Um relacionamento tóxico Manjiro sano

Capítulo 15 " A Ira da Bonten "

A sede da Bonten estava tomada por uma tensão sufocante. O ar pesado reverberava com o som abafado de passos rápidos, conversas acaloradas e o ruído constante dos celulares vibrando nas mãos dos membros da organização. O caos reinava. O impensável havia acontecido: Kakucho, um dos homens de maior confiança de Mikey, havia traído a organização. E agora, ninguém estava seguro.

No salão principal, Sanzu estava sentado à mesa, os olhos afiados como lâminas enquanto observava as informações que apareciam na tela de um laptop à sua frente. Ele parecia mais perturbado que o normal, o rosto com um sorriso distorcido enquanto balançava levemente na cadeira. A traição de Kakucho não havia apenas afetado a confiança deles, mas também exposto uma vulnerabilidade que nenhum deles estava preparado para admitir. E para Sanzu, isso era imperdoável.

"Vocês sabem o que fazer," ele disse, sem desviar os olhos da tela. Sua voz era baixa, mas carregava um peso ameaçador. "Kakucho e a garota não podem sair vivos desta cidade. Quem encontrar primeiro, avisa. Quem hesitar, morre."

Ran e Rindo Haitani estavam encostados nas paredes opostas do salão, os dois irmãos parecendo descontraídos à primeira vista, mas os olhos alertas não escondiam a gravidade da situação. Eles sabiam que quando Sanzu ficava assim, não havia espaço para erros. A traição era algo que ninguém na Bonten poderia permitir - muito menos Mikey.

"Eu ouvi que ele está com Takemichi," comentou Rindo, jogando um olhar despreocupado para o irmão. "O que vai ser interessante. Parece que esse jogo ficou mais complicado."

Ran soltou uma risada baixa, rodopiando o bastão de metal nas mãos. "Takemichi? Isso é bom. Sempre gostei de caçar ratos desesperados."

Do outro lado da sala, Kokonoi estava encostado no parapeito da janela, observando as luzes da cidade através do vidro. Ao contrário dos outros, ele não parecia interessado nas provocações e no caos. Sua mente estava focada em outra coisa - nos detalhes que o levariam a resolver essa situação o mais rápido possível. Kokonoi não gostava de agir com base na emoção, e Kakucho o traindo foi, para ele, um golpe pessoal e estratégico.

"O que você acha, Koko?" Ran perguntou, interrompendo o silêncio contemplativo de Kokonoi. "Acha que Takemichi vai complicar nossa caçada?"

Kokonoi não respondeu imediatamente, seus olhos ainda fixos na vista da cidade. Ele finalmente suspirou, virando-se para encarar os outros. "Takemichi sempre complica as coisas. Mas o problema maior aqui não é ele. É o que vai acontecer quando Mikey souber da traição de Kakucho."

Ao ouvir o nome de Mikey, o salão ficou em um silêncio desconfortável. Todos sabiam que Mikey estava no limite. Mesmo para os padrões da Bonten, ele havia mudado de forma drástica nos últimos meses. Sua frieza, que antes era calculada e implacável, havia se tornado algo mais sombrio, quase cruel.

Sanzu, que até então estava quieto, deixou escapar uma risada baixa e perturbadora. "Mikey já sabe," ele disse, seus olhos cintilando com uma mistura de excitação e loucura. "E ele vai querer resolver isso pessoalmente."

O silêncio que se seguiu foi pesado. Todos sabiam o que aquilo significava. Mikey não era mais o líder calmo e controlado que uma vez guiara a Tokyo Manji Gang. A versão de Mikey que liderava a Bonten era algo muito mais sombrio e imprevisível. Ele não só caçaria Kakucho; ele o destruiria completamente.

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Enquanto isso, em um cômodo privado da sede, Mikey estava sentado em uma poltrona de couro escuro, as luzes fracas projetando sombras profundas em seu rosto. O silêncio ao redor dele era inquietante. Seus olhos estavam fixos no nada, mas sua mente trabalhava incansavelmente. Ele sabia da traição. Kakucho, alguém que ele considerava quase como família, havia virado as costas para ele.

A traição não era apenas uma quebra de confiança - era pessoal. E Mikey não deixava esse tipo de coisa passar impune.

Um leve som de passos ecoou pelo cômodo, mas Mikey não reagiu. Sanzu entrou, aproximando-se lentamente, sempre cauteloso ao lidar com Mikey nesses momentos. Ele observou o líder por um instante antes de falar.

"Você sabe o que está acontecendo, não é?" Sanzu perguntou, sua voz baixa, quase reverente.

Mikey permaneceu em silêncio por um momento, e então seus olhos se estreitaram, escurecendo ainda mais. "Kakucho."

Sanzu sorriu, um sorriso torto e cheio de intenções violentas. "Sim, ele. Está com Takemichi. A garota também. Eles acham que podem fugir."

Mikey se levantou lentamente, o ambiente ao redor dele ficando ainda mais pesado com sua presença. Seu corpo parecia calmo, mas a tempestade dentro dele era visível nos olhos frios e calculistas.

"Eu vou cuidar disso," Mikey disse, sua voz cortante como gelo.

Sanzu assentiu, satisfeito. "Eu imaginei que diria isso. Estamos prontos para agir quando você quiser."

Mikey não respondeu de imediato. Ele caminhou até a janela, observando a cidade lá fora, as luzes piscando como estrelas em uma noite nublada. A raiva dentro dele não era apenas pela traição de Kakucho - era pela própria sensação de que tudo ao seu redor estava se desfazendo. Sua lealdade, seus amigos, tudo parecia se afastar de suas mãos, e ele estava cansado de perder.

Finalmente, ele virou-se para Sanzu. "Não vamos caçar. Eles virão até nós. Takemichi sempre faz isso."

Sanzu sorriu, satisfeito. "E quando ele vier?"

Mikey deu um passo à frente, a sombra de um sorriso frio se formando em seus lábios. "Nós terminamos isso. De uma vez por todas."

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No salão, os preparativos continuavam. Ran e Rindo saíram para coordenar os membros da Bonten, enquanto Kokonoi, ainda pensativo, verificava informações de segurança e monitorava as movimentações da cidade. Sanzu, por sua vez, mal conseguia esconder sua empolgação. Ele sempre gostava de ver Mikey em ação - principalmente agora, quando a linha entre vingança e justiça parecia não existir mais.

A caçada estava em andamento. Kakucho, Takemichi e a garota que Mikey queria tanto proteger no passado estavam prestes a se tornar peões em um jogo muito maior. E dessa vez, ninguém sairia ileso.

A Bonten estava em marcha, e o silêncio antes da tempestade estava se rompendo.