prólogo

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O escritório estava vazio. O silêncio, antes reconfortante, agora me apertava o peito. Meus dedos batucavam o teclado, mas minha mente estava longe, muito longe daquele projeto. Megan, sentada do outro lado da sala, parecia tão à vontade, como se a tensão entre nós não fosse real. Mas era.

Olhei de soslaio, sem querer encarar diretamente, mas o suficiente para sentir meu nervosismo aumentar. O modo como ela se movia, com confiança e graça, me deixava inquieta. Meu pé começou a bater no chão, um reflexo da ansiedade crescente que ela provocava.

Então, senti. Megan se aproximou. O som suave de seus passos quebrou o silêncio, e meu corpo se enrijeceu automaticamente. Ela parou atrás de mim, inclinando-se levemente, e o perfume doce dela me envolveu. Desde a primeira vez que a senti, não consegui esquecê-la, como uma lembrança indelével que me perseguia.

— Bom trabalho — elogiou, a voz baixa e tão perto que fez minha pele arrepiar. Eu forcei um sorriso sem tirar os olhos da tela, fingindo que estava tudo normal, mas minha respiração já estava descompassada.

Ela se inclinou mais, o suficiente para que eu sentisse o calor de sua presença no meu pescoço. Antes que eu pudesse evitar, seu sussurro veio, carregado de malícia.

— Parece que sua respiração está um pouco acelerada... e seus pés estão batendo no chão. Está tudo bem?

Congelei. Era sempre assim com ela, jogando jogos que eu não sabia como vencer. Cada palavra era um golpe preciso, e a superioridade dela me deixava ainda mais nervosa. Fechei os olhos por um segundo, tentando recuperar o controle, mas era inútil. Megan estava aqui, mais perto do que nunca, e tudo em mim parecia desmoronar.

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