — a voz disse novamente, antes que tudo desaparecesse.
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O Destino Entre luz e Sombras
FantasyEm um universo dividido entre cinco reinos, a Deusa da Luz e da Vida reencarna repetidamente, esquecendo sua verdadeira identidade e com sua alma fragmentada. Cada vida é marcada por provações para restaurar essas partes perdidas. Embora destinada a...