Sete

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I'm not afraid of you now

A manhã soava tão tranquila, que nem sequer parecia que no porão do Chalé 14A havia um corpo de uma garota de dezessete anos apodrecendo feito carne esquecida no congelador.

Miguel realmente não parecia diferente, falando com Mason como sempre, talvez não tivesse notado a movimentação estranha.

Thames agradecia por isso, não queria ter o corpo de um ator num porão.

— Algum plano pra hoje Mai? — o moreno questionou ao se aproximar do amigo.

Mason deu de ombros.

— Nenhum, talvez recupere minha garrafa.

— Você tem certeza que não quer que eu fale com Athena sobre isso? — O cacheado negou com a cabeça, até porque era impossível.

— Não é como se ela fosse um morto vivo que vai arrancar minha pele e comer a carne por de baixo dela. — suas palavras saíram com uma naturalidade surreal, não como se fosse algo nojento, apenas rotineiro.

— Não acha que foi específico demais, senho Thames? — Miguel debochou. Era como se soubesse de algo.

— Não acha que faz perguntas demais? — Lhe respondendo com outra pergunta, agora parecia pessoal.

Mora negou com a cabeça.

— Tenho coisa pra fazer, até mais tarde Mai. — e sem mais explicações alguma, o moreno saiu sem nem olhar pra trás.

Isso deixou Mason desconfortável, ou algo assim.

Porém ele esqueceu isso rápido, tinha um corpo em seu porão, e se apenas o deixasse ali o cheiro seria perceptível.

O cacheado desceu o alçapão que dava no maldito porão, lá apenas fedia a sangue seco e alvejante.

Athena, ou oque alguma vez já foi ela, deve seu corpo jogado sobre uma mesa velha, provavelmente descartada pelo próprio acampamento, talvez os porões nos quartos servissem pra isso, pra jogar coisas fora.

— Queria muito que você pudesse ver sua cara agora. — o loiro sorriu ao se aproximar. — mas mesmo que estivesse viva, não teria olhos pra poder enxergar.

Apreciando sua obra de arte, o garoto observou o sangue já seco sobre as roupas do cadáver, o rosto agora sem pele revelava músculos que ainda tinhas leves espasmos, mas quando o coração para de bater já não tem mais sangue pra escorrer em lugar algum.

Falando em coração, ele se encontrava jogado em uma caixa de papelão cortada com plástico, juntamente com os restos de suas vísceras e talvez sete ou cinco dentes.

Mason não fazia questão alguma de encostar no corpo, não podia parecer que saiu direto de um filme do massacre da serra elétrica logo de manhã.

— Você é uma pessoa tão horrível que sua carne deve ter apodrecido antes mesmo de você morrer, o gosto pode ser tão ruim que nem da vontade de provar. — resmungou Thames.

Olhando mais de perto, pode ver algumas moscas voarem por dentro das costelas sem organs da menina.

— Mesmo morta você ainda me atrapalha. — olhando em volta do quarto ele pode notar algo como um freezer, ou só uma caixa retangular enorme.

𝐂anibal Camping - MisonOnde histórias criam vida. Descubra agora