Pais, eu e afins...

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Han pisou para fora do quarto ouvindo os mumuxos no andar debaixo, quis revirar os olhos, assim que seus pais pausaram a tv e já iniciaram a famosa serie de ofensas sem sentido.

"Já vai vadiar, Han Jisung? Quando vai tomar jeito e parar de nos envergonhar? Saindo assim sempre com um rapaz diferente?"

Olhou seu pai sem um pingo de surpresa, queria xingar até sua terceira geração.

Han - Envergonhar só porque me visto como quero? Tiro ótimas notas e ninguém nunca bateu aqui atrás de mim.

Se referia as histórias de seu avô sobre o quanto seu pai era um adolescente insuportável e sempre era trazido de volta pelos policiais.

"Preferia que você fosse uma versão ruim de mim do que isso."

Por mais acostumado que fosse sentiu os olhos marejarem.

Han - E eu preferia que você não existisse.

Ouviu sua mãe bradar atrás de si. Minho podia ouvir as vozes do lado de dentro da casa, encostado em seu carro encarava a porta com uma vontade imensa de entrar, mesmo sabendo que não poderia. Jisung saiu batendo a porta de casa e logo estava dentro do carro com o mais velho, olhando pela janela com as lágrimas secas no cantinho dos olhos. O ruivo observava o transito em silêncio, chegaram na frente da festa e o vazio era sufocante, mesmo dizendo que Han não precisava ele o fez, em meio a música alta, bebibdas, e muita bagunça, o de cabelos pretos bebia, enquanto era repreendido por Felix e Hyunjin, o ruivo decidiu se aproximar.

Han - E que diferença faz?

Lix - Olha, você não precisa se destruir por causa deles. Hanji, por favor.

E mais uma vez queria chorar, largou o copo quase vazio e abraçou o lourinho. Felix o olhava com preocupação, apesar de saber de toda merda de sua vida nunca olhou para si com pena. Se separaram vendo o mais velho se aproximar.

Han - Desculpa.

Min - Vamos embora.

Ditou sem mais nem menos, Han aceitou, sua cabeça doía, a garganta estava seca, a boca fedendo a álcool e as roupas grudando no corpo, estava nojento e deplorável. Mais uma vez dentro do carro, como se fosse um deja vu. Han fechou os olhos e só se deu conta de onde estavam quando o carro estacionou.
Minho se encostou olhando para ele, esperando que os olhos grandes e marejados estivessem em si, o que não demorou a acontecer.

Min - Eu... já ia fazer isso... já que você se recusa a chamar minha casa de sua, espero que ela pelo menos seja um refúgio.

Disse incerto, entregando a chave secundária a Han, nunca havia confiado nada assim a alguém e muito menos convidado alguém para morar consigo, isso aconteceu uma única vez, antes mesmo de serem o que são, eram apenas melhores amigos e na época, os pais de Han haviam dito aos seus sobre sua sexualidade.
Isso lhe causou um problemão, sua mãe achava que não confiava em si, enquanto ele mesmo não tinha total certeza de seus sentimentos.
O menor não se aguentou, deixando as lágrimas rolarem soltas, tentando tapar os olhos e se esconder, sentindo o ruivo lhe abraçar com cuidado, sempre parecia que uma coisa boa custava várias ruins, sua vida estava um lixo e não aguentava mais.

Han - Eu tô tão cansado, Min.

Murmurou, toda sua essência foi se esvaindo nos últimos meses, estava acostumado aos xingamentos de seus pais, mas 18 anos passando por isso, se tornava insuportável.

Min - Queria te sequestrar e te tirar disso tudo.

Apesar da brincadeira, seu tom era sério e Han sabia.

Han - Idiota.

Min — É sério, promete que vai vir sempre que não aguentar mais?

Han — Sim.

Murmúrio incerto, não gostava de incomodar. Sentia como se uma parte de si estivesse dilacerada, cada lágrima custava um aperto no coração, sentia que sua essencia estava se esvaindo, não usava mais suas adoradas roupas, não passava mais seus esmaltes, não mudava o cabelo e nem nos treinos de teen leaders  estava indo.

Subiram para o andar de cima sem pressa alguma, assim como a água que caia sobre seu corpo, quente para tirar todas as impurezas daquela festa, o pensamento ía entre si e seus pais com facilidade levando para mesma discussão e sempre que foram injustos consigo, era um filho bom, não era? Tirou esse pensamento da cabeça, saindo do banheiro vestido apenas com uma camiseta, se aconchegou no colchão junto de Minho que largou o celular, lhe olhando com  calma e preocupação.

Min — Quer comer algo?

Han — Não, só quero dormir um pouco.

Ditou brevemente, se virou de costas para o mais velho, sentindo um braço lhe cercar e a vontade de chorar crescer em seu peito... A manhã seguinte veio e acordou com o toque do celular do ruivo ecoando pelo quarto, a voz grossa por acordar recentemente também soou.

Min — Alô?

Jk — Eai, pirralho. Bom dia.

Min — Bom dia, o que você quer?

Jk — Que educação, em... Queríamos saber se você vem pro casamento.

Min — Não é daqui três dias?

Jk — Sim, mas a gente quer a familia aqui, você sabe, pra passar um tempo juntos, já faz tanto tempo.

Min — Hum... Ok, vou hoje. Tchau!

Jk — Ok, me avisa quando sair, tchau.

Minho desligou o telefone, notando que já passava das 09h.

Han — Bom dia.

Min — Bom dia, jagya. Era o Jungkook, ele quer que eu vá hoje. Quer ir também?

Han — Claro que não, né... É pra passa um tempo em família, eu ouvi.

Min — E? Como se você não fosse.

Reclamou, ouvindo Han resmungar e fechar os olhos. Era verdade os pais e avós de Minho sempre afirmavam isso, tinha a opção de voltar e passar a semana de feriado com seus pais ou fugindo deles e ambas as alternativas eram ruins.

Han — Ok, também vou.

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⏰ Última atualização: Sep 29 ⏰

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