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Extra Lao Shi se transforma em Shen Sui parte 4

Extra Lao Shi se transforma em Shen Sui parte 4

A preocupação nunca venceu o destino¹

Era início da madrugada quando ouviu a chuva começar a cair.

As gotas pesadas caíam fortes contra as telhas e mesmo que estivesse abrigado, o cheiro de terra molhada invadiu o ambiente um tanto poeirento em que estava.

Era difícil dormir.

Não apenas porque estava num paiol dormindo sob um monte de feno com uma manta de retalhos e ele podia ver um camundongo ou outro se esgueirando na penumbra.

Shen Sui não se entendia, ele não era mais o vulto de um duque e um demônio ocupando a mesma consciência, permanentemente em conflito.

De todo jeito, sendo apenas o humano, seguia brigando consigo mesmo.

Era a fome? A necessidade de um abrigo que fazia suas escolhas serem tão duvidosas?

O quanto era humilhante precisar de uma pirralha para interceder por sua pessoa em troca de um prato de comida e um teto ordinário sob sua cabeça.

Não demorou muito e ouviu o som persistente de uma goteira, o interior do paiol tornou-se mais frio e mais úmido.

Sua mente passava por pensamentos intermináveis como se ele observasse ensonado uma paisagem vista de dentro de um sedan, todos perdendo o fio racional e a coerência...

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Todo dia pela manhã bem cedo, Wan An Jing deixava sua cabana e ia até a casinha de madeira escura, decorada com arabescos vermelhos, um mensageiro dos ventos às vezes quieto pela ausência de brisa.

Ela sempre levava um pequeno almoço numa cesta de palha trançada, normalmente a casa de seu irmão não estava trancada nesse horário e por vezes ele já estava acordado, se preparando para trabalhar em sua oficina.

Quando An Jing entrou, movendo a porta de correr naquele dia de setembro, teve a sensação que seu irmão estava acordado há muito tempo, embora o sol mal havia nascido.

Porque Wan Miao estava com uma peça em argila bem adiantada em seu torno de oleiro, as mãos sujas e úmidas.

— Miao Ge... Devo perguntar se dormiu bem? Porque parece que não dormiu. — An Jing cumprimentou, assim que entrou.

Wan Miao parou seu trabalho no torno e se colocou a lavar as mãos numa cumbuca que já tinha a água turva.

— Perdi o sono... — Ele retrucou com simplicidade neutra na voz. — Quis aproveitar o tempo acordado, ser dia ou noite... Não interfere no meu trabalho.

— Hum... Lave bem essas mãos, Gege. O que perturbou seu sono... Foi um certo forasteiro que veio aqui ontem? — Ela perguntou enquanto retirava o pequeno almoço do cesto.

Wan Miao estava enxugando as mãos numa pequena toalha que sempre deixava perto do torno, sua expressão quase sem mudança.

— Não creio que aquele inconveniente foi perturbá-la também.

Inexpressivo? Talvez, mas o desgosto estava em sua voz.

— Bem... Guihua o encontrou no limite do caminho, sentado numa pedra e Gege sabe bem como ela é... Seja um passarinho que caiu do ninho, ou um filhote de gambá... Guihua tem que levar para casa, ela adotou o forasteiro como um bichinho.

Geralmente, An Jing achava graça das manias de sua única filha, mas adotar um homem adulto, um desconhecido completo... Não era somente um pouco demais, era passar de todos os limites.