▪︎Capitulo 8▪︎

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Dante Nocturne



Na noite anterior, as ruas estavam mais silenciosas do que o normal, mas eu já podia sentir o cheiro da violência no ar antes mesmo de acontecer. Era como um perfume metálico, uma expectativa que pulsava ao meu redor, me avisando que o caos estava próximo. Eu tinha saído da casa de Aurora sem ela perceber, não queria que ela soubesse o que eu estava prestes a fazer.

A missão daquela noite não era apenas um capricho. Eles haviam quebrado o contrato, e ninguém quebra um acordo comigo impunemente. O pacto tinha sido feito com clareza. Eu cumpri minha parte; eles não. E a única punição para traição é a morte. Eu estava decidido. Odiava ter que me rebaixar a esse tipo de coisa, mas quando alguém desafia o diabo, deve estar preparado para pagar o preço.

Quando os encontrei, eles estavam exatamente onde eu esperava. Quatro homens. Marginais sem escrúpulos, que tentaram me enganar. O erro deles foi achar que poderiam simplesmente desaparecer sem sofrer as consequências. Quando me viram, o pânico em seus olhos era óbvio, mas fingiram calma, como se pudessem negociar. Como se pudessem mudar o destino.

- Dante, cara... Podemos resolver isso - um deles começou, a voz tremendo levemente.Eu apenas sorri, aquele sorriso que sei que faz o sangue deles gelar. Eles sabiam. Aquele sorriso não trazia promessas de perdão.

- Resolver? - Perguntei, como se estivesse genuinamente curioso. - Vocês tiveram a chance de resolver quando quebraram o contrato.

A tensão na noite era palpável, e eu conseguia sentir os corações deles batendo rápido, o cheiro de medo misturado com suor. Um deles tentou correr. Sempre tem um.

Com um simples estalar de dedos, ele foi arrastado de volta pelas sombras que me rodeavam, seu corpo voando para frente até bater com força contra a parede de tijolos. O som oco de ossos quebrando foi satisfatório.

- Vamos fazer isso de maneira rápida, então. - Sussurrei, sem dar a eles mais tempo para implorar.

O próximo movimento foi automático, um instinto. Meus sentidos estavam aguçados, minhas mãos se movendo com precisão mortal. O primeiro caiu com um grito sufocado, minha mão atravessando o peito dele com uma facilidade assustadora, como se eu estivesse perfurando manteiga. O sangue espirrou, quente e abundante, cobrindo meus braços e peito. O cheiro metálico preencheu o ar de uma vez, familiar, quase reconfortante.

Outro tentou me atacar por trás. Pobres tolos. Peguei sua faca no ar e a enterrei na garganta dele, torcendo a lâmina apenas o suficiente para ver seus olhos se arregalarem antes de seu corpo desabar. O som gorgolejante do sangue que borbulhava pela ferida foi a última coisa que ele ouviu.

Os outros dois... Bem, não demorou muito. Um breve confronto, e seus corpos se juntaram aos companheiros. Uma bagunça de sangue, carne e desespero quebrado. Eu sentia a adrenalina correr em minhas veias, uma familiar excitação sombria que há muito tempo eu aprendera a controlar. Mas naquele momento, não havia controle necessário. Eu havia cumprido meu papel, e a noite era minha.

Quando o último caiu, dei um passo para trás e olhei ao redor. Sangue manchava minhas mãos, braços e até meu rosto. Pingava no chão, formando poças viscosas ao redor dos corpos.

Suspirei, cansado. Essa não era a parte do trabalho que eu apreciava, mas era inevitável. Contratos são sagrados, e quando se lida com alguém como eu, não se pode errar.

Voltei para a casa de Aurora coberto daquele sangue. Não planejava vê-la, mas algo dentro de mim me levou direto para o quarto dela. Talvez fosse o desejo de estar perto da única coisa que parecia pura e imaculada em meio à escuridão que me cercava. Eu a observei dormir por alguns minutos, seu rosto tranquilo, os traços suaves como os de um anjo. Minha pequena e ingênua Aurora, sem ideia do que sou capaz de fazer. Ela não precisava saber.

Meus pulmões ainda queimavam de adrenalina quando me encostei na parede do quarto dela, tentando recuperar o fôlego, o sangue secando nas minhas mãos. Eu sabia que deveria tomar banho antes de ela acordar, mas por algum motivo, não me mexi. Apenas fiquei ali, assistindo, lembrando a mim mesmo que esse era o meu lugar agora - ao lado dela, não importa o que eu precisasse fazer para garantir isso.

Foi apenas quando ela acordou que me dei conta de como eu estava. O olhar dela, cheio de preocupação e medo, me puxou de volta para a realidade. E enquanto eu saía para me lavar, uma parte de mim se perguntava por quanto tempo eu conseguiria manter esses dois mundos separados - o mundo sangrento que eu habitava e o mundo gentil em que ela vivia.

Ela ainda não tinha ideia de quem eu realmente sou. E talvez fosse melhor assim.

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⏰ Última atualização: Oct 17 ⏰

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