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CAPITULO CINCO
— De novo, quais são as suas qualificações? — Mian perguntou.
Wuxian poderia dizer que a irmã de Wangji o odiou à primeira vista. Talvez odiar fosse uma palavra muito forte. Não gostar era melhor. Então, novamente, Mian não o conhecia, e ela
cuidava de Lee o tempo todo. Se estivesse em seu lugar, ele provavelmente teria agido da mesma maneira.
Wuxian não respondeu. Ambos sabiam que Mian tinha uma cópia de seu currículo. Wuxian ajudou Lee a vestir seu casaco rosa.
Era o terceiro dia de seu novo emprego como babá da garotinha.
Verdade seja dita, ele estava adorando cada momento.
— Agora, suas botas — disse ele a Lee, que fez uma careta.
Ela lhe deu um sorriso de janelinha.
Oh-oh. Wuxian conhecia aquele olhar.
— Sem mudar — ele disse rapidamente. — Você vai se atrasar para a escola.
— Pele melhor que casaco — ela murmurou.
— Sim, mas não podemos deixar você correr na escola na sua forma de lobo. Sua tia Mian me contou o que aconteceu da última vez.
Ela continuou olhando zangada para ele. Em tempos como esses, Wuxian se lembrava de Wangji. O pai de Lee franzia as sobrancelhas, também, sempre que ele se deparava com uma situação frustrante — geralmente, uma envolvendo Wuxian e Lee.
Wuxian tinha sido apenas o babá de Lee por um tempo e já estava começando a se ver como parte dessa família. Pensamento perigoso. Ele cometeu o mesmo erro com suas outras famílias e olha onde isso o levou.
— Se você for uma boa garota, hoje, convencerei seu pai a nos levar para tomar sorvete mais tarde — disse ele. Seu rosto inteiro se iluminou. Quando se tratava de lidar com crianças, Wuxian sabia que acordos eram importantes.
— Ok! — Lee respondeu imediatamente.
Wuxian pegou sua mochila e a sacola de papel marrom que continha o almoço que ele fez para ela. Ele agarrou a mão dela e eles foram para fora, com Mian seguindo atrás. A tia de Lee era perturbadora, mas ele tentava ignorá-la e se concentrar em Lee.
Wangji trabalhou até tarde, na noite passada, e de acordo com Mian, só voltou às quatro da manhã. O pai de Lee precisava descansar.
— Até mais, Wuxian, tia Mian — disse Lee. A criança acenou para eles antes de embarcar no ônibus, que chegou na hora.
— Você a está estragando — disse Mian ao lado dele. Ela cruzou os braços.
— Como exatamente eu estou fazendo isso? — Ele perguntou, certificando-se de usar sua voz sem confronto.
— Sorvete?
— As crianças precisam de incentivo. Não vou recompensá-la com sorvete por bom comportamento o tempo todo — disse Wuxian.
— Bem. Estou atrasada para o meu turno — Mian murmurou.
Antes de se virar, ela fez uma pausa. — Eu já vi o suficiente.
— E seu veredicto sobre mim é? — Ele perguntou. Mian e ele podiam não se dar bem, mas ele sabia que ela era importante para Wangji e Lee.
— Você certamente fez sua mágica em Lee e no meu irmão.
Posso dizer que você não é uma pessoa má e que é bom no seu trabalho. Mas há algo sobre você que eu não gosto. — Mian soltou um suspiro. — Eu sei que estou sendo severa, mas isso vai mudar.
Wuxian assentiu.
— Eu sou seu aliado, Mian. Nós dois queremos apenas o melhor para Lee e Wangji.
— Apenas me faça um favor — disse Mian.
— O que seria?
— Não se apaixone pelo meu irmão. — Com essas palavras de despedida, Mian deixou Wuxian com seus próprios pensamentos.
Wuxian imaginou que Wangji não havia dito à irmã como exatamente eles se conheceram.
Não que isso fosse relevante e, além do mais, não importava. Wangji não era nada além de um cavalheiro. Qualquer que fosse o calor que provocou entre eles naquele bar, estava apagado.
Bem, Wangji podia ter superado isso, mas certamente não ele.
Wuxian ainda fantasiava sobre um certo alfa mau sempre que ele estava em casa, sozinho em seu apartamento. Ontem à noite, Wangji também apareceu em seus sonhos. Não era bom. Wuxian não podia se dar ao luxo de estragar tudo. Ele não queria voltar para as mesas de espera ou para o posto de gasolina, não quando tinha o emprego dos sonhos e a criança dos sonhos.
Ele viu Mian partir. Hoje era quarta-feira. Dia de compras de supermercado. Wangji deixou algum dinheiro para ele antes de ir para a cama. Wuxian foi até o mercado mais próximo.
Wangji disse que não precisava cozinhar para Lee e ele, mas Wuxian não se importava. Ele olhou para a lista que fez no telefone e pegou uma cesta.
Meia hora depois, ele tinha duas sacolas de papel cheias nos braços. Ele voltou ao apartamento. A essa altura, o local estava vazio. Bom. Doce silêncio. Ele desempacotou suas compras e as cruzou com a lista que fez. Wuxian se esqueceu de fazer isso antes.
Ele deu um suspiro de alívio.
— Consegui tudo o que precisava.
— Eu aposto que sim.
Àquela voz, ele girou para ver Wangji parado na porta da cozinha. O homem usava apenas jeans e nada mais. O olhar de Wuxian vagou para o resto do alfa, do seu rosto divertido, seu peito enorme à protuberância nas suas calças.
— Meu rosto está aqui, ômega — Wangji avisou.
Wuxian corou, desviou o olhar e se ocupou em guardar o resto das compras. Ele fingiu não ouvir o comentário de Wangji e disse:
— Consegui seu bacon favorito com desconto. Também há uma oferta de compre dois leve um grátis para esse cereal que Lee adora. Cortar esses cupons no outro dia valeu a pena.
Wuxian soou coxo. E congelou quando Wangji colocou sua mão grande sobre a menor dele.
Ele estava prestes a jogar fora os sacos de papel marrom.
— Quero que saiba que você tem sido uma grande ajuda por aqui. Lee se comporta mais, e pela primeira vez o apartamento não fica bagunçado. Difícil de acreditar que um dia como esse chegaria.
Wuxian corou, tocado por esse elogio mais do que qualquer outra coisa.
— Mian não é minha fã, mas acho que estamos perto de ser amigos.
Wangji bufou.
— Não a leve muito a sério. Mian não gosta da maioria das pessoas.
— Talvez eu deva apresentá-la ao meu melhor amigo Huaisang.
Uma mão firme com certeza seria bom para ele. — Isso lhe rendeu uma cutucada brincalhona de Wangji. Foi um milagre que eles pudessem brincar assim, apesar de Wuxian ter começado como um caso de uma noite só.
— Apenas deixe-me terminar e eu posso fazer o almoço — disse ele.
— Tem certeza?
— Oh, sim. Eu já tenho o cardápio de hoje todo planejado.
Macarrão. Amatriciana, para ser exato.
— O quê?
— É um molho à base de tomate com bacon, sua carne favorita. — Ele revirou os olhos com isso. Wangji amava tudo com bacon.
— Parece delicioso.
Ele pegou uma tábua e a faca de chef. Wuxian gritou quando a lâmina cortou dois de seus dedos. Wangji já estava lá antes que ele pudesse fazer qualquer outra coisa. O alfa levou a mão sangrando à boca e, para choque de Wuxian, Wangji lambeu o sangue. Seu coração bateu forte.
— Não é nada demais. Eu posso ser um ômega, mas olhe eu já estou curando — disse ele, acenando com a cabeça para a ferida curativa. Nem foi profundo, em primeiro lugar. — Eu sou apenas desajeitado, só isso.
Um rosnado retumbou do peito de Wangji.
— Você devia ser mais cuidadoso. Eu não suporto ver você se machucar.
Wuxian olhou o homem, muito consciente de que Wangji estava a poucos centímetros dele.
Ele estava tão perto que seus rostos quase se tocavam.
— Eu. . — Wuxian começou.
Wuxian logo esqueceu o que ele planejava dizer porque Wangji o interrompeu com um beijo. Choque o percorreu. Deus. Era exatamente o que ele sonhou nas últimas três noites.
Wangji pilhou sua boca como um animal faminto, e Wuxian respondeu, segurando os ombros dele. Seus dedos não doíam mais.
Eles se curaram muito bem. Ele ficou na ponta dos pés e deixou Wangji deslizar a língua por sua garganta.
Quando o alfa se afastou, a razão voltou a Wuxian. Ele pressionou a mão no peito de Wangji.
— O que diabos você pensa que está fazendo? — Wuxian exigiu. Então deu um passo para trás, depois outro.
Pronto. Ele podia respirar mais fácil agora. Ele não sabia por que tocou o lábio ainda inchado pelo beijo de Wangji. Deus sabia que ele queria que Wangji fizesse muito mais. Eleé seu empregador, lembrou a si mesmo. Sua mente continuava imaginando os dois três noites atrás — o suor esfriando em seus corpos e membros, todos emaranhados juntos. Um ajuste perfeito.
— Eu não estava pensando. — Wangji teve a coragem de admitir. — Eu não ligo. Eu tentei, Wuxian. Eu coloquei alguma distância entre nós, fingi que não havia nada entre nós, mas é muito difícil.
— Muito difícil? — Este homem estava se ouvindo? Wuxian queria dizer a Wangji umas boas verdades. — Não me venha com essa besteira. Eu pensei que você me superou. Parte de mim ficou decepcionado, a outra parte ficou feliz por podermos seguir em frente. Fingir que aquela noite nunca aconteceu.
— Mas aconteceu. Foi o melhor sexo que nós dois tivemos. Wangji argumentou.
— Parece arrogante, você não acha? — Wuxian sabia que antagonizar um alfa não era a jogada mais sábia do mundo, mas Wangji não parecia louco. Ainda não, de qualquer maneira.
— Admita. — Wangji o manobrou para trás, até as costas dele baterem no balcão da cozinha. O alfa estendeu a mão. Ele ficou tenso, mas Wangji pegou a faca e a tábua de cortar.
O alfa os colocou na pia e voltou para ele.
— Vamos esquecer que esse beijo aconteceu — ele disse rapidamente.
Wuxian odiava mentir para si mesmo, para Wangji acima de tudo, mas ele não apenas queria esse trabalho. Ele precisava dele.
Wuxian não conseguia imaginar voltar à sua antiga vida — acordar já temeroso de começar seu turno em seu trabalho infeliz no posto de gasolina. Sem poder ver o rosto de Lee ou de Wangji logo de manhã. Ele não queria voltar por aquela estrada solitária.
Isso o arrasaria. Wuxian sempre teve esse problema. Ele se importava demais e, sem perceber, já se apaixonara. Não apenas por Wangji, mas por Lee. Por esta família.
Eventualmente, se importar demais o morderia de volta na bunda.

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