Capítulo 4 - Maya

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O céu estrelado cobria as terras ao oeste de Valoria, era uma noite calma sem fendas ou ataques em nenhum canto das terras, com exceção de um pequeno vilarejo que mesmo após a meia noite rompia a paz.

Um aglomerado de cabanas, atrás delas havia uma grande e densa floresta, eram cercadas por barricadas e com direito a uma simples fortaleza ao leste, estradas eram iluminadas por uma grande fogueira central que acompanhava um pilar de madeira prestes a ser atingido por essas chamas.

Nas ruas, dezenas de homens e mulheres erguiam todo tipo de coisa que tivesse a ponta metálica. Hastes, lanças, arpões, espadas, pás, todos furiosos e afim de "justica".

A multidão avançava em direção a uma das cabanas ao oeste, essa tinha seu telhado forrado por feno, a porta de madeira banhada em verniz refletia a luz das tochas que as pessoas carregavam iluminando o caminho para aqueles que queriam sangue.

Uma garotinha negra magra, com seus olhos esverdeados e cabelos amarrados no topo da sua cabeça com um coque estava do outro lado, vestido sandálias e vestes básicas assim como todos daquele lugar, somente uma calça bege que acompanhava sua camiseta branca, em seus pés uma sandálinha com borboletas costuradas na parte onde os dedos são cobertos.

Estava prestes a tirar o trinco da porta quando é subitamente impedida por uma mulher alta e quase idêntica a ela, com a diferença que seu cabelo Black Power não era preso. Ela a pega pelo braço e puxa para cima, a segurando no colo.

Ela rapidamente cruzava pela casa, a pequena não entendia nada mas sabia que algo de errado estava acontecendo, sua mãe respirava mais rápido que o comum, e sua expressão séria que só surgia quando seu pai demorava pra chegar em casa estava estampada em seu rosto.

Passam a sala indo até um quarto à direita de um corredor que levaria para uma cozinha. Era simples somente com um grande guarda roupa, uma penteadeira e uma cama de casal forrada por uma colcha branca com desenhos de flores pintados a mão.

Em cima da cama haviam jogadas peças de roupas masculinas, nitidamente tiradas às pressas, dentre elas uma camiseta azul marinho com detalhes de ramos em alto relevo prateado, era a camisa de seu pai.

A garota é colocada de volta ao solo amadeirado, assistia a mãe trancar a porta do quarto e rapidamente se deslocar até a janela, abrindo a mesma rapidamente.
Volta sua direção para a garota e caminha até a mesma, se ajoelhando em sua frente, chegando quase a sua altura.

- Lembra fim de semana passado quando você deu aquela ideia da gente acampar? - Ela forçava um sorriso, acariciando o rosto da pequena - Fui muito chata em não concordar com isso, então vamos hoje! Por aqui é mais divertido.

Os olhos amendoados da garota alternavam entre cada detalhe do rosto de sua mãe, não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que algo ruim iria acontecer a qualquer momento, a mulher envolvia seu pescoço com uma bolsa de lado cheia de couro, estava com algumas peças de roupa.

Envolvendo a pequena em seus longos braços novamente ela se levanta, caminhando em direção a janela com a garota e a passando por lá, a aterrissando do outro lado,
Atrás da jovem não tinha saída nenhuma, o vilarejo era contornado por uma mata fechada, a pequena se abraçava devido ao frio que sentia.

- Mãe... A gente não vai acampar né?! - O barulho da população furiosa invadia seus ouvidos, não entendia muito bem, mas era o suficiente para a assustar - Mãe... Não mente pra mim...

A garota evidenciava seu lábio inferior em um típico bico de criança, seus olhos marejavam de terror, seu peito gélido se misturava com o frio que fazia naquela noite.

Encarando a pequena, ela não diz nada, a troca de olhares fora o suficiente para que uma entendesse que algo ruim iria acontecer e para que a outra entendesse que não adiantava mentir.

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