Lívia queria se sentir triste pela morte da tia, mas ela não conseguia, ela nem mesmo gostava muito da mulher e além de tudo a velha tinha costume de culpá-la pela morte da mãe, mesmo que não fosse uma mentira completa, mas Lívia não tinha a intenção que sua mãe fosse embora, na verdade ela nem mesmo tinha capacidade para entender qualquer coisa que não fosse sentir fome e frio. Bom, agora ela estava morta e ela poderia viver em paz com a irmã e em uma realidade nova, a expectativa de uma nova vida em um novo país, apenas ela e a irmã, ela se sentia feliz por ver o que a mais velha estava alcançando.
Lívia estava ansiosa, seria seu primeiro dia na universidade, ainda não iniciaria seu curso propriamente dito, mas era um pequeno intensivo de inglês para os alunos estrangeiros se adaptarem com todo o sistema e alguns termos que poderiam ser úteis em seu dia a dia nas aulas. Ela estava contente com sua mochila no ombro e indo em direção ao local que tinha sido indicado para ela.
A sala não era pequena, mas estava lotada, ela não tinha noção do quantos alunos estrangeiros estavam ali, mas com certeza eram mais de cinquenta, isso ela tinha consciência. Ela escolheu o canto da sala, parecia afastado o suficiente mas poderia fazer alguma amizade de alguma forma, sempre gostou muito de socializar e havia a insegurança de ficar sozinha em um lugar diferente. Estava distraída em seu celular, mas notou quando a garota de cabelos cacheados se sentou ao seu lado.
"Olá! Eu me chamo Elisa. Não tinha ninguém aqui né? Porque eu posso sair." Falava agitada arrumando os óculos de grau em seu rosto.
"Olá Elisa, eu sou a Lívia e não, ninguém estava sentado aí, pode ficar à vontade." Foi simpática, o sotaque da garota parecia extremamente familiar apesar de falarem em inglês "Você é brasileira também?"
"Oh meu Deus, sim! É tão bom encontrar outra brasileira aqui, poder usar nosso próprio idioma em paz." As duas engataram em uma conversa para se conhecerem até que a professora finalmente chegou e começou a aula.
Lívia e Elisa se tornaram amigas desde aquele dia, a cacheada estava sempre no apartamento da outra, compartilhavam momentos com a irmã também, e fazia companhia a Lívia quando Clarice começou a viajar com a Mercedes. Na faculdade o grupo deles era completado por Lee Chan, o garoto vindo da Coreia estudava artes e sempre estava com as garotas, Lívia podia notar que Elisa tinha um certo crush no rapaz, porém, a estudante de história não admitia qualquer sentimento além de amizade.
O grupo costumava frequentar algumas das festas universitárias e foi em uma dessas noite que Lívia explanou suas esperanças de ter algo com Liam, o estudante de Medicina Veterinária era lindo, com seus olhos castanhos que pareciam guardar muitos segredos, o cabelo loiro e o sorriso de quem tem ciência sobre a própria beleza e vai usar isso a seu favor.
Lívia não era do tipo que se apaixonava facilmente, sabia que os caras se interessavam por ela, mas estava sempre mais preocupada com outras coisas, gostava de se sentir bonita mas aquela não era sua maior preocupação, sua irmã costumava dizer que ela não dava atenção porque era fácil, bastava estalar os dedos se mudasse de ideia e as coisas se resolveriam para ela e que não era assim com todas, mas Lívia gostava de pensar que deveria se apaixonar de verdade antes de ter qualquer coisa com alguém e no momento sentia que estava apaixonada por Liam. Era a droga de uma romântica incurável.
"Porque não vai falar com ele de uma vez." Chan incentivava a garota enquanto girava o canudo de seu drink azul extremamente suspeito.
"Ele deveria vir falar comigo, ao menos foi o que ele disse que faria na mensagem que me enviou essa tarde." Apoiou o rosto na mão, se sentia um pouco entediada de esperar a vontade dele de agir, era sempre assim quando combinavam algo em festas, ele parecia só querer vê-la quando saiam para tomar café ou em algum momento na biblioteca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Flashlight
FanficQuando se ganha o mundo, o preço pode ser muito caro. Pode custar sua família, sua felicidade, sua própria vida. O destino pode ser cruel quando não se vive o presente da maneira correta. Deveríamos ter uma segunda chance ou apenas uma luz no fim...