Oapen (ABO)

4- Pra sempre? ఇ

Os dias passavam de forma relativamente tranquila para Gabriel e Ulisses. Eles ainda mantinham o relacionamento em segredo, apesar da proximidade crescente e dos olhares cada vez mais atentos de quem estava ao redor. Mas, como todo segredo, o deles estava prestes a ser descoberto.

Era um domingo típico, e Gabriel estava em casa com sua família cristã. A mesa do almoço estava posta, sua mãe servia comida enquanto seu pai discutia sobre o sermão que tinham acabado de ouvir na igreja. Ele tentava ao máximo prestar atenção, mas sua mente vagava para Ulisses. Desde que tinham passado aquela noite juntos, Gabriel sentia que não queria mais se esconder, mas sabia que seria complicado.

Do outro lado da cidade, Ulisses estava em casa com o pai. O ambiente sempre era tenso, com seu pai sendo alguém de opiniões muito fortes, especialmente quando o assunto era a "família tradicional". Ele nem imaginava que Ulisses estava envolvido com outro rapaz.

Tudo desmoronou naquela tarde. O celular de Gabriel vibrou, e ele pegou rapidamente para ver uma mensagem de Ulisses:

— Amor, meu pai encontrou umas mensagens nossas no meu celular. Ele tá surtando. Não sei o que fazer!

O coração de Gabriel disparou. Antes que ele pudesse pensar em uma resposta, sua irmã, que estava sentada ao seu lado, viu o nome de Ulisses no celular e comentou:

— Ué, Ulisses? Vocês têm andado muito juntos ultimamente, hein? — disse ela, meio brincando, mas com um tom curioso.

Gabriel rapidamente bloqueou o celular e tentou disfarçar, mas era tarde demais. Sua mãe franziu a testa, percebendo o nervosismo.

— O que tá acontecendo, Gabriel? — a mãe perguntou, com a voz calma, mas cheia de expectativa.

— Nada, mãe... é só uma mensagem do Ulisses. — Ele tentou desviar o assunto, mas seu pai, que era mais observador do que aparentava, percebeu algo estranho.

— O Ulisses? Você anda muito com ele ultimamente. Tem algo que a gente deveria saber? — Seu pai perguntou, a voz grave.

Gabriel sentiu o suor frio nas costas. Ele sabia que, se tentasse mentir, acabaria se enrolando ainda mais. Respirou fundo e decidiu que não podia mais esconder.

— Pai, mãe... tem algo que vocês precisam saber. Eu e o Ulisses... a gente tá junto. — Ele falou rápido, como se dizer de uma vez fosse mais fácil.

O silêncio na mesa foi absoluto por alguns segundos. Seu pai ficou pálido, e sua mãe arregalou os olhos.

— O quê?! — a voz de seu pai saiu como um trovão. — Você tá dizendo que... você e aquele garoto...?

Gabriel assentiu, sentindo o nó na garganta se apertar.

— Isso não pode estar acontecendo. Isso não é certo! — seu pai exclamou, levantando-se da mesa, a cadeira caindo no chão. — Eu não criei você pra isso! Nós somos cristãos! Isso vai contra tudo o que acreditamos!

Sua mãe, ainda em choque, colocou a mão na boca, os olhos cheios de lágrimas. Gabriel queria falar, queria explicar, mas as palavras pareciam presas. Ele sabia que sua família nunca aceitaria facilmente.

— Eu amo o Ulisses, pai. Eu sei que é difícil pra vocês, mas eu não posso continuar escondendo isso. Não posso mentir pra vocês nem pra mim.

Antes que seu pai pudesse responder, o celular de Gabriel vibrou novamente. Desta vez, era uma ligação de Beltran.

Ele atendeu rápido, sentindo que algo estava acontecendo.

— Gabriel! — Beltran parecia nervosa. — Eu acabei de falar com a Sophya. O pai do Ulisses está surtando. Ele descobriu sobre vocês, e agora ele quer falar com o seu pai! Ele tá indo pra sua casa agora!

O desespero tomou conta de Gabriel. Ele sabia que a situação estava prestes a sair de controle.

— Droga... — murmurou Gabriel, olhando para seus pais, que ainda estavam em choque. — O pai do Ulisses está vindo pra cá.

— O QUÊ? — seu pai gritou. — Ele vem pra cá depois de... disso?!

Alguns minutos depois, o pai de Ulisses chegou. A tensão no ambiente era sufocante. Ele entrou já agitado, e os dois pais começaram a discutir sobre o relacionamento dos filhos, falando sobre como aquilo "destruía suas famílias" e ia contra os princípios em que acreditavam.

No meio daquela confusão, Beltran chegou com Yeonjun, tentando acalmar os ânimos. Beltran, sempre calma e ponderada, interveio:

— Gente, por favor, precisamos resolver isso de uma forma mais sensata. Eles estão juntos porque se amam, não porque querem machucar ninguém.

Yeonjun, que tinha experiência com a pressão do público por ser um artista famoso, completou:

— Olha, eu sei que tudo isso parece muito pra vocês agora, mas amor é amor. Eu sei o quanto a fama e a opinião dos outros podem machucar, mas não se deve negar algo tão genuíno.

Enquanto os adultos ainda tentavam digerir a situação, Sophya apareceu com Jungkook. Os dois tinham se tornado mais próximos recentemente, e Sophya, sempre observadora, já tinha notado o que estava acontecendo com Gabriel e Ulisses há tempos.

— Eu sabia que isso ia estourar mais cedo ou mais tarde — disse Sophya, suspirando enquanto olhava para os dois amigos. — Mas vocês não estão sozinhos. Eu e o Jungkook... — ela olhou para Jungkook, que segurou sua mão com um sorriso leve. — Bom, a gente sabe como é complicado enfrentar o mundo quando se está apaixonado. E vocês têm a gente ao lado de vocês.

Jungkook, embora mais reservado, assentiu com um sorriso. — Nós estamos com vocês, não importa o que aconteça.

Gabriel e Ulisses olharam para os amigos e sentiram uma onda de alívio. Apesar do caos que se desenrolava ao redor, eles não estavam sozinhos. Havia pessoas que os apoiavam, que os entendiam, e que estavam dispostas a enfrentar tudo com eles.

No fim, apesar dos gritos e discussões, a presença de Beltran, Yeonjun, Sophya e Jungkook trouxe uma calmaria inesperada. Os pais de Gabriel e Ulisses ainda não aceitavam totalmente o relacionamento, mas a conversa daquele dia deixou claro que o amor deles era maior que qualquer barreira.

— Vai demorar — murmurou Gabriel para Ulisses, segurando sua mão quando estavam sozinhos, após tudo terminar. — Mas eu sei que a gente vai conseguir passar por isso.

Ulisses apertou a mão de Gabriel, seus olhos cheios de determinação.

— Juntos, sempre.

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