Era uma noite abafada, e o silêncio tomava conta do quarto de Ulisses. Os ventiladores faziam um som constante, misturado com os ruídos distantes da cidade. Ulisses e Gabriel estavam deitados juntos na cama, finalmente sozinhos depois de tanto tempo de medo e tensão. Eles tinham passado meses escondendo o que sentiam, com olhares rápidos nos corredores da escola, toques discretos nas esquinas e mensagens trocadas tarde da noite.
Agora, ali, deitados lado a lado, o mundo parecia diferente.
— Cara, é tão estranho... — Ulisses começou, virando-se para encarar Gabriel, os olhos brilhando sob a luz fraca do abajur. — Aqui, com você, parece que tudo faz sentido, mas lá fora... sei lá, é tipo outro mundo.
Gabriel riu baixinho, mexendo no cabelo de Ulisses. — Eu sei. Quando a gente tá junto, parece que todo o resto desaparece. Mas aí eu lembro de tudo, minha família, a igreja... e me dá um nó.
— E você acha que vai dar pra esconder isso pra sempre? — Ulisses perguntou, a voz mais baixa agora, como se o peso da pergunta pudesse quebrar o momento.
Gabriel ficou em silêncio por um segundo, os olhos no teto. — Não sei. Mas enquanto der, eu vou tentar. Pelo menos aqui, a gente pode ser de verdade, sabe?
Ulisses se aproximou mais, sentindo o calor do corpo de Gabriel contra o dele. — Eu odeio ter que esconder isso. Mas quando tô com você... eu esqueço o resto, mesmo que só por um tempo.
Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas aproveitando a presença um do outro. O calor da noite, misturado àquele clima íntimo, começou a mexer com eles de outra forma. Gabriel olhou para Ulisses, seus olhos percorrendo cada detalhe do rosto dele, como se quisesse gravar tudo na memória.
— Você é tão bonito — Gabriel disse, com um sorriso meio tímido, meio travesso. — Nunca te falei isso assim, mas... caramba, é difícil de acreditar que você é meu.
Ulisses riu, desviando o olhar por um segundo, um pouco sem jeito. — Eu amo esse seu jeito nerd — respondeu, com um sorriso divertido, fazendo Gabriel rir.
Gabriel se aproximou mais, os rostos agora quase colados. Ele tocou de leve o queixo de Ulisses, puxando-o para um beijo suave, mas cheio de desejo reprimido. A tensão que vinha se acumulando nos últimos meses parecia finalmente estar se libertando. As mãos de Gabriel deslizaram pelos braços de Ulisses, puxando-o para mais perto, enquanto os beijos se tornavam mais intensos, como se cada um estivesse colocando todo o sentimento guardado naqueles momentos.
— Sempre quis fazer isso — Gabriel murmurou contra os lábios de Ulisses, respirando pesadamente. — Ficar com você sem ter que me preocupar com quem vai ver.
Ulisses riu, seus dedos deslizando pela nuca de Gabriel. — Então não pensa nisso agora. Aqui, ninguém tá olhando.
Eles continuaram se beijando, as mãos explorando o corpo um do outro, com toques suaves que logo se tornaram mais ousados. Gabriel puxou Ulisses para cima dele, os corpos agora completamente conectados. O calor entre eles era palpável, e as respirações ficavam cada vez mais rápidas.
— A gente não precisa ir rápido — Gabriel disse, os olhos sérios, mas cheios de carinho. — Eu quero que isso seja especial.
Ulisses assentiu, o coração batendo acelerado. — Eu sei... mas, cara, eu confio em você. Eu sempre confiei.
A noite continuou, com momentos de toques suaves, beijos intensos e risadas abafadas. Eles estavam descobrindo juntos o que significava ser vulnerável, compartilhar aquele espaço tão íntimo e fazer disso algo mais do que apenas desejo. Havia uma conexão ali, algo que transcendia o físico.
Depois de algum tempo, deitados de novo lado a lado, Gabriel passou o braço em volta de Ulisses, puxando-o para mais perto. O silêncio que se seguiu não era desconfortável. Pelo contrário, era como se as palavras não fossem mais necessárias.
— Sabe o que é engraçado? — Ulisses disse, quebrando o silêncio com um sorriso no rosto. — A Beltran e o Yeonjun. Eles estão juntos agora.
Gabriel riu, surpreso. — Sério? Eu não sabia dessa. Como assim?
— Ah, você conhece a Beltran, né? Toda calma, na dela. Aí ela começou a sair com o Yeonjun, um artista todo cheio de energia, sempre rodeado por fãs. Ela contou que ele ama muito ela, mas às vezes fica difícil por causa do jeito dele e da fama. Mesmo assim, eles funcionam juntos de um jeito que ninguém esperava.
Gabriel sorriu, balançando a cabeça. Isso é muito a cara da Beltran. Mas fico feliz por ela. Parece que, de alguma forma, todo mundo tá tentando fazer isso dar certo, né?
Ulisses concordou, descansando a cabeça no peito de Gabriel. — É. Acho que, no fundo, todo mundo tá tentando encontrar um jeito de ser feliz, mesmo que as coisas não façam sentido pra quem tá de fora.
Gabriel beijou o topo da cabeça de Ulisses, sentindo o conforto daquele momento. É... talvez a gente nunca consiga contar pro mundo sobre a gente, mas aqui... aqui tá tudo certo. E isso já é muito.
A noite seguiu tranquila, e mesmo com as incertezas do mundo lá fora, naquele quarto, Gabriel e Ulisses estavam em paz. Eles sabiam que o caminho ainda seria cheio de desafios, mas também sabiam que, juntos, eram mais fortes.
ఇ.
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Oapen (ABO)
FanfictionO Amor Proibido Entre Nós: Gabriel, um alfa cristão, e Ulisses, um ômega sensível, compartilham uma amizade profunda que se transforma em amor, apesar de viverem em um mundo que os condena. O pai homofóbico de Ulisses e os valores religiosos de Gab...