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CAPÍTULO QUATRO
Wangji tomou um gole de café, ainda incapaz de acreditar que o ômega conseguiu convencer Lee a comer à mesa. Wuxian até magicamente a convenceu a comer corretamente, com sua colher.
Agora, Lee estava comendo seu cereal e ela ainda não tinha jogado um. Lee ainda conseguiu fazer uma bagunça, mas Wuxian não parecia zangado. Ele passou a maior parte dos cinco minutos seguintes limpando o leite derramado e os pedaços coloridos de cereal que Lee derramou.
— Pronto — disse Wuxian. — Ela já tomou banho?
— Sim, Mian fez isso. — Wangji teve que admitir.
Ele estava com um pouco de inveja da maneira como Lee respondeu a Wuxian. Ela o ouvia, o que não fazia com ele ou com Mian. Wuxian era um milagreiro ou algo assim?
Quando Wangji viu Wuxian em pé na porta da frente, ele pensou por um segundo que o ômega havia encontrado uma maneira de rastreá-lo. Quando ele percebeu que Wuxian
estava aqui para a entrevista, ele estava prestes a mentir para o homem e dizer que a vaga já estava preenchida.
Ver Wuxian com Lee, no entanto, o fez dar uma chance ao ômega.
Inferno. Wangji achou que esta ainda era uma má ideia. Seria uma loucura contratar seu caso de uma noite como o novo babá de Lee, mas ele nunca viu sua filha tão bem-comportada. Todas as babás que trabalharam para ele haviam desistido — não conseguiram durar nem uma semana.
Todas disseram a mesma coisa. Que Lee era muito difícil.
Que ele não estava pagando o suficiente.
Parecia haver algo na mente de Wuxian.
— E Mian é a sua. . — Wuxian fez uma pausa. — Outra metade?
Ele soltou uma risada, incapaz de se conter. Wuxian estreitou os olhos para ele. O ômega provavelmente captou o perfume de Mian no apartamento.
— Mian é minha irmã. Ela me ajuda — Wangji explicou antes de Wuxian começar a ter uma ideia errada.
— Oh. Sua irmã. Certo.
— Ajude-me a preparar Lee, para que possamos começar a entrevista.
Wuxian olhou para Lee.
— Você precisa terminar os últimos pedaços de cereais. Será um desperdício de comida.
Você faria isso por mim, Lee?
Lee deu um suspiro dramático, mas fez o que ele pediu.
Meia hora depois, eles conseguiram colocá-la no ônibus escolar.
— Ela não perdeu o ônibus hoje — disse Wangji, balançando a cabeça. — Nos últimos três dias, eu tive que pegar um táxi e levá-la para a escola. — Outro lembrete de por que ele deveria trocar sua moto por um carro.
— Bem, tudo o que ela precisa é de um pouco de incentivo.
— O ômega estava sorrindo. Parecia genuíno. Real, não apenas porque Wuxian queria o emprego.
Wangji olhou surpreso para Wuxian. Ninguém, nem mesmo Mian, poderia lidar com sua filha tão facilmente. Ele continuou
tentando encontrar razões, desculpas para interromper esta entrevista, mas não havia nenhuma. Lee nunca agiu assim com as outras babás. Ela parecia gostar de Wuxian. E de primeira.
— Vamos fazer essa entrevista agora, ou você ainda está tentando descobrir uma maneira de se livrar de mim? — Wuxian perguntou.
Este ômega, com certeza, era desbocado. Wangji ficou tentado a beijá-lo para calar Wuxian, mas se conteve. Wuxian disse que eles poderiam esquecer a noite passada como se fosse a coisa mais fácil do mundo de se fazer.
— Sim, mas está um dia lindo. Vamos passear. — Wangji sugeriu.
— Uma entrevista em movimento. Essa é a primeira vez — Wuxian murmurou.
— Preciso de café que não seja instantâneo ou da minha cozinha. Vamos para o meu café favorito. — Eles caminharam em silêncio por quinze minutos, antes de Wangji o levar ao Beans and Brew. Eles pediram. Wangji quase se ofereceu para pagar a bebida de Wuxian, depois se lembrou de por que o ômega estava aqui, em primeiro lugar.
Eles certamente não estavam em um encontro. Wangji nunca esteve em um. Sempre havia uma fila interminável de shifters dispostos no bar, ansiosos para pular nos seus ossos.
Esses dias acabaram. Por que esse pensamento passou por sua cabeça, Wangji não sabia.
Não foi só por causa de Wuxian.
Ao voltar para casa, para o seu apartamento bagunçado, para a irmã de aparência cansada e a filhote barulhenta, Wangji se lembrou de que tinha obrigações. Responsabilidades que ele estava evitando. Isso deveria parar.
— Então — Wuxian começou quando encontraram uma mesa perto da janela. Wuxian tomou um gole de seu café com leite fumegante. Wangji fez o mesmo com seu café preto.
— Então, qual é a sua profissão? Quero dizer, você tirou uma folga para fazer esta entrevista? — Wuxian perguntou.
Espere um segundo. Wangji não deveria estar fazendo as perguntas aqui? Ele era o empregador. Ainda assim, não faria mal ceder a Wuxian. Ver Wuxian com Lee apenas reacendeu sua curiosidade sobre o ômega.
Ontem à noite, ele pensou que Wuxian parecia perdido como se fosse sua primeira vez no bar. Seria bom saber que Wuxian não costumava frequentar bares com frequência em busca de companheiros.
O que mais ele sabia sobre ele? Wangji tinha o currículo de Wuxian no telefone. Ele pegou e fingiu ler um e-mail. Na verdade, ele examinou seu currículo. Impressionante. Wuxian tinha experiência em trabalhar com crianças.
— Hum, Wangji? — Wuxian perguntou.
Lembrando que o ômega fez uma pergunta, ele respondeu:
— Eu trabalho em uma empresa de segurança. O horário é flexível. Antes disso, eu estava no exército.
— Soldado? — Wuxian perguntou, sobrancelhas levantadas.
— Operações Especiais Paranormais. — Wangji passou a mão pelos cabelos. — Yao, meu ex, deu à luz a Lee enquanto eu ainda estava em serviço. Ele se cansou de me esperar. Eu não sabia o que fazer com uma criança, não tinha experiência em criar uma. Minha irmã está me ajudando, mas não é suficiente. É por isso que preciso de ajuda.
Porra. Não foi como se Wuxian tivesse pedido a história da sua vida. Mas Wangji queria que ele entendesse que não era um pai terrível. Bons pais não frequentavam bares como Agarre seu companheiro nos seus dias de folga. Ok, talvez ele fosse um pai ruim, mas não de propósito. Ele estava fazendo o melhor possível.
— Seu ex parece horrível — disse Wuxian. — Lee é ótima. Ela só precisa aprender um pouco de disciplina.
— Disciplina?
— Certamente, não gritando o nome dela. Ela parece responder ao encorajamento.
Wangji recostou-se na cadeira, impressionado.
— Parece que você sabe do que está falando.
Wuxian sentou-se mais reto.
— Você tem alguma pergunta para mim?
— Conte-me sobre seu último emprego. Por que seu empregador demitiu você?
Wuxian soltou um suspiro. O ômega parecia perturbado.
Tudo que Wangji queria era aproximar-se, beijar aqueles lábios carnudos. Ver se Wuxian tinha um gosto tão bom na noite anterior.
Wangji balançou a cabeça. Ele não deveria estar pensando na noite passada.
— Eu menti para eles. Eu disse que era humano. Um ômega poderia se passar por um. Não emitimos nenhuma energia agressiva como os shifters dominantes. — Wuxian mordeu o lábio inferior, um gesto de distração.
— Por que você faria isso?
— Porque eles tinham uma regra firme sobre não contratar shifters e eu estava sofrendo por dinheiro. Cuidar de crianças é minha paixão, porque não posso. . — Wuxian vacilou.
— Você não pode o quê?
— Não posso tê-los eu mesmo — Wuxian sussurrou as últimas palavras como um segredo culpado. Então piscou e encarou Wangji como se desejasse não ter lhe dito isso.
Wangji podia sentir a dor do ômega. Alguns ômegas não gostavam do papel que lhes foi imposto por natureza — gerar filhos, mas Wuxian era exatamente o oposto. Ele se perguntou se era por isso que Wuxian era tão bom com Lee.
— Você não vai me contratar agora, não é? — Wuxian perguntou em voz baixa.
— Eu nunca disse isso.
— Eu nunca contei a ninguém meu segredo. As únicas duas pessoas que sabem são Huaisang, meu melhor amigo, e meu ex idiota, Ming .
— O ex que você queria esquecer ontem à noite? — Wuxian olhou para a xícara. Bingo. Por alguma razão, isso irritou Wangji. Por outro lado, ele não foi ao bar porque queria se perder em outra pessoa? Não importava quem era o estranho. Wangji simplesmente queria afugentar a solidão em seu coração, pelo menos por algumas horas.
— A noite passada foi especial, pelo menos para mim — disse Wuxian, finalmente. —
Graças a você, acho que nunca mais vou conseguir pensar no meu ex.
Agora, essa era uma maneira infalível de inflar o ego de Wangji. Wuxian estava errado.
Saber que ele não poderia ter filhos apenas fez Wangji simpatizar com esse ômega. Ele nunca se imaginou pai. Ser pai era a única coisa no mundo que Wuxian queria. O destino devia ter um senso de humor perverso.
Mais do que nunca, Wangji estava começando a acreditar que talvez eles se conheceram ontem à noite por um motivo. Wuxian aparecendo à sua porta não poderia ser uma coincidência, embora Wangji não acreditasse em uma força fora de seu controle. O homem era encarregado do seu próprio destino — pelo menos, era o que ele costumava pensar.
— Mas não estamos aqui para conversar sobre ontem à noite
— disse Wangji.
— Você trouxe isso à tona. — Agora Wuxian parecia mal-humorado, irritado.
— Bem, eu me decidi.
— Sim? — Wuxian perguntou, parecendo surpreso e cauteloso.
— Sim. Você está contratado. — Wangji levantou-se e estendeu a mão, um pouco surpreso quando Wuxian pulou nele e o abraçou com força.
— Obrigado! Você não vai se arrepender nem um pouco. Eu juro. — O ômega devia ter percebido o que estava fazendo porque se afastou. Então deu a Wangji um sorriso tímido que não deixou de acordar seu pau. — Eu serei o melhor babá para Lee.
Wangji sabia que não tinha arrependimentos. Agora, ele só precisava encontrar uma maneira de contar a Mian por que ele contratou seu encontro de uma noite como babá da sua filha.

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