Capítulo 1

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Apareceu.




Andei lentamente sentindo todo o meu corpo tremer de frio, o tempo estava fechado, pelo fato do sol não ter nascido ainda. Olhei para os lados da pista, que era de puro mato, nenhum carro estava passando por aqui nesse horário.

Meus pés descalços, não sabia como isso tinha acontecido, mas eles estavam pretos, feridos e doendo, eu tinha andado muito. Mesmo não sabendo a direção.

O vento frio bateu no meu corpo e eu me abracei, esses trapos que eu estava usando como vestido, não servia de nada, ele era mais uma camisola.

Avistei um banho, me apressei para sentar um pouco, não aguentava mais andar, minha coxas doíam, assim como minha cabeça e minha garganta. Não lembrava qual tinha sido a última vez que bebi água.

Respirando com muita dificuldade, finalmente cheguei até o banco e me sentei, doeu um pouco para fazer esse movimento, mas em compensação, agora eu estava sentada.

Fechei os olhos e abaixei a minha cabeça, meus cabelos pretos e rebeldes caíram na minha cara, cobrindo ela por inteiro. Meus cabelos eram cacheados, mas nesse momento estava todo bagunçado. Como se eu tivesse entrado em uma luta corporal com alguém.

- Mocinha? - ouvi uma voz velha me chamar, fingi que não era comigo e continuei com a cabeça baixa. - Ei menina, da onde você é? - me cutucou, não levantei a cabeça, mas o velho era insistente. - Menina?

Finalmente olhei para ele, era um senhor de idade, com os cabelos e barba grisalha contornando o seu rosto magro e longo, seus olhos pretos se arregalaram. E ele começou a gaguejar.

- La-laila? - falou enquanto mexia a mão como se tivesse alguma coisa mordendo ele. - Laila Antonelli. - sua voz fez um eco. E foi aí que eu me dei conta...

- V-voce me conhece? - minha voz saiu um pouco rouca, por conta da minha garganta seca. O velho na minha frente começou a balançar a cabeça freneticamente em confirmação.

Ele imediatamente tirou o seu casaco de veludo que usava e me deu, eu estranhei o ato, mas acertei, estava com muito frio. O seu segundo passo foi pegar o celular.

- Alô? É o detetive Roger? Eu acabei de encontrar uma das meninas desaparecidas. - franzi o cenho, eu estava desaparecida? - Não é trote senhor, eu estou no ponto de ônibus fora da cidade. Não, não é, o senhor pode mandar alguém aqui? Obrigado, o senhor não vai se arrepender. - desligou o celular e tentou se aproximar de mim, mas eu me afastei. - Está tudo bem querida, a ajuda está chegando.

Apenas concordei com ele e voltei a ficar no meu canto. Será que esse senhor realmente me conhece? Será mesmo que não é um plano para me sequestrar?, se bem que ele disse que estava desaparecida. Mas eu não me lembro de n.ada.

Tentei fazer força para me lembrar de alguma coisa, mas nada, a minha mente era um eterno nada. Isso era tão confuso, eu não me sentia em perigo, e nem muito menos a salvo. Eu não sabia o que senti.

Ficamos ali por mais alguns minutos até um carro de polícia chegar junto com outro carro preto atrás. Desceram dois homens do primeiro vestido uma farda azul, e do último um homem usa calça jeans camisa de gola alta e de manga.

Eles chamaram o senhor, eles ficaram conversando algo que eu não consegui entender, mas em todo o momento os olhos deles estavam em minha direção. Seus olhares eram de espanto e felicidade misturado com curiosidade.

Eu seria uma espécie de experimento para eles, isso já estava claro. Afinal ele mesmo disse que eu era uma das meninas desaparecidas.

Não sei quando tempo a gente ficou aqui, só sei que já estava me dando tontura, o sol anunciava nascer no horizonte. Lutei para manter os olhos abertos, mais de vez enquanto eles se fechavam sem a minha permissão.

- Laila? - escutei uma voz grossa e firme, olhei para cima e vi a pessoa que falava comigo, ele tinha uma barba por fazer, sombrancelhas bem grossas, olhos verdes, rosto perfeitamente simétrico e cabelos bagunçados, como de quem tinha acabado de acordar. - Você está bem?

Tentei dizer que sim, mas uma tontura me atingiu, senti o meu corpo da uma leve cambaleada para o lado. Duas mãos forte seguraram os meus ombros me colocando sentada no lugar de novo.

- Ela tá muito pálida. - disse para os outros homens, enquanto tirava os cabelos do meu rosto. - Você tá acabada...

Foi a última coisa que eu ouvi antes de desmaiar, como ele pedido para eu ficar acordada. Senti um alívio tão grande, pois a minha cabeça estava me matando.

Quando acordei foi em um hospital, estava ligada a vários fios e máquinas. Tive que fechar os olhos algumas vezes por causa da claridade. Não tentei me levantar, mais queria água. Observei os médicos entrarem juntos com o mesmo homem da última vez.

E olhando bem, esse médico não me era estranho, ele tinha cabelo em corte Militar e a barba feita, olhos castanhos, ele me olhava de um jeito bastante peculiar, como se tentasse ver através dos meus olhos.

- Oi Laila. - tirei a minha atenção do médico e olhei para o homem de antes. - Como se sente?

- Viva. - consegui dizer uma frase completa, ele me deu um sorriso. - Quem são vocês?

- Me desculpe, eu sou o detetive Alencar. Roger Alencar. - completou, não o conhecia. Olhei para o médico. - Tyler Watson.

Concordei e voltei a ficar mais relaxada por saber pelo menos o nomes deles. Mas uma coisa estranha.

- Watson? - olhei para o médico, que me deu um olhar de esperança.

- Você se lembra? - vasculhei na minha mente da onde eu conheci esse sobrenome mais nada. - Eu sou pai de uma das meninas que sumiu junto com você.

Levantei uma sombrancelha.

- Como assim sumiu junto comigo? - meu coração deu uma acelerada rápida, alguma coisa me deixou um pouco temerosa. O médico ficou um pouco assustada quando os aparelhos ficarem descontrolados.

Minha garganta começou a fechar, mal conseguia respirar, eles chegarem perto de mim tentando me acalmar. Mas algo me assustava e eu não conseguia lembrar. Isso só aumentou a minha ansiedade. Quem eu era, o quem me sequestrou.

A crise ficou tão forte que me deram sedativo para mim acalmar.

Eu vi algo quando estava ficando inconsciente, uma pessoa sorrindo para mim com os seus cabelos castanhos.

- Você tem os cachos tão lindos Laila Antonelli Ferri Castro.

- Mamãe, eu odeio quando me chama assim. É só Laila.

Meu nome é Laila.

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