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Liana Hathaway

"Vou te dizer uma coisa, é sempre melhor quando estamos juntos..."

(Better Together - Jack Johnson)

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Na manhã seguinte, eu estava sentada à mesa da cozinha com Maya, deixando o tempo escorrer lentamente enquanto a observava. Ela mastigava calmamente uma fatia de torrada com geleia, os olhos semicerrados de quem estava confortável na própria rotina. Sua camiseta larga e o cabelo preso em um coque desajeitado revelavam o contraste entre seu jeito relaxado e a animação nervosa que ela escondia sob a superfície. O sol tímido da manhã entrava pela janela, banhando a cozinha em uma luz suave e acolhedora.

Eu, por outro lado, tentava disfarçar meu nervosismo. Mesmo que já estivesse acostumada com situações assim, começar num lugar novo sempre me deixava ansiosa. Minhas mãos não paravam quietas, mexendo incessantemente na alça da bolsa que repousava no meu colo. Finalmente, ela quebrou o silêncio com um sorriso malicioso nos lábios, que denunciava o quanto ela estava se divertindo com aquilo.

— Então, animada para o seu grande primeiro dia de aula? — perguntou, a voz carregada de uma provocação divertida enquanto levava a xícara de café aos lábios.

— Ah, claro, animadíssima —   retruquei, tentando soar entusiasmada, mas o sarcasmo era impossível de esconder. Revirei os olhos enquanto passava o polegar distraidamente sobre o tecido da bolsa. — Afinal, não é todo dia que uma vampira de quase duzentos anos se matricula no ensino médio.

Ela soltou uma risada gostosa, o tipo de riso que você solta quando realmente se diverte às custas de alguém. Colocou a xícara de lado e mordeu mais um pedaço da torrada, mastigando devagar como se estivesse saboreando cada segundo da minha pequena agonia.

— Bem-vinda ao novamente ensino médio, querida — disse com um tom divertido, inclinando-se na cadeira. — E lembre-se, se alguém perguntar, sou sua mãe. Melhor você praticar. "Mãe, posso pegar a chave do carro? Mãe, posso ir na festa do fim de semana?"

Revirei os olhos mais uma vez, me levantando da cadeira com um suspiro teatral. Peguei a bolsa e a joguei sobre o ombro, enquanto a observava com uma expressão que misturava resignação e carinho.

— Você realmente está se divertindo com isso, não é? — perguntei, cruzando os braços, mas não conseguindo esconder o pequeno sorriso que começava a se formar.

Maya deu de ombros, se recostando na cadeira com um ar de superioridade teatral.

— Ah, querida, você não tem ideia! — disse, rindo de novo, seus olhos brilhando com aquele toque travesso que me fazia lembrar por que eu confiava tanto nela. — Agora vai logo antes que eu te obrigue a ir de carro comigo, e você não quer isso.

A imagem dela me levando até a escola, buzinando alegremente e acenando para todos os alunos enquanto me deixava na entrada me fez estremecer. Segurei o riso, tentando manter a compostura.

— Tudo bem, "mãe" — brinquei, enfatizando a palavra com sarcasmo enquanto me dirigia para a porta.

Antes de sair, virei-me uma última vez para ela, que agora acenava de forma exagerada com a mão, rindo como se tudo fosse uma grande piada particular.

— Boa sorte no seu primeiro dia, minha filha! — ela gritou, zombando com entusiasmo enquanto eu balançava a cabeça e fechava a porta atrás de mim.

• • •

Ao chegar no colégio, percebi o efeito que a minha presença estava causando. Os olhares começaram assim que coloquei o pé no estacionamento. Era como se o tempo tivesse parado, todos os alunos que estavam por ali congelaram seus movimentos para me observar. A cidade claramente não tinha muita novidade para oferecer se minha chegada já era motivo de tanta atenção.

Sussurros na neve | Carlisle e Esme CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora