Os ratos saem do esgoto

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A ambulância havia levado o corpo de Ícaro há algum tempo

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A ambulância havia levado o corpo de Ícaro há algum tempo. Todo mundo no campus soube que ele tinha caído; todo mundo queria saber como, mas ele estava desacordado.

O telefone de Juan apitou; era uma notificação de Aline. Ela dizia:

"O Ícaro caiu da janela do quarto dele. Há sinais de espancamento, e o apartamento está todo revirado, decidi avisar porque ultimamente vocês tem se comido"

O mundo começou a ficar zonzo, mas não porque Juan estava preocupado com Ícaro... e sim porque ele sabia quem tinha feito aquilo: Guilherme.

— Foi você não foi? — Guilherme estava do outro lado da linha. As mãos de Juan tremiam ao segurar o celular. — Você está bem? Sei que vocês brigaram.

— Estou... estou sangrando, mas estou bem. Se ele não morreu... — ele pensou se deveria falar aquilo mesmo, e decidiu prosseguir. — que ele tenha pelo menos ficado paraplégico. — A voz de Guilherme permanecia normal, sem parecer preocupado, sem hesitar com o fato de ser um possível assassino. — Além disso... ele mereceu.

— Como... como você consegue ficar assim, tão tranquilo? Onde você está?

— Não vem atrás de mim. Não quero que você me veja ser preso caso aquele imbecil tente fazer alguma coisa.

— Nem precisa responder... eu sei que você está no cemitério. Estou indo para aí...

— Já falei para não vir...

— Seu idiota! — a voz de Juan subiu, nervosa. — Você acha que está falando com seu irmão? Eu vou, e pronto! — disse Juan autoritário. — E se você desaparecer, eu vou atrás de você. Você deve estar todo machucado. Vou cuidar de você, tá me ouvindo?

— Não precisa, mano!

— Que mano o quê, rapaz? Tá me tirando?! Você foi lá, espancou o cara por minha causa, e eu... eu não posso te ajudar? Nossa amizade virou unilateral agora?

— Como você é teimoso.

Juan nem respondeu. Apenas desligou o telefone. Foi até o guarda-roupa, pegou uma roupa para Guilherme vestir. Ele era maior que ele mas serviria. Pegou o kit de primeiros socorros, uma coberta para o caso de Guilherme decidir dormir na cama que tinha lá na casa abandonada.

Ao chegar, viu o amigo. Todo machucado. O rosto de Guilherme sangrava, marcado por cortes. Juan caminhou em direção a ele. Guilherme ia agradecer, mas...

— Va... — Juan deu um tapa no rosto dele.

— Juan! Você tá maluco!? — Ele ficou surpreso não esperava isso.

— Maluco, eu? Eu tô são! Maluco é você! — Juan apontou o dedo, indignado. — Pra que você foi lá arrumar briga com o menino por minha causa? Eu sei me cuidar! Às vezes você quer proteger todo mundo, mas acaba se colocando em risco. Você acha o quê? Que o Daniel ia querer o irmão preso? Você pensou nisso?

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