Minha Tentação (Romance sáfico)

Vamos entrar no mar.

A semana seguiu como um borrão de tarefas e compromissos. Depois das mensagens trocadas com Lena, o clima entre nós finalmente pareceu desanuviar. Na quarta-feira à noite, saímos para jantar, e foi como se um peso tivesse sido retirado dos nossos ombros. A tensão que antes pairava entre nós deu lugar a momentos de risos tímidos e olhares significativos. Lena ainda estava claramente desconfortável com Thomas morando na minha casa, mas evitou trazer o assunto à tona novamente, o que facilitou as coisas. Enquanto isso, Thomas estava se adaptando ao novo emprego e já buscava apartamentos para se mudar.

Quando chegou a sexta-feira, Lena apareceu na empresa um pouco atrasada. Mesmo assim, estava linda como sempre, com aquele ar de quem domina o próprio espaço. Nos cumprimentamos, e ela me olhou com um misto de curiosidade e expectativa.

— O que você vai fazer amanhã? — perguntou, casualmente, mas havia algo a mais por trás do seu tom.

— Nada planejado, só descansar, eu acho — respondi, tentando decifrar suas intenções. Ela sorriu, um sorriso que não entregava nada.

— Bom, eu quero te levar a um lugar. — Seus olhos cintilaram, mas ela não deu mais detalhes, o que só aumentou a minha curiosidade.

— E que lugar é esse? — perguntei, inclinando a cabeça e tentando arrancar alguma pista, mas Lena apenas balançou a cabeça, mantendo o mistério.

— Você vai ver, só confia em mim. — E, com isso, ela voltou a se concentrar no que fazia, deixando no ar um suspense que eu sabia que me consumiria até o dia seguinte.

Fiquei ali, observando-a por um momento, e não pude evitar um sorriso. Lena e seus segredos. Não importava o que fosse, eu já sabia que o que ela tinha planejado seria algo fora do comum, algo só nosso, que provavelmente mexeria comigo de um jeito que só ela conseguia fazer.

Ainda tentava processar a conversa que tivemos na terça, o prazo que Lena me pediu pairava sobre mim como uma nuvem. Eu queria respeitar o tempo dela, sem pressioná-la, mas não podia negar que havia uma parte de mim que mantinha um pé atrás. Confiança não era algo que se construía da noite para o dia, ainda mais considerando a situação em que estávamos.

No entanto, no jantar de quarta, Lena conseguiu me distrair de todos esses pensamentos. Conversamos mais profundamente sobre nossas famílias, sobre sonhos que ainda não havíamos compartilhado, e percebi que me sentia cada vez mais encantada por ela. Era impressionante como Lena conseguia se abrir de forma tão sutil, deixando escapar fragmentos de sua vida e de seus medos. Cada detalhe que ela revelava me atraía mais, como se eu estivesse descobrindo novas camadas de quem ela era, e isso me cativava.

Havia uma magia silenciosa na maneira como ela falava de sua mãe, com uma mistura de respeito e saudade, e sobre seu pai, sempre com uma ponta de ressentimento. Eu me sentia privilegiada por ver esse lado dela, tão vulnerável e humano, e, ao mesmo tempo, uma sensação de inquietação crescia em mim. Eu sabia que me apaixonar por Lena Luthor era um risco. Um risco que eu já estava disposta a correr, mas que vinha com seus próprios desafios.

Enquanto Lena falava sobre seus objetivos profissionais e as pressões de manter sua imagem de mulher implacável, percebi o quanto ela carregava sozinha. Havia uma solidão ali, um peso que eu reconhecia em seus olhos. E talvez fosse isso que nos ligava tão profundamente, a sensação de que, apesar das nossas diferenças, éramos duas pessoas tentando encontrar algo que preenchesse o vazio que sentíamos por dentro.

Por mais que houvesse aquela incerteza sobre o prazo que ela pediu, cada momento ao lado dela me lembrava por que eu estava disposta a esperar.

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Acordei cedo no sábado, a ansiedade me acompanhando desde que Lena mencionou nossos planos no dia anterior. Ela tinha sido vaga, disse apenas que me pegaria às oito da manhã e que eu deveria usar um biquíni. Pelo contexto, imaginei que iríamos à praia, e a ideia de passar o dia com ela, fora do ambiente carregado do trabalho, me deixou empolgada.