Estou bem

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Amelie

A volta para casa naquela noite parecia mais barulhenta que o normal. Meu corpo vibrava de um jeito estranho, como se estivesse em sintonia com um ritmo que eu não conseguia controlar.

Sentei no ponto de ônibus, os dedos inquietos brincando entre si, relembrando o olhar de Megan mais cedo. A intensidade daquele olhar me perturbava de uma maneira que eu ainda não sabia interpretar.

O ônibus não demorou a chegar. Me levantei devagar, mas, assim que dei o primeiro passo, senti meu corpo vacilar. Um leve desespero tomou conta de mim, os sintomas estavam piorando, e eu me sentia impotente.

— Tudo bem? Precisa de ajuda? — uma mulher ao lado perguntou, visivelmente preocupada. Balancei a cabeça, recusando gentilmente.

— Obrigada. — agradeci com um sorriso forçado.

Apoiei-me no ferro do ônibus com cuidado e subi devagar. Assim que me sentei, senti meu corpo afundar no assento, como se eu e o banco fôssemos uma coisa só.

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A cada segundo que passava, parecia que meu corpo ia se desfazendo. A sensação de peso era insuportável, e minha visão começava a turvar. Tentei manter a respiração estável, mas a cada inspiração sentia um aperto no peito, como se o ar fosse insuficiente.

Os prédios e luzes da cidade passavam borrados pela janela do ônibus. Minha cabeça pendeu para o lado, e um zunido incômodo começou a preencher meus ouvidos. Não conseguia mais ignorar que algo estava terrivelmente errado. Tentei me concentrar, mas meus dedos estavam dormentes, e a tontura piorava.

De repente, o mundo escureceu por completo.

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Não sei quanto tempo passou até eu sentir alguém me sacudindo levemente.

— Ei, você está bem? — uma voz masculina chamou, a urgência presente. — Ei!

Minha cabeça ainda rodava, mas eu conseguia perceber a luz do ônibus, ainda parada, e o motorista também olhando preocupado em nossa direção. A mesma moça de antes estava ajoelhada ao meu lado agora, com o olhar aflito.

— Você desmaiou — ela disse suavemente. — A gente precisa te levar ao médico.

Tentei protestar, abrir a boca para dizer que estava bem, mas as palavras não saíam. Não havia mais como negar. Meu corpo já não respondia como deveria.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a moça e o homem ao meu lado me ajudaram a descer do ônibus. Meus pés mal tocavam o chão, e eu sentia minha cabeça girando a cada movimento. O homem acenou para um táxi que parava no sinal próximo, e logo eu estava sendo colocada no banco de trás, sentindo a escuridão me abraçar novamente.

A última coisa que ouvi antes de perder a consciência por completo foi a moça dizer ao motorista:

— Leve-nos ao hospital mais próximo, rápido!

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