Capítulo 2

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Pov: Laila





Todo mundo esconde um segredo, seja de uma coisa besta a um grande pecado. E todos temos vergonha que alguém saiba esse segredo.

E comigo não era diferente, a não ser pelo fato de não conseguir me lembrar desse segredo.

Depois que eu acordei da sedação, o detetive fez um monte de perguntas. Como você chegou lá?. Onde estava antes?. Sabe quem são os seus pais?, entre outras perguntas. Mas eu não me lembrava.

O médico disse que era devido a contusão que tive na cabeça, isso fez com que as minhas memórias sumam temporariamente, e que não tem uma data certa para melhoria. Ele também explicou que eu estava muito magra e desidratada. E que poderia gerar anemia, então passou remédios e vitaminas.

Eu fiquei no hospital por mais três dias, eles estavam decidindo onde eu iria ficar, me disseram que a minha chegada trouxe um alvoroço na cidade, por conta que as outras meninas continuavam desaparecidas e sem nenhum rastro. Mas que agora elas tiam esperança.

Passei mais um dia calmo, somente eu e a televisão. Fiquei assistindo. "Doce vingança."  Entre outros filmes sangrentos, não sei porque, mais isso chamava a minha atenção.

— Não deveria assistir esse tipo de coisa. — olhei para a porta e vi a mulher do detetive Roger. Diferente dele, ela tinha uma face mais calma e angelical, seu lindos olhos cor esmeraldas, e seus cabelos castanhos um pouco acima do ombro.

— Eu gosto, é mais interessante do que romance. — dei pausa no filme e ela começou a se aproximar, seu rosto refletia preocupação. — Pela sua cara, suponho que não tenha encontrado os meus pais.

Ela negou com a cabeça. Fiquei um pouco despicienda, pelo o que eles me contaram, os meus pais foram embora depois de um ano do meu desaparecimento, eles mudaram de país e cortou todos os contatos com essa cidade.

— Infelizmente não querida, e eu também tenho outra notícia ruim para te dar. — se sentou ao meu lado, me concertei para prestar mais atenção no que ela falava. — A assistente social, falou que nenhum abrigo pode te receber, por ser maior de idade. — pegou em minha mão, como um sinal de que sentia muito pela minha maré de azar. — Mais, eu e o Roger conversamos, e decidimos receber você em nossa casa.

Eu fiquei sem reação, tentei falar. Mas nenhuma voz saia da minha boca, e ela fez um sinal para que a deixasse continuar.

— Não precisa ficar apavorada, a gente se sente bem em receber você lá, e não vai atrapalhar em nada, além do mais, podemos te ajudar a recuperar a memória. — me deu um sorriso singelo. Concordei com ela.

(...)

Assim que recebi alta, a Greta e o Roger me levaram para casa deles. Logo de vista era uma casa bastante grande em uma rua privilegiada. Eles me contaram que tiam um filho, só que ele não estava em casa por conta da faculdade.

Entramos na casa e logo vi a escada que leva para o andar de cima.

— Você vai ter que ficar no quarto do nosso filho, por que a casa está passando por reforma e o outro quarto disponível tá com muita bagunça. — me explicou a Greta enquanto subimos para o andar de cima.

— Mais em breve você vai ter um quarto só para você, assim que tiramos tudo. — acrescentou Roger. Segui pelo corredor depois de mais ou menos duas portas, chegamos ao quarto do filho deles. — Esse aqui é o quarto do Ramón, o nosso filho.

Abriram a porta do quarto e ele por dentro era verde e marrom, tinha uma janela e logo em baixo a cama de casal. Uma mesa com cadeira, criado mudo ao lado da cama, um armário de roupas e uma porta que levava ao banheiro. Tinha também uma prateleiras com troféus e medalhas, junto com fotos. Entrei no quarto e vi uma cômoda, com um porta retrato de um menino de cabelos castanhos enrolado e de olhos azuis, com uma garota de cabelos pretos e olhos castanhos.

Ela parecia família. Não comentei nada, fiquei quieta enquanto isso.

— Bom, eu troquei os lençóis e as fronhas. — a voz de Greta me fez virar para ela. — No armário tem cobertor limpo, e no banheiro tem toalhas limpas, assim como sapão e produtos de higiene novos. Eu comprei algumas roupas novas para você, e tá dentro do armário, qualquer coisa me chama. — deu um sorriso que eu retribui.

— Muito obrigada por mim deixar ficar aqui.

— Não tem de quê. Vamos deixar você sozinha agora. — ela e o marido saíram e eu fiquei sozinha.

Explorei o quarto, e achei no armário roupas masculinas que deveria ser do filho deles. Também tinha uma televisão pequena na parede do quarto. Fiquei olhando os quadros, que tinha essa menina, que parecia ser familiar para mim.

Alguma coisa me dizia que eu a conhecia. Decidi tomar banho, tirei o vestido que estava usando, e entrei no banheiro. Lavei o meu cabelo. Quando eu passei a mão sob uma cicatriz. Não senti dor, mas somente o volume.

Não sabia como ela tinha sido causada, mas se o médico não disse nada, é porque não é grave. Depois de tomar banho, sai do banheiro só de toalha e abri o armário, peguei uma calcinha e uma camisola afogada. Fui até a porta e tranquei. Fechei a janela com a cortina.

Com o cabelo ainda molhado eu deitei no chão olhando para o teto enquanto batucava os dedos. Não se passava nada em minha mente, eu apenas queria ficar assim, olhando para o nada. As vezes eu tinha a impressão de está sendo enterrada viva, sinto a areia pinicando o meu corpo, a textura, o ar faltando em meus pulmões o peso da terra.

Sinto tudo isso, o pavor, mas por algum motivo eu não consigo me movimentar, fico o tempo todo assim parada. Com os olhos fechados, consegui ouvir vozes, risadas de várias pessoas. Não sabia ao certo diferenciar, sinto até a minha cabeça doer.

E quando eu dou por mim acordo toda suada e com o coração acelerado. É sempre a mesma coisa, desdo dia em que cheguei nessa cidade. E eu estava disposta a descobrir quais segredos esse lugar escondia, porque eu tenho certeza que tem haver com a minha morte.

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