— Dois dias seguidos? Assim vou me sentir especial! — Sana a recebeu com seu sorriso bonito de sempre e Dahyun ainda estava abalada pelo dia anterior, mal havia dormido a noite, mas aquele sorriso havia reposto em si uma energia que nem sabia que precisava.
— Bem, são dois dias de fim de semana e imaginei que pudesse ficar entediada, eu também estava e-
— Ficou com saudade da sua namorada, né?
Que?!
Dahyun sentiu o coração bater forte, até nos ouvidos. Arregalou os olhos tanto que quase saíram pra fora das orbitas. Sana gargalhou de sua reação hilária. Parecia que a garota ia cair dura bem ali, teve que intervir antes que fosse tarde:
— Me desculpa, eu não pude resistir. — Sana tentou acalma-la — Ontem depois que você saiu a enfermeira veio me perguntar como havia sido a visita da minha namorada. Aparentemente você é bem popular por aqui, com as enfermeiras e os paramédicos também...
Dahyun não conseguia acreditar que aquela loucura havia chegado aos ouvidos da mulher, ficou tão envergonhada como nunca antes. Ia esganar sua melhor amiga.
— Sana, meu Deus, me desculpa. É tudo culpa da Chaeyoung, minha amiga idiota! Quando viemos te procurar na primeira vez me perguntaram se éramos parentes e eu travei porque sou uma péssima mentirosa, dai a Chae veio e falou que eu era sua namorada. Eu não sei como você se sente em relação a isso e-
Dahyun estava toda vermelha e Sana a achou adorável.
— Dahyun, está tudo bem, eu não me importo - cortou seu monólogo infinito com um sorriso doce nos lábios — na verdade, as pessoas pensarem que tenho uma namorada tão bonita como você pra mim é elogio.
A mais nova ficou paralisada no meio da sala, aparentemente sem reação. Sana sempre havia sido boa em lidar com pessoas, mas não sabia interpretar Dahyun quase nunca e isso a frustrava no mesmo nível que a instigava. O comportamento dela era imprevisível e confuso, ela mudava tão rápido como piscar os olhos. De qualquer forma, não tinha a intenção de deixa-la desconfortável. Bem pelo contrario.
— Não farei mais essas brincadeiras, me desculpa te deixar tão nervosa.
— Não estou nervosa. — A coreana pigarreou regulando a voz, sua postura mudando totalmente do nada e agora ela parecia confiante.
— Sério? — Lá estava, o comportamento tão inconstante. — Você está toda vermelha agora.
— Estou? — Dahyun nem precisava checar, porque sentia seu rosto quente e sabia que ele sempre a entregava. — Deve ser calor, o ar está ligado?
— Aqui só tem ventilador — Sana apontou pro aparelho de teto que rodava bem em cima da cabeça da menor, refrescante.
— Ah, bem, talvez foi algo que comi — desconversou e se apressou, sentando-se na cadeira ao lado do leito — Mas e você como se sente? Melhor? Te trouxe gelatina. Não sabia o que poderia comer, mas te vi com uma ontem, então...
Sana aceitou, achando uma graça que era em formato de ursinho.
— É super fofo! Obrigada.
— Fico feliz que gostou.
— Eu amei, vou guarda pra mais tarde, tomei café agora a pouco e o almoço costuma ser péssimo.
Elas conversaram um pouco mais, Sana comentou que seu quadro estava melhorando rápido e que os médicos já pensavam em libera-la na próxima semana, o que era quase inacreditável quando Dahyun parava para pensar no estado em que a encontrou. Mas a mais velha garantiu que já conseguia até arriscar uns passos mancos pelo quarto e que se viraria super bem de muletas dali pra fora. Ela ainda teria que usar uma bota especifica e precisaria voltar para ser avaliada vez ou outra, mas o pior já havia passado.
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O Legado (Saida)
RomanceEm um mundo onde poderes sobre-humanos eram não apenas possíveis, como admirados, Dahyun crescia com seu legado escondido da sociedade, se passando como apenas mais uma comum sem muito valor. Isso até o dia em que se encontra em um impasse moral, ap...