Gabriel e Ulisses sempre tiveram uma conexão especial, algo que ia além da amizade comum, e isso não passava despercebido para suas amigas mais próximas, Sophya e Beltran. As duas eram melhores amigas desde a infância, inseparáveis, como duas metades de um todo. Observadoras, sempre notaram algo diferente na forma como Ulisses e Gabriel interagiam. Elas sabiam que existia algo mais profundo, algo que nem mesmo os dois garotos ainda tinham compreendido completamente.
Ulisses sempre olhava para Gabriel com uma intensidade que o denunciava. Seus olhos brilhavam quando ele falava ou quando Gabriel ria de suas piadas. Mas, por mais que tentasse disfarçar, Sophya e Beltran perceberam o quanto aquele olhar era cheio de admiração e carinho. Sabiam que Ulisses estava apaixonado, mesmo que ele ainda não admitisse isso abertamente. Ele era o tipo de pessoa que sempre buscava respostas para seus sentimentos, mas a verdade estava clara: o amor dele por Gabriel ia além do que ele conseguia colocar em palavras.
O mundo ABO (Alfa, Beta, Ômega) no qual viviam trazia seus próprios desafios. Ulisses era um ômega, o que o tornava mais sensível e emocional, e isso só intensificava seus sentimentos por Gabriel. Ele sentia uma atração irresistível, uma conexão quase primal que o puxava para o amigo. Gabriel, por outro lado, era um alfa — forte, protetor e, sem que percebesse, seu instinto sempre o levava a cuidar de Ulisses.
Apesar de Gabriel ser reservado, sua postura como alfa o fazia sempre ficar atento a Ulisses, protegê-lo de forma discreta, como se houvesse uma ligação invisível que os mantinha próximos. Não era apenas amizade, e isso também incomodava Gabriel em algum nível, pois, como cristão, ele tentava seguir os ensinamentos da sua igreja, o que o fazia lutar contra esses sentimentos que, aos poucos, se tornavam mais difíceis de ignorar.
A revelação de seus sentimentos veio numa tarde quente de primavera. O quarteto estava no parque, deitados na grama, aproveitando a brisa suave e rindo de uma piada que Sophya havia contado. Beltran olhava para o céu, entretida, mas Sophya, sempre atenta, não desviava os olhos de Ulisses e Gabriel. Ela tinha certeza de que algo estava para acontecer.
Ulisses estava mais quieto do que o normal, seu olhar fixo em Gabriel, que falava distraidamente sobre algo da escola. Os olhos de Ulisses brilhavam com um misto de desejo e medo. Sophya se inclinou para Beltran, sussurrando:
— Eles não vão aguentar muito mais tempo assim, você sabe disso, né?
Beltran, pragmática como sempre, deu de ombros, mas não pôde evitar um sorriso de canto.
— Só estou esperando o dia que eles vão admitir isso pra si mesmos.
E elas estavam certas. O silêncio entre Gabriel e Ulisses começou a pesar mais do que as palavras trocadas. Até que, em um momento de coragem, Ulisses falou baixo, mas com determinação:
— Gabriel, eu preciso falar com você... sozinho.
Sophya e Beltran se levantaram, como se já tivessem combinado aquilo, e foram pegar sorvetes, deixando os dois amigos ali, debaixo da sombra de uma grande árvore.
Gabriel olhou para Ulisses com uma expressão curiosa, mas também cautelosa. Ele sabia que havia algo ali, algo entre eles que sempre evitavam discutir, mas agora parecia inevitável.
— O que foi? — Gabriel perguntou, tentando soar casual, mas seu coração acelerava.
Ulisses respirou fundo, lutando contra a onda de sentimentos que o invadia. Ele olhou para Gabriel, seus olhos cheios de sinceridade e dor.
— Eu não consigo mais esconder isso... não de você.
Gabriel franziu a testa, confuso, mas sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ulisses continuou, sua voz tremendo:
— Eu te amo, Gabriel. Não só como amigo. Eu te amo de verdade. Eu sei que isso é errado, sei o que seu Deus diz, sei o que meu pai diria... mas não consigo mais fingir que não sinto isso.
Gabriel ficou em silêncio, sua mente girando. O peso das palavras de Ulisses caiu sobre ele como um fardo, misturado com a confusão de seus próprios sentimentos. Tudo o que ele havia tentado negar estava ali, exposto, e ele não sabia como lidar com isso.
— Ulisses... — Gabriel começou, hesitando. — Eu... eu não sei o que dizer.
Ulisses baixou o olhar, sentindo as lágrimas se formarem. Ele já esperava por isso, já sabia que o que sentia era proibido, mas ainda assim, a rejeição machucava.
Mas então, algo inesperado aconteceu. Gabriel, num impulso que nem ele entendia completamente, se inclinou para Ulisses, segurando seu queixo suavemente, fazendo-o olhar novamente em seus olhos.
— Eu também não consigo mais esconder — Gabriel murmurou, sua voz baixa e cheia de emoção. — Eu sinto o mesmo, Ulisses. Eu só não sei como lidar com isso.
A confissão pegou Ulisses de surpresa, e seus olhos se encheram de esperança. Gabriel, o garoto que ele amava, sentia o mesmo. Mas eles sabiam que não seria fácil. O mundo em que viviam não os aceitaria, e o pai de Ulisses seria o maior obstáculo.
No entanto, naquele momento, debaixo daquela árvore, nada mais importava além deles dois. Gabriel, o alfa, e Ulisses, o ômega, finalmente se encontravam em um laço inquebrável, desafiando tudo o que acreditavam e todas as barreiras que a sociedade impunha. Eles se abraçaram, sentindo o calor um do outro, sabendo que, apesar de todas as dificuldades que viriam, aquele amor era real.
Sophya e Beltran, observando de longe, trocaram um olhar cúmplice. Elas sabiam que aquele momento estava por vir, e agora, tudo seria diferente.
- Até o próximo capítulo! ♡
VOCÊ ESTÁ LENDO
Oapen (ABO)
FanficO Amor Proibido Entre Nós: Gabriel, um alfa cristão, e Ulisses, um ômega sensível, compartilham uma amizade profunda que se transforma em amor, apesar de viverem em um mundo que os condena. O pai homofóbico de Ulisses e os valores religiosos de Gab...