Trono de Sangue

Capítulo 4.

Hillary ▪︎

Não acredito que ele desmaiou. Se bem q isso é bom, assim ele cala a boca.
Nunca vi alguém conseguir ser tão irritante quanto ele, eu heim.

- Meu Deus, que pesado. - Falei largando ele no chão aproveitando para dar uma olhada na flecha.
Estava bem fundo mas pelo menos não sangrava tanto já que a flecha estancava o sangue.

Olhei para os lados para ver se alguém estava vendo e comecei a levitar o corpo dele até a cabana.

Ser uma ketojs é bom mas também tem suas desvantagens.
Pelo fato de ser extremamente raro ter esse poder, as pessoas matam ketojs para portar o poder delas. Meu pai era um, mas por causa da idade seu poder já estava bem fraco, quase inexistente. Ainda não sei quem o matou, mas vou descobrir.

Alguns metros antes de chegar na cabana, comecei arrastar o seu corpo já que as vezes algumas pessoas passavam por ali.

- MIGUEL. - Gritei quando estava próxima da cabana.

A porta foi aberta em modo brusco mostrando Miguel com uma feição preocupada.

- Esvazia a mesa. - Disse vendo ele correr para fazer o que eu mandei.

Entrei na cabana erguendo o corpo do tal Orion com a ajuda do Miguel.

- Misericórdia o que aconteceu? - Exclamou com os olhos arregalados.

- Estava no centro quando os soldados do Lucca chegaram, ele foi atingido e estou ajudando. - Falei enquanto colocava os whongys e o livro na cadeira.

O nome do idiota do rei é Lucca, ou como eu gosto de chamar, loira do tcham de Chernobyl.

- Ajudando? Desde quando você ajuda alguém?

- você está achando que eu sou o quê?? Não é a primeira vez que eu ajudo alguém. Agora faça alguma coisa que preste e pegue o kit de primeiros socorros no banheiro.

Enquanto ele ia até lá, comecei a cortar a calça do insuportável.
A verdade é que não faço ideia do porquê estou ajudando ele. Só senti de ajudar, mesmo que eu não faça muito isso.

- Cadê a Sophie? - Perguntei quando ele me entregou o kit.

- Está no quarto dormindo, ela brincou muito hoje, não sei como alguém tão pequeno tem tanta energia quanto ela.

- Pois é, sempre me pergunto a mesma coisa, me ajuda a puxar a flecha por favor.

A flecha realmente estava bem fundo então foi meio difícil de tirar.
Fizemos o curativo em silêncio.

- Finalmente. - Disse Miguel quando acabou jogando as embalagens das ataduras e alguns algodões no lixo do banheiro aproveitando para guardar o kit.

- Vou ver como está a Soph, fica de olho nele.

Subi as escadas escutando um ok do outro.
Abri a porta do quarto da Soph encontrando a mesma dormindo profundamente na sua cama cheio de ursos de pelúcia.
Acho esse bichos bem assustadores sendo bem sincera, se ela me ouve falando isso ela me mata, ela ama demais esses ursos.
Tirando esses monstrinhos o quarto dela é bem bonito. Não é muito grande mas é bem aconchegante. As paredes são de uma cor rosa com algumas flores e no chão tem um tapete felpudo branco. O quarto estava escuro graças a cortina branca sendo iluminado apenas por um pequeno abajur no móvel ao lado da cama.

Entrei no quarto me ajoelhando próxima a ela escutando seu ronco baixo.

- Hill? - Falou abrindo os olhos de forma lenta enquanto se aconchega mais nas cobertas.

- Oi Soph, como foi seu dia? - Perguntei acariciando seus cabelos loiros.

- Foi muito legal, o tio Miguel tentou fazer panquecas mas quase colocou fogo na casa. - Rio arteira.

Revirei os olhos com um sorriso.

- É incrível como ele consegue ser péssimo cozinhando. Vou deixar você dormir, só vim ver como você está.

- Tá bom. - Falou com a voz sonolenta se virando para o outro lado para continuar dormir.

Saí do quarto fechando a porta começando a descer as escadas.

- Quem é você? - Uma voz masculina perguntou.

- Você acordou. - Falei vendo ele virar o rosto pra mim com os olhos brilhando. - Como você está?

- Melhor agora falando com você.

Dei risada da breguice, acho muito engraçado esses homens que se acham sedutores mas só passam vergonha.

- Hill, estou indo embora, ainda tenho que fazer uma coisa e já está ficando tarde. - Disse Miguel se levantando da cadeira próxima da mesa.

- Tudo bem, eu te levo até a porta.

Me despedi dele fechando a porta e trancando percebendo que estava sendo observada.

- Seu namorado? - Perguntou.

- Não que isso seja da sua conta mas não, não é meu namorado.

- Entendi. - Disse com um sorriso igual o do coringa.

Revirei os olhos me lembrando do livro que deixei na cadeira. Fui até ele o pegando.

- O que é isso?

- Um livro não está vendo??

- Mas que livro é esse?

- Não sei, comprei quando você esbarrou em mim. - Falei com uma carranca.

- Esse livro não me é estranho, mas não sei de onde posso ter visto

Estreitei os olhos desviando o olhar para o livro em minha mão.

- Precisa de uma chave. - susurrei olhando o cadeado e tentando abrir a força.

- Ei, obrigado.

- Pelo quê?

- Por ter me ajudado.

- De boa. - Disse colocando o livro na cadeira novamente.

- Agora você pode me dizer seu nome? Já te falei o meu. - Falou se levantando da mesa com uma expressão de dor, caminhando até a cadeira do meu lado se sentando enquanto eu permanecia de pé com os braços cruzados.

Pensei por um instante antes de responder de forma seca olhando para ele desconfiada.

- Hillary.

- Hillary. - Falou como se testasse o nome.

- Agora que você já está bem, já pode voltar pra sua casa né. - Disse sarcástica com um sorriso falso.

- Mas eu estou com dor. - Explicou com os olhos brilhando parecendo com um cachorrinho que caiu da mudança.

Fiquei calada por alguns minutos que se pareceram horas até que falei com desgosto.

- Tá, você pode ficar só por hoje, amanhã de manhã você vai embora.

- Agradeço amor.

Olhei para ele com um olhar mortal pegando o livro e me virando para a escada.

- Pode dormir no sofá, a porta ao lado é o banheiro. - Apontei.

- Boa noite, Hillary. - Falou me olhando de um jeito estranho.

Desviei o olhar o ignorado enquanto começava subir a escada até o quarto da Soph vendo se ela estava bem. Quando tive a certeza, fechei o quarto dela e fui até o meu, para finalmente tirar o meu sono da beleza.

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