Três

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Pete sonhou com tangerinas

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Pete sonhou com tangerinas. Um monte delas.

Ele estava ao ar livre, cercado por uma plantação enorme de tangerineiras. A brisa leve, balançando a copa das árvores, era a mesma que o embalava no cheiro cítrico, um afago que o permitia sentir a liberdade acariciá-lo. Existia algo acolhedor e pacífico naquele lugar, uma calmaria desejada. Então, ele acordou, e tudo o atingiu de uma vez: a raiva, a decepção, o medo e todas as sensações causadas pela discussão com a mãe.

Ele gemeu em frustração.

Ainda sentia o corpo pesado quando se arrastou sobre a cama e saltou cambaleante para fora dela. Cada músculo doía. Era sempre assim quando se encontrava com sua progenitora: ela enchia sua cabeça com o assunto casamento, que, se dependesse dele, nunca aconteceria; ele tentava se controlar para não piorar a situação, e seu corpo o recompensava com dores.

Suspirou cansado, sendo inundado por notas cítricas, tão expressivas quanto no sonho. O remanso cobiçado. A tranquilidade suave. O silêncio sereno. A fragrância de Vegas.

Algo borbulhou em seu peito com a ideia de que o alfa estivesse por perto, algo como anseio e quietação. Uma intensidade oposta que ele não conseguia entender. Saindo do torpor, cruzou o pequeno espaço do quarto até a porta de entrada, guiado por seus instintos. Tomando o ar em uma inalação prolongada, foi atingido por uma nova onda daquele bálsamo calmante e, sem pensar muito, destrancou a porta, colocando apenas a cabeça para o lado de fora, a fim de corroborar suas suspeitas. A visão do alfa, em seu trajeto fino, dormindo, meio sentado e meio deitado no chão ao lado da sua porta, causou um aperto em seu coração. Ignorando sua dor física, saiu apressado do apartamento, abaixou-se na frente do amigo, equilibrando o peso do corpo em um dos joelhos ao mesmo tempo que levava uma mão para apoiar-se em seu ombro.

— Veve! — Chamou. O alfa não se mexeu, apenas resmungou algo ininteligível, no entanto.

O ômega se arrastou mais para frente e apertou de leve o ombro do amigo, tornando a chamá-lo pelo apelido carinhoso, observando o exato momento em que ele abriu os olhos e sorriu brilhantemente para si, tão sincero e apaziguador que desejou, para sempre, morar ali. Então, acompanhou aquele sorriso desvanecer gradativamente ao passo que seus olhos luziram vermelho carmesim. Foi rápido, mas Pete conseguiu notar a irritação do alfa, principalmente pelo odor forte e mal contido.

Assistiu o amigo erguer a mão e, cautelosamente, como se lhe pedisse permissão, levá-la até o canto de sua boca. Pete se encolheu com o contato e a dor repentina, mas dispensou o ato com um sorriso que não abraçara seus olhos. Não havia dado tanta importância ao tapa da mãe; a dor emocional que invadiu seu âmago e se tornou maior e perturbadora o consumira tanto que nem ao menos notara ter se cortado. Nesse momento, no entanto, não queria pensar em quão terrível sua aparência estava; por esse motivo, encarou o amigo em uma conversa silenciosa, tentando convencê-lo de que ficaria tudo bem, embora definitivamente ele não acreditasse naquilo e fosse apenas uma desculpa para não cair no choro no meio do corredor.

Just Us↬VegasPete [ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora