Respirando contra o tempo

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Megan

Desligo o computador, o som baixo das teclas finalmente cessando. O escritório está quase completamente vazio, apenas o leve zumbido dos aparelhos eletrônicos preenche o silêncio ao redor. A maioria das luzes já foi apagada, deixando o ambiente envolto em sombras suaves, enquanto a lua, através das janelas, lança um brilho frio sobre as mesas desertas. Estou cansada, o peso do dia inteiro de trabalho começa a me sufocar, mas antes de ir embora, meus olhos se voltam para o canto da sala.

Amélie ainda está lá.

Ela se mexe lentamente, seus gestos estão estranhamente diferentes hoje. Ao contrário da habitual energia focada, parece dispersa, desconectada do que está fazendo. Algo não está certo. Pego minha bolsa e me aproximo. Quando estou a poucos passos, percebo sua respiração curta, irregular, quase sufocante.

— Amélie? — chamo seu nome baixinho, mas ela não responde. De repente, o corpo dela se desmancha, desabando como se a última gota de energia tivesse sido drenada.

Corro até ela instintivamente, meus braços se movem rápido e a seguram antes que seu corpo atinja o chão. Sua pele está fria, quase gélida, e seu rosto... tão pálido. Eu me ajoelho com ela em meus braços, sentindo o peso inesperado da situação. Meu coração dispara, e por um segundo, tudo o que ouço é o som acelerado da minha própria respiração.

— Amélie!? — chamo de novo, mais alto desta vez, minha voz carregando uma nota de pânico. Olho ao redor, mas o escritório está completamente vazio, apenas nós duas naquele espaço vazio, imenso. A única resposta é o silêncio esmagador.

Com cuidado, ajeito seu corpo no chão, suas pernas dobradas, a cabeça em meu colo. Tento manter a calma, mas sinto o suor frio se formando em minha nuca. Sua respiração é fraca, e o medo começa a tomar conta. Toquei em seu rosto, suave, tentando trazê-la de volta.

— Amélie, acorda... — sussurro, a ansiedade tomando conta da minha voz.

Finalmente, depois do que parece uma eternidade, seus olhos começam a se abrir lentamente. Ela pisca algumas vezes, confusa, a expressão dela é vazia, como se ainda estivesse em algum lugar distante.

— Consegue se levantar? — pergunto, tentando não demonstrar o pânico em minha voz.

Ela assente com dificuldade, os olhos tentando focar em mim. Ajudando-a com cuidado, consigo colocá-la em uma cadeira próxima.

Amélie se ajeita, o corpo ainda trêmulo. Sua mão vai à cabeça como se tentasse afastar a fraqueza. Eu observo cada movimento, o alívio de vê-la acordada se misturando com uma preocupação crescente.

— Você precisa ir ao médico, Amélie — digo, a voz firme, mas baixa. Ela me encara por um instante, os olhos um pouco mais alertas, mas o cansaço é evidente.

— Me dá um pouco de água, por favor — sua voz é quase um sussurro, tão fraca quanto sua aparência.

Me levanto rapidamente, quase correndo até o bebedouro ao lado. Pego um copo e volto para ela, estendendo a água. Amélie segura o copo com ambas as mãos, como se estivesse tentando se concentrar em algo simples. Ela toma pequenos goles, seus lábios tocando o copo de forma hesitante, enquanto sua respiração começa a se estabilizar. A cor começa a voltar ao seu rosto, mas a tensão em seus olhos não desaparece.

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