Walk

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A gota em sua cabeça pingava. Quantas vezes já fizera isso? Pensava o garoto.
Suas mãos tremiam nas amarras presas à cama.
Seus olhos, forçadamente abertos, focavam apenas na imagem da mulher de cabelos verdes. Tão agradável de assistir...

Izuku respirou, o cheiro de sangue, vômito e suor enchia a sala. Seu estômago revirou, a essa altura, já deveria estar acostumado com o cheiro, mas havia algo, no fundo de sua mente, que ainda o deixava enojado, talvez a fina linha que o mantinha são?

Ele não se lembrava de como havia chegado à sala, mas novamente, do que ele se lembrava realmente? Procurando fundo em sua memória, uma memória vaga de alguma piada de mau gosto era tudo que aparecia.
Essa era a segunda... Terceira (?) semana de treinamento. Todos os dias sem exceção, Izuku acordava em seu pequeno quarto, encarava o teto por longos minutos, comia a ração que lhe era posta e partia para sala de treinamento. Agora, era sua rotina.

Seus estudos, infelizmente, para o garoto, ficaram em segundo plano. Os dias que lhe eram dados de descanso serviam apenas para mergulhar em estudos e mais estudos.

Ele estava sendo sufocado. Mas não era uma sensação ruim.

Era cansativo, obviamente, mas após tudo, era quase prazeroso. Olhar as marcas de faca que haviam em seu corpo, sentir seu cérebro doer, arranhar os cortes e fazê-los sangrar mais.
Ele sentia seu corpo pinicar com a adrenalina.
E toda vez que lhe mostravam aquele vídeo, de novo, e de novo, seus olhos verdes brilhavam em um vermelho penetrante, o suficiente para queimar, quem quer que Izuku estivesse encarando.

E se ele fosse sincero consigo mesmo, ele não sentia falta alguma de sua antiga vida.

Quando o vídeo acabou ele desviou o olhar para suas mãos amarradas. Um suspiro saiu de seus lábios.

Ele olhou para a porta atrás de si, com certa dificuldade.

Dabi caminhou calmamente, e como de costume desamarrou suas mãos. Com um sorriso em seus lábios ele perguntou:

—E então? Como está se sentindo garanhão?

Izuku riu baixo, sua garganta seca e dolorida.

—Maravilhoso.

Ele se levantou, esticando as pernas pela primeira vez em horas. Ele respirou profundamente.

—Eu gostaria de caminhar um pouco.

Ele olhou para o teto cinza da sala.

—Isso é permitido?

Dabi acena. O sorriso ainda enfeitando seus lábios.

—Claro. É permitido, mas não aconselhável. Tem certeza de que quer ir? Suas pernas parecem meio... Fracas.

Ele ri.

Izuku apenas acena, sem dizer uma palavra.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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