Passos em Direção à Luz

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Pov

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Pov. Jeon Karina

Eu o segurei com toda a força que consegui. Sentir o peso dele em meus braços, o soluçar silencioso de sua dor, partia meu coração, mas também me dava esperança. Esperança de que, finalmente, ele estava me deixando entrar em sua escuridão. Taehyung, por mais perdido e quebrado que se sentisse, não estava sozinho. Eu estava aqui e ficaria ao lado dele, mesmo que ele ainda não pudesse ver uma saída.

Eu o ajudei a se levantar do chão, com o máximo de delicadeza que consegui, conduzindo-o até o sofá. Sentei-me ao seu lado, sem pressioná-lo a falar, sem pedir mais do que ele estava pronto para dar. O silêncio entre nós era pesado, mas também necessário. Era o primeiro passo.

A chuva lá fora havia diminuído, e o som suave das gotas que restavam caindo no telhado quase parecia um ritmo reconfortante. Como se o mundo lá fora estivesse acalmando, assim como o turbilhão dentro de Taehyung também precisava acalmar.

"Tae..." chamei suavemente, quebrando o silêncio. "Eu te amo, e eu não vou a lugar nenhum, mas... você precisa de ajuda." Minhas palavras saíram hesitantes, porque não queria que ele se sentisse pressionado ou pior. Sabia que ele estava em um lugar vulnerável, e qualquer pressão podia empurrá-lo para longe.

Ele ficou em silêncio por um longo tempo, os olhos fixos no chão, as mãos entrelaçadas como se lutasse internamente com o que eu havia dito. Eu sabia que o orgulho dele estava ali, misturado com a dor e a confusão. Mas eu precisava ser sincera, precisava ajudá-lo a entender que havia uma saída, mesmo que ele não conseguisse enxergá-la no momento.

"Eu não posso te salvar sozinha," continuei, tentando manter a voz calma. "Mas há pessoas que podem. Um psicólogo... alguém com quem você possa conversar. Alguém que vai te entender, que vai te ajudar a encontrar um caminho de volta para si mesmo."

Ele suspirou, finalmente levantando o olhar na minha direção. Seus olhos estavam vermelhos, inchados de tanto chorar, e minha vontade era apenas abraçá-lo novamente, protegê-lo de toda essa dor. Mas sabia que essa batalha ele precisaria enfrentar de outra forma.

"Eu... não sei se posso," ele murmurou, a voz rouca. "Nunca falei sobre isso... com ninguém."

"Eu sei," respondi suavemente. "Mas, Tae, você merece isso. Você merece ser ouvido, merece ter alguém para te ajudar a encontrar um caminho. Não há problema em pedir ajuda. Não significa que você é fraco... na verdade, isso te faz mais forte."

Ele passou as mãos pelo cabelo, frustrado, e eu pude ver a batalha interna que ele travava. Para Taehyung, admitir que precisava de ajuda era o mesmo que admitir que havia falhado consigo mesmo. Mas isso não era verdade. Ele não tinha falhado. Ele estava apenas perdido, e todos nós, em algum momento, precisamos de uma mão estendida para nos ajudar a levantar.

"E se eu não conseguir?" ele sussurrou, a vulnerabilidade em sua voz me fez apertar sua mão com firmeza.

"Você não precisa fazer isso sozinho," eu disse, encarando-o com a maior certeza que tinha. "Eu vou estar ao seu lado. E, se precisar, podemos encontrar ajuda juntos. Um passo de cada vez, Tae. Apenas tente. Isso já é um começo."

Ele desviou o olhar, encarando a janela. A chuva agora caía leve, mas ainda trazia consigo aquela sensação melancólica que o cercava. Eu sabia que, para ele, aquilo parecia um ciclo sem fim, mas eu estava determinada a mostrar que havia luz além da tempestade.

"Se eu fizer isso..." ele começou, a voz hesitante. "Vai ser porque você acredita em mim, Karina. Não sei se acredito em mim mesmo, mas... talvez eu deva tentar."

Eu sorri suavemente, sentindo uma pontada de alívio. Era um pequeno passo, mas ainda assim, um passo na direção certa. E era disso que ele precisava. Pequenos passos, um de cada vez.

"Então, vamos tentar," eu disse, tentando segurar a emoção na minha voz. "Eu vou marcar a consulta, e nós iremos juntos, se você quiser. Mas, por favor, Tae, só não desista de você mesmo. Você é muito mais do que essa dor."

Ele assentiu levemente, mas a expressão em seu rosto ainda era pesada, carregada. Sabia que aquilo seria difícil, talvez o maior desafio que ele enfrentaria. Mas também sabia que, se ele decidisse enfrentar essa batalha, não seria mais sozinho.

Eu me aproximei, pegando suas mãos nas minhas, e ele me olhou, a tristeza ainda presente em seus olhos, mas também havia um pequeno vislumbre de esperança. Era isso que eu esperava. Mesmo que fosse pequeno, mesmo que ele ainda estivesse perdido, havia uma parte dele que queria acreditar que poderia ser diferente.

"Amanhã," eu disse, com firmeza. "Amanhã vamos dar o primeiro passo."

Ele não respondeu de imediato, mas segurou minha mão com mais força. Aquilo era suficiente. Ele estava tentando. E isso já era uma vitória. Uma pequena, mas muito importante.

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A manhã chegou devagar, o céu ainda nublado, mas com alguns raios de sol tentando atravessar as nuvens. Era quase simbólico. Taehyung estava nervoso, isso era claro. Ele mal havia falado desde que acordamos, mas não tentou fugir. Ele estava aqui, e estava disposto a tentar.

Segurei sua mão enquanto nos aproximávamos da clínica, sentindo o leve tremor nas mãos dele. Parecia tão vulnerável, tão assustado, mas não recuou.

"Vai dar tudo certo," murmurei enquanto esperávamos na recepção. "Um passo de cada vez."

Ele assentiu, sem me olhar, mas o aperto em minha mão ficou mais firme. Sabia que o caminho seria longo, cheio de altos e baixos, mas naquele momento, tudo o que importava era que ele estava tentando. E isso era tudo o que eu podia pedir.

Quando chamaram o nome dele, Taehyung se levantou, olhando para mim com uma expressão que misturava medo e gratidão. Eu sorri, encorajando-o.

"Eu estarei aqui quando você sair," prometi, e ele assentiu antes de seguir o caminho até a sala do psicólogo.

Assim que ele entrou, soltei um suspiro longo. Era apenas o começo, mas o primeiro passo havia sido dado. E, juntos, continuaríamos a dar todos os outros.

THE SADDEST COLOR | KIM TAEHYUNGOnde histórias criam vida. Descubra agora