Quatro

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Pete sentiu seu corpo relaxado e aquecido

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Pete sentiu seu corpo relaxado e aquecido.

O peso daquele misto de sensações que degladiaram por horas dentro de si havia finalmente se dissipado e dado lugar à leveza. Ele se sentia pleno, revigorado, como se tudo não houvesse passado de um terrível pesadelo.

Ainda de olhos fechados, inspirou, constatando resquícios do cheiro de Vegas no ar. Então, tomou ciência da maciez que aquecia sua pele e tateou ao seu lado para percebê-lo vazio. Abriu os olhos com relutância, piscando algumas vezes para se acostumar com a claridade. O relógio disposto na mesinha ao lado da cama marcava nove e quinze. Jogou o edredom para o lado, espreguiçando-se antes de saltar fora da cama e caminhar para fora do quarto, sua mente sendo consumida pelos acontecimentos.

Lembrava claramente da discussão com a mãe, da desordem que seus sentimentos ficaram, do colapso que isso acarretou e da dor pulsante em sua cabeça, bem como daquele incômodo que sentiu ao notar o amigo adormecido no corredor do prédio. O gosto da pizza que tanto amava descia em amargor pela garganta, a cerveja, responsável por acrescentar um peso extra a toda aquela sobrecarga. E, no meio disso tudo, o desabafo para o alfa, suas dores escapando por brechas finas de culpa e alívio, certezas e incertezas. Então, o apagão chegou, levando tudo, engolindo qualquer que tenha sido o desconforto.

Suspirou; o silêncio no apartamento se apresentava quase ensurdecedor, interrompido apenas por resmungos irritados e xingamentos abafados. O ômega cessou os passos na soleira da cozinha assim que encontrou o responsável por aquele barulho silencioso, a cena presenciada arrancando-lhe um risinho frouxo.

Vegas estava atrás do balcão, brigando, quase que literalmente, para abrir uma lata de leite condensado com uma faca. O ômega achava curioso e, ao mesmo tempo, adorável a dicotomia do amigo: tão brilhante e metódico em algumas áreas, mas terrivelmente desajeitado em outras. Era admirável a capacidade que o alfa tinha para criar aplicativos complexos e ajudar empresas a ficarem à frente das grandes tecnologias, mas, em contrapartida, sofria com tarefas tão simples.

Observou por alguns minutos, divertindo-se com aquela luta em que um objeto inanimado vencia, e percebeu o exato momento em que o alfa notou sua presença. O sorriso meio débil lançado na sua direção soou como uma desculpa descarada.

- Bom dia, estrelinha.

A voz do alfa viajou em notas animadas até ele, que sorriu com o apelido carinhoso e caminhou em sua direção.

- Bom dia, Veve! - disse, deixando um beijo no rosto do alfa e encarando, divertido, o sofrimento do amigo. - Quer ajuda com isso? - O tom do ômega soou ligeiramente provocativo, o sorriso em seu rosto complementando o ato.

Vegas bufou, seus olhos permanecendo atentos à tarefa em execução.

- Não... só preciso de uma faca melhor.

O Saegthan soltou uma risada leve, então seguiu até o armário e vasculhou as gavetas até encontrar o objeto que queria. Aproximando-se do alfa, estendeu a mão, pedindo silenciosamente pela lata, que foi entregue após alguma relutância.

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⏰ Última atualização: Oct 26 ⏰

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