▪︎Capítulo 7▪︎

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Acordei com uma sensação estranha de calor e peso ao meu lado, algo que me fez abrir os olhos lentamente, piscando contra a luz suave que entrava pela janela. Meu corpo estava envolvido em um calor familiar, mas diferente de qualquer coisa que eu já havia sentido.

Foi quando percebi que havia um braço ao redor da minha cintura, apertando-me suavemente contra algo firme e quente. Meu coração começou a bater mais rápido quando a realidade caiu sobre mim. Alguém estava pressionado contra minhas costas, e quando virei um pouco a cabeça, senti a respiração ritmada contra meu pescoço.

Dante.

Ele estava na minha cama, dormindo ao meu lado, seus dedos entrelaçados na minha pele, como se eu fosse um travesseiro que ele se recusava a soltar. Meu corpo inteiro ficou tenso, e por um momento, eu simplesmente não sabia o que fazer. Meus pensamentos corriam, confusos, entre o choque e algo mais profundo, algo que eu não estava pronta para reconhecer.

Eu deveria me soltar, me afastar, mas o jeito que ele estava tão tranquilo, tão vulnerável ao meu lado, me deixou imóvel. Na noite anterior, ele havia se mostrado em um estado completamente diferente - feroz, coberto de sangue, uma força da natureza incontrolável. Agora, ele parecia quase humano, quase... normal.

Respirei fundo, tentando acalmar os batimentos descompassados do meu coração.

- Dante... - murmurei, minha voz apenas um sussurro enquanto tentava me mover suavemente para me afastar.

Ele fez um som baixo, algo entre um suspiro e um grunhido, mas não se mexeu. Seu braço permaneceu firme ao redor de mim, como se mesmo em seus sonhos ele estivesse determinado a me manter por perto.

A sensação de estar tão perto dele, sentir sua respiração, sua presença tão intimamente, era algo que me confundia. Eu não sabia como reagir, o que pensar, e a proximidade era ao mesmo tempo reconfortante e alarmante. Tudo o que aconteceu ontem à noite - o sangue, a confusão, o medo - estava agora contrastando com a calma dessa manhã, criando um turbilhão de sentimentos dentro de mim.

Finalmente, tomei coragem para me mexer um pouco mais, virando-me lentamente para encará-lo. Ele estava ainda mais próximo do que eu pensava, seus olhos fechados, os cílios escuros contra a pele pálida, os lábios entreabertos em uma expressão quase inocente, algo que eu raramente via nele.

Meu peito apertou ao vê-lo assim. Uma parte de mim queria acordá-lo, perguntar o que ele estava fazendo ali, por que tinha vindo para minha cama sem me avisar. Mas a outra parte, aquela que eu estava tentando suprimir, queria apenas ficar ali, naquele momento, fingir que nada de estranho estava acontecendo e aproveitar o raro instante de tranquilidade.

Eu sabia que precisava tomar uma decisão, mas estava presa entre o desejo de empurrá-lo para longe e a necessidade desesperada de proximidade, de não me sentir sozinha.

- Dante... - Sussurrei de novo, desta vez um pouco mais forte, enquanto estendi a mão e toquei seu rosto levemente, como se para ter certeza de que ele estava realmente ali, de que isso não era um sonho.

Os olhos dele abriram lentamente, aquele azul profundo que parecia enxergar até minha alma. Um sorriso suave, sonolento, apareceu em seus lábios quando ele percebeu onde estava.

- Bom dia, meu anjo - disse ele, sua voz rouca e ainda carregada de sono, enquanto ele me puxava um pouco mais para perto, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Eu estava sem palavras, presa entre o calor do momento e a estranheza da situação.

- Dante, o que você está fazendo na minha cama? - Perguntei finalmente, minha voz baixa, mas cheia de curiosidade e um toque de confusão.

Me and The DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora