VENERANCE

𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈: "𝕮𝖔𝖗𝖔𝖆 𝕯𝖊 𝕰𝖘𝖕𝖎𝖓𝖍𝖔𝖘... 𝖊 𝕻𝖚𝖗𝖕𝖚𝖗𝖎𝖓𝖆."

A Emmeline, desde pequena, já tinha um sonho muito claro: ser popular. Mas não só qualquer popular, tipo aquela que aparece em uma foto de fundo de grupo de WhatsApp. Não. Ela queria ser *a* popular, o tipo de garota que todo mundo olha e já sabe o nome, que os professores amam, os alunos invejam, e as mães desconfiam. Só que, como a vida adora sacanear, ela nunca tinha o necessário para chegar lá. As pessoas ao redor dela tinham tudo, como aqueles figurinos de filmes adolescentes dos anos 2000. Bolsa de marca, festa no final de semana e claro, o mais importante: likes.

Emmeline sempre esteve ali, na linha do meio. Não era a mais pobre, mas também não era rica. Quando ela chegava na escola com aquela blusinha nova que a mãe comprou no outlet, via a Chiara e sua turma desfilando com roupas que provavelmente custaram mais do que o carro da mãe dela. Aquilo a matava por dentro, mas claro, sempre com um sorriso falso no rosto.

**Ela era perita nisso: fingir que tava tudo bem. Aliás, fingir era uma das suas maiores habilidades. Desde nova, criou a técnica do "quem tem boca fala o que quer". Emmeline começou a inventar histórias pra tentar parecer mais interessante.**

"Ah, claro, eu passei férias na Europa com meus pais. Nossa, o castelo da minha família na França é lindo, sabe? Postei no meu Insta, não viu?"

**Sendo que a real viagem dela foi pra casa da tia em outra cidade, onde passou o verão trancada num quartinho minúsculo. Mas ninguém precisava saber disso, né?**

Quanto mais ela mentia, mais gostava do resultado. Era como se a vida fosse um grande reality show, onde ela podia escolher seu próprio roteiro. E, claro, não dava pra sair do personagem. Quem a via pensava: "Essa garota tem tudo, é só questão de tempo até o sucesso chegar." Só que o sucesso não chegava.

**Uma vez, Emmeline resolveu que precisava de um grande golpe pra finalmente ser notada. Então, ela decidiu mentir sobre ter feito parte de um reality show, daqueles que passam de madrugada e ninguém assiste mesmo.**

Ela até contou que os produtores do programa tinham amado tanto ela que estavam negociando a participação em outra temporada. A história, claro, virou uma bola de neve. **Todo mundo queria saber os detalhes, mas ela sempre tinha uma desculpa pronta. "Ah, contrato de confidencialidade, sabe? Não posso falar nada por enquanto."**

**Mas no fundo, Emmeline sabia que a verdade era outra. Ela era uma garota comum, com uma vida comum, tentando desesperadamente se destacar. E a real é que, quanto mais ela inventava, mais sentia que estava se perdendo.**

Só que a popularidade que ela tanto queria começou a cobrar o preço. **As mentiras começaram a se acumular como as dívidas do cartão de crédito da mãe dela, e logo, o inevitável aconteceu: alguém descobriu.**

Um dia, depois de uma apresentação desastrosa onde todos estavam fofocando sobre ela nos corredores, Emmeline finalmente percebeu que precisava mudar o rumo das coisas. Só que, ao invés de aprender com os erros, ela decidiu que a única solução era criar uma mentira ainda maior, mais elaborada e mais convincente. Afinal, quem precisa de verdade quando pode viver na fantasia, né?

E foi aí que veio o toque final: um boato espalhado por ela mesma de que tinha sido convidada para morar em Los Angeles, porque uma agência de talentos viu o "potencial" que ela tinha. Agora, ela se tornaria a estrela que sempre quis ser. Ou pelo menos, era isso que ela queria que os outros acreditassem.

Emmeline sempre teve uma relação muito peculiar com a verdade. Quando ela tinha apenas 3 anos, seu talento para inventar histórias já começava a se mostrar. Ela estava na creche, um lugar que deveria ser o seu campo de treinamento para a vida adulta. E, claro, como toda boa história começa, tudo começou com uma boneca.