A história é simples

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A história é simples. Menina confusa se deixa levar pela pressão do pai para namorar o seu melhor amigo do colégio. Afinal, ele é um bom rapaz e vai herdar muitos hectares de fazendas pela região.

O tempo vai passando e mesmo com toda a confusão dentro dela, ela vai se acomodando e até aceita o pedido de casamento que vem numa hora um tanto inapropriada, ela só tem 21 anos. Mas isso ia fazer o pai dela feliz e bom, o que mais ela precisa além disso? Ver seus pais felizes e orgulhosos.

Ela já não se encaixava muito bem pois nunca gostou de montar a cavalo, como sua mãe ou tirar leite de vaca e cuidar de galinhas, como o seu pai. Carol gostava dos livros e dos jogos de tabuleiros. Ela não queria ser veterinária ou agrônoma, ela queria ser fisioterapeuta e professora. E ali ela não conseguiria realizar nada disso.

Carol precisava de mais. Carol queria conhecer o mundo. Viajar. Experimentar comidas novas. Conhecer novas culturas. Queria estudar fisioterapia para ajudar as pessoas. Ela queria tanto. Mas presa num lugar onde ela não poderia fazer isso, não adiantava.

Oliver dizia que não valia à pena estudar, eles iriam se casar e ela teria que ser uma boa dona de casa e uma boa mãe para os seus filhos.

Mas Carolina nem sabia se queria ter filhos. Na verdade, ela nem sabia se gostava do Oliver assim. Ou de algum outro homem.

Mas ela tinha um destino e sabia onde queria chegar.

No início foi um choque para todo mundo. Como assim Carol vai se mudar sozinha para o Brasil? Como assim Carol vai lagar tudo para trás para viver seu sonho?

Ela chegou até ser taxada de "a ex-noiva cruel" por ter deixado Oliver para trás depois de terminar a faculdade. Lugar onde ela brigou muito para estar.

Mas ela nunca voltou. Ou se arrependeu de ter ido. Pelo contrário, hoje ela é feliz.

Hoje Carol vive a vida que sempre quis viver. Tem o emprego dos sonhos, e mais ainda, hoje ela também dar aulas na melhor universidade do Rio de Janeiro. E encontrou o amor. O amor da sua vida.

Foi aí que ela entendeu quem era e do que gostava.

Para Carol, Natália é o soninho da tarde de domingo. Um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Promessas de dedinho. Ondas do mar. Pôr do sol. mpb. Sexta-feira depois do trabalho. Abraços confortantes. Beijos de bom dia. Perfume doce. Livros românticos. Mãos dadas.

Ela é tudo.

Ela é.

Amor.

E já que Natália é o bom da vida de Carol, a cientista nunca falou do outro lado da vida dela.

Porque o Oliver é uma calça apertada. Ônibus lotado. Vozes altas. É dormir de dia e acordar quando já é noite. Fim do dia de domingo. A vinheta do Super Cine. O fio de cabelo que fica por dentro da blusa.

Tudo o que incomoda. Porque não encaixa. E mesmo que você tente, que mude, que se esforce, os sentimentos nunca vão sair de você. Eles nunca vão embora.

E foi por isso que um belo dia Carol resolveu mudar e fazer tudo o que queria fazer.

Mas será que Natália entenderia isso antes de ficar brava pela namorada nunca ter contado que já foi noiva de alguém?

E que por isso casamento a assustava.

Depois de um silêncio um pouco constrangedor, Oliver se juntou a eles na mesa e outros papos foram deixando o ambiente mais agradável.

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