Extra Fu Yan & Hulang Parte 9

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Extra Fu Yan & Hulang Parte 9

Posso suportar qualquer coisa se segurar minha mão parte 3

Muitos anos haviam se passado desde a última vez que Hulang sentiu o gosto das próprias lágrimas, ele tinha cerca de nove anos e a razão foi a perda de seu pai em uma guerra no território da Mongólia.

Naquele período conturbado, sem ter sobrado muito de seu pai a ser enterrado, foi adotado por um militar que servia no mesmo pelotão, um homem muito severo e raramente afetuoso.

Foi seu pai adotivo que incutiu em sua personalidade o repúdio ao ato de chorar, considerado uma fraqueza abominável.

Trinta e três anos depois, esse veto imposto em tom cáustico e frio caiu por terra, deixou de ser lei.

Ser órfão não importava, as ordens de seu pai adotivo, falecido, não importavam.

Tudo que Hulang sentia, tudo que ditava seu espírito... Girava em torno do homem que estava do outro lado da fogueira.

Embora Hulang dissesse a maior parte dos seus pensamentos de forma direta, nua e crua, ele se considerava péssimo para expressar sentimentos profundos.

Quanto ele pensou em dizer, mas todos os seus argumentos soavam terríveis:

"Tudo que eu tinha era o título de marquês, alguns privilégios por fazer parte da nobreza... Eu detesto, na verdade odeio ter que me submeter a este casamento."

Ou ainda: "Posso ter feito as pazes com aquela pessoa do passado, mas de resto, não passo de um assassino com um título de nobreza e se eu ao menos soubesse o que Da Wang Shan planejava para mim, eu teria recusado me tornar um marquês."

"E antes eu me sentia tão sem propósito..."

Nada do que Hulang cogitava dizer parecia soar sincero o suficiente, todos os argumentos se assemelhavam à falsas desculpas. Todas as palavras erradas.

A razão de suas lágrimas se devia ao fato de não saber como impedir que Fu Yan o abandonasse, o que fazia o marquês se sentir ainda mais miserável.

Não bastava estar desesperado e sem argumentos, ele ainda tinha que ser patético.

De modo que sentia o calor da fogueira, mas não podia erguer a face e permitir que seu olhar coberto pelas lágrimas fosse além das chamas.

Nada poderia deixar Hulang mais chocado, completamente atônito, do que se deparar com Fu Yan sentando-se ao seu lado, os dedos indicadores trêmulos dele enxugando levemente suas lágrimas.

E mesmo que Fu Yan agora estivesse ao seu lado, ainda não conseguia mirar-se nele.

Hulang... Por mais que eu me sinta bravo e magoado... Eu preferia cem vezes, não... Mil vezes saber da verdade por você... Não por aquela senhora da família Mi.

O cultivador mais velho repreendeu, sua voz agora soava baixa, um sussurro perto da correnteza do rio.

Hulang, ainda desnorteado pelo próprio choro, fungou ruidoso, encarando as chamas crepitando na base da fogueira, pequenas pedrinhas ardendo em brasa no chão.

Como eu poderia contar?... — A voz do marquês embargada pelo choro, vergonhosamente fanhosa. — No dia seguinte... Quando amanhecemos no platô, eu já estava interessado em você... Que chance eu teria se contasse sobre o casamento arranjado?

Hulang esfregou por segundos a manga do cardigan em seu rosto e fungando mais forte, tentando erguer os rosto num gesto com mínimo orgulho, fitou Fu Yan com seus olhos avermelhados pelo pranto.

Capítulos Extras • Jun Wu - A terceira Face...Onde histórias criam vida. Descubra agora