Daniel e sua mãe aguardavam em uma sala de espera silenciosa e decorada com tons neutros. O espaço era cuidadosamente organizado para transmitir uma sensação de calma, com paredes revestidas de quadros abstratos em cores suaves. Algumas plantas em vasos elegantes distribuíam-se pelos cantos, e o som suave de uma música ambiente criava um fundo quase imperceptível. Apesar disso, o ar estava impregnado de tensão. Daniel, sentado ao lado da mãe, movia suas pernas com inquietação, uma perna batendo rapidamente no chão em um ritmo constante. Suas mãos, levemente trêmulas, estavam entrelaçadas no colo, os dedos apertando um ao outro em um gesto involuntário de ansiedade.
O psiquiatra finalmente os chamou. Eles se levantaram, Daniel sentindo uma onda de suor se formar na nuca, e seguiram em direção ao consultório. O médico, um homem de meia-idade com um semblante grave, os cumprimentou e indicou que se sentassem. Após um breve silêncio, ele iniciou a conversa com a voz ponderada e profissional que o caracterizava.
— O motivo pelo qual pedi para vê-los hoje — Começou o médico. — É para discutir os resultados das avaliações psicológicas que realizamos com Daniel. — Ele fez uma pausa, permitindo que suas palavras se assentassem. — Com base nas observações clínicas, nas entrevistas estruturadas e nas respostas aos testes projetivos e de personalidade, concluímos que Daniel apresenta características consistentes com o Transtorno de Personalidade Borderline.
O silêncio que se seguiu foi denso. Daniel, sentindo o peso da notícia, baixou os olhos, fixando-os em um ponto indefinido no chão enquanto o psiquiatra prosseguia.
— Este transtorno é caracterizado por uma instabilidade emocional intensa, relacionamentos interpessoais tumultuados, medo de abandono e, em muitos casos, comportamentos impulsivos. As emoções podem ser sentidas de maneira extremamente intensa, o que torna as reações emocionais mais difíceis de gerenciar. A avaliação que realizamos sugere que estas características se manifestaram de maneira significativa em Daniel.
O médico fez uma pausa, observando atentamente a reação de ambos.
— Agora, em termos de tratamento, o transtorno borderline pode ser abordado de várias maneiras. A psicoterapia, especialmente a Terapia Comportamental Dialética (DBT), tem mostrado grande eficácia. A DBT foca em ajudar o paciente a desenvolver habilidades para lidar com as emoções de maneira mais adaptativa. Em alguns casos, pode-se considerar a introdução de medicação para ajudar a estabilizar o humor e controlar impulsos, mas isso dependerá de uma avaliação contínua.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Salve sua alma
Misterio / SuspensoDaniel, um jovem prodígio brasileiro, conquista uma cobiçada bolsa de estudos em uma renomada universidade nos Estados Unidos. Ao chegar, é seduzido por um seleto e enigmático círculo de elite, onde promessas de poder irrestrito e influência seduzem...