Acordei no outro dia sem ele na minha cama, o que me deixou confuso. Será que tudo que a gente viveu era real? Mas a ardência lá embaixo deixava claro que aquilo foi bem real. Mesmo sentindo um desconforto no meu corpo, levantei da minha cama e fui usar o banheiro. Tomei um banho bem longo para relaxar meu corpo. Enquanto a água caía no meu rosto, a ficha de que eu perdi a minha virgindade com o garoto que eu sou apaixonado caiu de vez. Fiquei feliz e ri igual um idiota naquele banheiro sozinho. Quando olhei no espelho, levei um baita susto. Eu estava todo marcado; inclusive, tinha um chupão no meu pescoço. Fiquei desesperado. O que eu ia falar para minha mãe? Meu pai e meu irmão certamente surtariam. Esse é o lado ruim de ser o irmão mais novo: eles pensam que eu sou uma pedra preciosa que não pode ser tocada por nada. Já estou cansado de tantas vezes que meu irmão chegou caindo de bêbado ou trazendo meninas aqui para casa. E quando minha mãe ia dar um esporro nele, meu pai sempre passava a mão na cabeça dele, falando que era coisa de menino da idade dele. Mas isso só se aplica a ele, mesmo.
Mandei mensagem para Clara pedindo para ela dizer que foi ela que fez em mim, em uma brincadeira...
Por volta das 14h30, decidi sair do quarto porque estava morrendo de fome. Eu também estava esperando a Clara me responder para ser meu álibi, mas a safada deve estar dormindo à beça. Desci as escadas, e a casa em si estava silenciosa, mas o som do pagode do lado de fora entregava que tinha gente em casa. Estava um cheiro tão gostoso e forte de churrasco vindo de lá. Mas eu não estava nem um pouco a fim de encontrar minha família, ou será que era o medo de ver ele? Fiquei chateado de acordar sem ele na cama. Mas também coloquei na minha cabeça que foi porque eu acordei meio-dia. Seria tão incrível acordar e ele ser a primeira pessoa que eu visse. Em meio a esses milhões de pensamentos: alguém entrou em casa. Eu tentei fugir, mas...
— Filho! — minha mãe me chamava no momento em que pisei no primeiro degrau da escada.
— Oi, mãe.
— Eu ia te chamar agora para comer. Desde que cheguei em casa, você não saiu desse quarto.
— Estou com dor de cabeça. A música de ontem estava muito alta. — Dei uma leve mentida, mas tudo bem. Quando eu virei o corpo todo para ela, ela focou rapidamente no meu pescoço. Por um momento, eu tinha esquecido aquilo completamente. Quando ela perguntou quem fez aquilo em mim, eu falei que foi minha prima. E ela veio com uma bronca, falando que esse tipo de brincadeira era desnecessária. Eu consegui escapar falando que estava morrendo de fome e pedi para ela trazer o que ela atendeu. Depois de dar um beijo na minha testa, minha prima finalmente respondeu minha mensagem, falando que ok. Mas queria saber essa história direito. Falei que contaria no momento certo. Conversamos mais um pouco, e ela falou que viria aqui para casa. Nesse meio tempo, minha mãe trouxe a comida para mim, então eu fiquei na sala esperando ela chegar.
Se passaram uns 10 minutos e a campainha da minha casa tocou. Fui atender pensando que era ela, mas minha surpresa foi maior quando eu abri o portão e ali estava o ser mais bonito que eu já vi na vida, usando um short de jogar bola e com uma camisa do Flamengo no ombro direito...
— Oi... — disse com a voz falhada. Foi a única palavra que consegui proferir naquele momento.
— Coe.
Coe? COE, é só isso que eu recebo? Depois de ter tido uma noite tão incrível, pelo menos para mim, fiquei um pouco indignado. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, vi minha prima se aproximando atrás dele.
Abri espontaneamente um sorriso, enquanto Bernardo passava por mim e ia para a área da piscina, onde estava rolando o churrasco.
— Me conta tudo, viado! — dizia minha prima, me abraçando.
Levei ela para meu quarto e contei tudo, mas claro, tirando a parte em que foi o Bernardo.
— Versão do Bernardo.
Acordei meio atordoado por causa da música alta e vi o Gabriel dormindo tranquilo ao meu lado. Foi aí que eu lembrei da merda que fiz. E se o Gustavo descobrir isso, eu estou morto. Não sei por que caralhos eu fiz isso. Nem de viado, eu gosto, porra. Levantei da cama e fui pegar minhas roupas que estavam no chão. Eu estava fedendo a porra. Comer ele foi gostoso, não vou negar, ainda mais porque ele não tinha frescura e fazia tudo que eu mandava. A mina que eu comi esses dias estava cheia de frescura. Ele foi uma boa aliviada. Os mano já falaram que ele era louco para me dar, que era cheio de viadagem para o meu lado, porque eu nunca reparei ou simplesmente ignorava. Destranquei a porta e desci voado para o andar de baixo. Logo vi o Gustavo vindo na minha direção.
— Tava onde, viado?
— Você sabe, pai. Fui fazer uma missão com uma mina aí.
Ele riu para mim enquanto batia no meu ombro. Falou que eu estava fedendo e mandou eu tomar banho lá no banheiro dele. E eu fui, tomei o banho e peguei uma roupa dele mesmo. Voltei para a resenha, mas não fiquei muito tempo e logo fui embora.
— Visão do Gabriel.
Depois que eu contei tudo para ela, a safada falou que estava morrendo de fome e foi lá para o churrasco. Eu não sei por que, mas deixei a minha porta aberta, com a esperança de ele vir aqui me procurar. Mas isso não aconteceu e, para uma pessoa paranoica como eu, isso foi muito ruim. Fiquei com milhões de pensamentos de que ele tinha odiado tudo aquilo ou que ele não quisesse me ver nem pintado de ouro. Mas também, eu realmente achei que ele seria um príncipe encantado. Depois disso, o idiota fui eu por ter esperado. Mas meus pensamentos foram interrompidos com a entrada do meu irmão no meu quarto, trazendo um pedaço de bolo para mim.
— Quem foi o filho da puta que fez esse chupão no seu pescoço? — perguntou meu irmão, fechando a cara.
— Fica tranquilo, foi a Clara que fez na brincadeira.
— E eu nasci ontem, porra! — dizia ele, chegando perto da minha camisa em uma tentativa de puxar para baixo. Lógico que eu segurei o braço dele e perguntei o que ele estava fazendo.
— Deixa eu ver se tem mais dessa brincadeira pelo seu corpo.
— Para com esse seu ciúme, já está indo longe demais.
— Porra, você deu para algum dos meus amigos? Caralho, você tá maluco???
— Eu estou falando que foi a Clara. Por que você não acredita em mim?
Eu nem esperei uma resposta, só saí empurrando ele para fora do meu quarto. Eu não iria conseguir, mas pedi por favor, com uma voz cansada, e ele saiu batendo a porta. Eu sabia que ele voltaria, então tranquei a porta do meu quarto. Coloquei um fone de ouvido e fui deitar.
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