ciúmes?

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O sol brilhava intensamente sobre o mar, refletindo um azul profundo que convidava a todos a mergulhar. Na areia, Bernardo observava duas figuras se divertindo nas ondas, rindo e brincando, enquanto a espuma do mar os envolvia. Ele conhecia aqueles garotos; eram Gabriel e Diego, e ver a alegria pura que compartilhavam despertou algo inesperado dentro dele.

Sentimentos confusos começaram a surgir. Embora Bernardo sempre tivesse se visto atraído por garotas, depois daquela noite com o Gab, ele começou a reparar mais no irmão do seu amigo, o que o deixava puto e se criticando por isso. Aquela cena diante dele o deixou inquieto. O ciúmes brotou como uma erva daninha em seu coração. Era um ciúmes que o fazia ficar louco; a felicidade deles parecia tocar em algo que ele próprio não conseguia definir.

Por que ele se sentia assim? Era a liberdade que via neles? Ou a conexão genuína que compartilhavam? Ele se lembrou de momentos em que desejou ter alguém com quem pudesse ser tão aberto e despreocupado. Bernardo se questionou se suas emoções eram um reflexo de sua própria solidão, de um desejo de se conectar em um nível mais profundo.

Naquele instante, ele percebeu que os sentimentos não eram tão simples e lineares quanto as normas que a sociedade insistia em impor. A vida não se resumia apenas a rótulos; era uma tapeçaria complexa de emoções, desejos e experiências. O que realmente importava era a autenticidade dos sentimentos, a capacidade de se abrir para o que o coração sentia, sem medo de julgamentos.

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**CLARA**

Era por volta das 10 da noite e a galera estava toda aqui, tirando o Gab, que me falou que iria buscar o Diego, mas já fazia 1 hora e nada até agora. Katarina estava jogando sinuca com os meninos e o Bernardo estava sentado do meu lado, bastante inquieto.

-- Ei, cara, tá legal?

-- Oi, sim, tudo certo. - A forma como ele me falou me passou a impressão totalmente oposta.

-- Tem certeza? Sua cara tá dizendo o oposto.

-- Cara, não, é verdade... - Ele parecia que estava com medo.

-- Olha, pode falar, eu não vou contar para ninguém. Fica tranquilo.

-- Quando você percebeu que gostava de meninas?

-- Olha, para ser bem sincero, eu acho que eu sempre soube. Sei lá, eu não tive aquele momento de tipo "eu gosto de meninas", sabe?

Por um momento, fiquei meio frustrado. Esses pensamentos e emoções estavam acabando comigo. Levantei e cocei a cabeça enquanto olhava para Clara.

– Quer saber? Tô confuso pra caralho – disse em um tom de irritação. – Não sei o que tá acontecendo comigo, não sei o que é essa porra que tô sentindo e nem gosto de sentir isso, me recuso...

– Sobre o que você tá falando? – Clara me interrompeu.

Simplesmente não podia dizer a ela que eu estava sentindo atração por um homem. Não, essa porra não sou eu.

– Bernardo... eu estou sendo sincera quando digo que você pode se abrir comigo – por um momento, senti compaixão e sinceridade em suas palavras.

– Acho que eu tô apaixonado pelo Gabriel – meu coração estava acelerado e parecia que ia sair pela boca, mas eu não estava mais aguentando guardar isso só pra mim. – E ver ele com o Diego tá acabando comigo. Eu sei que fui um cuzão... mas agora tá tudo tão confuso... eu... não posso ser gay. Como contaria isso para meus pais, meus amigos? Isso não sou eu – meus olhos lacrimejaram, sentia a ardência enquanto lutava para segurar.

-- Uau, eu não sabia que você estava passando por tudo isso! Sempre te vi como o cara das garotas.

-- Pois é, eu também achava que era assim. Mas agora… com o Gabriel… tudo mudou.

-- Entendo. E, olha, não tem problema nenhum em sentir isso! A vida é cheia de surpresas, né?

-- Eu só fico pensando como contar para meus pais e amigos.

-- Olha, se você realmente gosta dele, que tal dar uma chance? Às vezes, abrir o coração pode ser mais fácil do que parece.

-- E se não der certo?

-- Ah, aí você vai ter uma boa história para contar! E, se precisar, a gente pode fazer um plano de emergência.

-- Plano de emergência?

-- Sim! Um dia a gente sai, toma um sorvete e faz uma lista de motivos pelos quais o amor é incrível. Sem rótulos, só amor. Que tal?

-- Isso até parece divertido!

-- Então tá combinado! Vamos deixar esse coração acelerar por boas razões!

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Depois dessa conversa, eles foram para perto da mesa de sinuca e jogaram até de madrugada, com muitas risadas e conversas furadas.

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