Rayssa e Juan

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Às duas horas da tarde, o sol de fim de verão espalhava seu calor sobre a paisagem

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Às duas horas da tarde, o sol de fim de verão espalhava seu calor sobre a paisagem. O céu, tingido de um azul vibrante, contrastava com o brilho metálico do carro luxuoso que Juan dirigia. O motor ronronava suave, mas no peito dele, o coração parecia um tambor ritmado pela ansiedade que não conseguia esconder.

Ele estacionou diante do prédio da sociedade Scarlat, e Rayssa já o aguardava, passos decididos e semblante firme. Os olhos dela não escondiam a impaciência – um misto de frustração e pressa. O olhar dela sobre ele era quase como o de alguém tentando decifrar sentimentos não ditos, medos disfarçados.

— Finalmente, Juan, — ela disse, com um tom entre o alívio e a cobrança. — O que te atrasou tanto?

Juan desviou o olhar, fixando-se no volante como se estivesse prestes a revelar algo mais profundo do que uma simples desculpa.

— Estava comendo. — disse, seco, como se as palavras estivessem carregadas de algo mais do que mera fome. Rayssa percebeu, e o silêncio denso que se seguiu parecia amplificar as emoções presas entre eles.

Após um breve momento, Rayssa quebrou o silêncio com um toque de suavidade.

— Meu pai está a caminho. E junto dele... — fez uma pausa, como se escolhesse as palavras que poderiam desencadear a reação certa —, vem um carregamento que promete fazer dessa noite algo memorável. A festa será para poucos e é crucial que estejamos... impecáveis.

Juan assentiu, já pronto para escapar da pressão daquela conversa. Mas Rayssa continuou, com um brilho nos olhos que denunciava algo mais.

— Ah, e Guilherme virá com ele. Daniel ainda não sabe; vai ser uma surpresa.

Os ombros de Juan enrijeceram. Ele tentou disfarçar a tensão que brotava como um alarme, mas seu rosto o traiu. Um ligeiro tremor nos lábios e o brilho umedecido nos olhos. Era como se a presença de Guilherme tivesse trazido à tona algo que ele preferia deixar enterrado.

Rayssa, com uma preocupação sincera, se aproximou. Colocou a mão no ombro dele, como se pudesse ancorá-lo em algo sólido.

— Está tudo bem? — sussurrou, a voz carregada de uma gentileza que quase doía.

Juan não conseguiu evitar que um sorriso nervoso e amargo escapasse.

— Guilherme... — murmurou, cada sílaba tremendo com o peso de uma história não contada. — Ele é passado. Mas... é como se ele não soubesse disso.

O silêncio voltou, mais denso que antes. Rayssa, percebendo a vulnerabilidade de Juan, tocou suavemente sua mão.

— Por que não passa a noite na mansão? Vai te fazer bem.

Sem resposta, Juan apenas assentiu. Ele permaneceu em silêncio enquanto dirigiam em direção à mansão, as mãos apertando o volante com uma leve tensão que Rayssa notou, mas respeitou. O caminho estava envolto em uma calmaria peculiar, com o mundo exterior esmaecido pelo sol que se dissipava entre as árvores, e o único som era o motor suave do carro. Quando chegaram à mansão, um símbolo de imponência que contrastava com o tumulto interior de Juan, ele se deixou levar pela tranquilidade do ambiente, mas sentia um peso invisível, o peso de um passado que nunca pareceu querer deixá-lo em paz.

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