máscaras caídas e risadas sinceras

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Harry's POV**

Já estávamos saindo da comunal da Grifinória. Vejo Hermione de longe e aceno para ela. Ela faz uma cara de nojo e aponta com os olhos para Malfoy. Dou um sorriso de canto e abro a porta, seguindo em direção à comunal da Sonserina. Fecho a porta e vejo que Malfoy está parado. Ele não diz nada, então fico parado também, pois é ele quem sabe o caminho, já que a comunal é dele. Ele parece estar em seus próprios pensamentos, olhando pela janela.

— Draco, a gente precisa ir para a sua comunal, e eu não sei o caminho. Não sei se você esqueceu, mas eu não sou sonserino — termino de falar e percebo que usei "Draco" em vez de "Malfoy". Ele se vira para mim.

— Ah, foi mal. É por ali — ele fala com um tom baixo e sinaliza para eu segui-lo.

O caminho é relativamente longo. A comunal da Sonserina fica no subsolo. A caminhada é mais silenciosa do que de costume, mas é um silêncio desconfortável, como se palavras quisessem sair, mas não saíssem. Quando chegamos ao subsolo, a temperatura cai e escuto o barulho de água. Ele me pede para continuar seguindo-o. Entramos por uma porta preta com detalhes em prata. Dentro da comunal, noto grandes diferenças em relação à da Grifinória: poucas pessoas, quase nenhum barulho, estantes de livros, teto alto com brasões de cobras. A maioria das coisas é preta e de couro. Uma lareira com fogo verde baixo me chama a atenção, localizada em um canto. Há sofás de couro espalhados pelo ambiente, janelas altas, todas fechadas, algumas com vitrais. Lá dentro, é frio, e em um canto perto da janela é possível ver o lago, alguns sereianos e algas, embora a água esteja muito turva. As luzes são baixas.

Ele continua andando até chegarmos a um corredor com várias portas, a maioria com plaquinhas decoradas com sobrenomes e brasões. Os quartos são separados, o que me surpreende, já que na Grifinória eles são compartilhados. Ele murmura algo baixo e a porta se abre. Ele faz sinal para eu entrar.

— Seja bem-vindo — ele diz, sentando-se na cama.

Eu me junto a ele. Ele abre a gaveta e começa a pegar algumas coisas. Em seguida, tira uma mala de couro com as iniciais "DM" bordadas em prata. Observo o quarto dele: lençóis de cetim verde, em um tom bem escuro, uma luminária na mesa de cabeceira junto a uma caixa de lata de doces, uma escova de cabelo com fios loiros e um porta-retrato que parece ser de sua mãe com ele. Me aproximo e pego o porta-retrato. Vejo Malfoy quando criança. Ele está rindo, usando um pijama verde, e Narcisa aparece ao fundo. Ele está com o cabelo bagunçado, de pantufas, e parece muito feliz. Narcisa parece preocupada, mas sorri para a foto. Quebro o silêncio e comento:

— Até que você era uma criança fofa.

Ele me olha como se eu tivesse dito a maior barbaridade de todas e só faz um sinal de agradecimento com a cabeça. Ele pega alguns livros, roupas, um pijama, perfume e loção. Ficamos ali naquele silêncio por um tempo. Quebro o silêncio de novo e tento puxar assunto:

Fico pensando em como um garoto que sorri numa foto poderia se tornar o jovem tão cheio de inseguranças e conflitos que conheço agora. 

— Você tem alguma foto com seu pai? — pergunto, tentando continuar a conversa. Não acho que ele vá responder, mas o silêncio se torna insuportável; minha vontade era enfiar minha cara em um buraco.

Ele hesita, seus olhos se fixam na janela no canto da sala. Depois de um momento, ele responde: 
— Não, não tenho. Ele nunca esteve realmente lá, sabe? — A frustração em sua voz é perceptível. — Sempre mais preocupado em manter a aparência e o nome da família do que em ser um pai de verdade.

A sinceridade de sua resposta me surpreende. Nunca pensei que, por trás daquela fachada de superioridade e arrogância, houvesse alguém que anseia por reconhecimento e carinho. Ele não parecia o Malfoy que eu conhecia antes.

Amor no Ódio: A Dualidade do SentirOnde histórias criam vida. Descubra agora