O tempo passou, e o Brasil estava imerso em um cenário político fervoroso. Gabriel e Ulisses, vivendo seu relacionamento em segredo, acompanhavam de perto os discursos e as manifestações que tomavam conta das ruas. Políticos como Pablo Marçal e Bolsonaro eram figuras centrais de um movimento conservador que defendia os valores cristãos e a família tradicional. Para muitos, incluindo as famílias de Gabriel e Ulisses, esses políticos representavam esperança e ordem em meio ao caos social.
Curiosamente, apesar de estarem juntos de uma forma que não seria aceita pela sociedade conservadora que defendia esses políticos, Gabriel e Ulisses não se sentiam totalmente contrários a eles. O conflito interno era real: ao mesmo tempo em que viviam um relacionamento proibido aos olhos do mundo, eles sentiam que as mensagens de Marçal e Bolsonaro, especialmente no que se referia à proteção da família e da moralidade, faziam sentido em outras áreas de suas vidas.
Naquele domingo, a cidade estava tomada por uma grande manifestação em apoio a Bolsonaro e Marçal. Gabriel, como sempre, estava ao lado de sua família, carregando uma bandeira do Brasil. Seus pais, fervorosos apoiadores dos políticos, acreditavam firmemente que esses homens estavam lutando pelo futuro da nação. Gabriel, apesar das contradições em sua vida, encontrava uma certa paz em fazer parte daquela multidão.
Ulisses, por outro lado, tinha sentimentos mais conflitantes. Ele sabia que sua própria existência, como alguém que amava Gabriel, estava em desacordo com a visão de mundo promovida por esses políticos. No entanto, como filho de uma família extremamente conservadora, ele também estava na manifestação, segurando cartazes e cantando as palavras de ordem. Ele não podia negar que, em muitos aspectos, se sentia parte daquele movimento — mesmo que, no fundo, ele soubesse que seu amor por Gabriel não seria aceito.
Sophya e Beltran, que observavam tudo à distância, estavam confusas com a posição de seus amigos. Elas sabiam da verdade por trás do relacionamento de Gabriel e Ulisses, e não conseguiam entender como eles podiam apoiar políticos que representavam tudo o que eles precisavam esconder.
— É como se eles vivessem duas vidas — Sophya comentou, enquanto via a multidão marchando com bandeiras. — De um lado, eles amam um ao outro. Do outro, apoiam pessoas que não aceitam o que eles são.
Beltran suspirou, cruzando os braços. — Talvez seja o único jeito de sobreviver nesse mundo. Eles apoiam porque acreditam em outras partes da mensagem. Talvez seja o modo deles de se manterem conectados com suas famílias e suas crenças, mesmo que estejam vivendo algo que esses políticos condenariam.
Gabriel e Ulisses se encontraram brevemente durante a manifestação, no meio da multidão, sem que ninguém percebesse o que realmente se passava entre eles. Trocaram olhares rápidos, quase imperceptíveis, mas carregados de significado. Não podiam demonstrar afeto ali, no meio de um movimento que pregava valores tão rígidos, mas sentiam a força do que compartilhavam.
— Você está bem? — Gabriel perguntou baixo, enquanto caminhavam lado a lado por um curto momento.
— Estou — respondeu Ulisses, também em tom de voz baixo, mas com um sorriso discreto. — Acho que, de certa forma, estamos lutando pela nossa família, mesmo que o mundo nunca entenda o que realmente somos.
Gabriel assentiu, sentindo o mesmo. Eles não eram exatamente contrários à mensagem que Marçal e Bolsonaro pregavam; ao contrário, concordavam com muitos dos princípios sobre fé e família. Mas o amor deles era uma exceção silenciosa, algo que sabiam que precisaria ser guardado em segredo por muito tempo, talvez para sempre.
A manifestação continuou com gritos e aplausos, e Gabriel e Ulisses se mantiveram firmes em suas posições, apoiando os valores que lhes foram ensinados, mesmo que vivessem à sombra de uma contradição.
Ao fim do dia, quando a multidão se dispersou, os dois voltaram para suas casas separadamente, como de costume. Porém, naquele silêncio noturno, Gabriel enviou uma mensagem para Ulisses:
"Por mais que o mundo nunca entenda, eu sempre vou te amar."
Ulisses sorriu ao ler a mensagem e respondeu:
"E isso é o que mais importa."
Eles sabiam que continuariam vivendo suas vidas divididas entre o que acreditavam e o que sentiam. Mas, dentro dessa dualidade, o amor que compartilhavam, embora escondido do mundo, era real e inabalável.
- Até o próximo capítulo! ♡
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Oapen (ABO)
FanfictionO Amor Proibido Entre Nós: Gabriel, um alfa cristão, e Ulisses, um ômega sensível, compartilham uma amizade profunda que se transforma em amor, apesar de viverem em um mundo que os condena. O pai homofóbico de Ulisses e os valores religiosos de Gab...