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Era o dia da formatura na Universidade de Los Angeles. O campus estava repleto de alunos sorridentes, famílias orgulhosas, e amigos tirando fotos para eternizar aquele momento. Ana Flávia Castela estava prestes a se despedir de uma fase importante de sua vida, mas, acima de tudo, de pessoas que, de alguma forma, se tornaram essenciais para ela, mesmo que não admitisse.

Ela sorriu, mesmo que com um toque de melancolia, enquanto se despedia de Murilo e Zé Felipe. Eles eram como irmãos para Gustavo, e ela sempre teve um carinho enorme por eles. Abraçou Murilo, em seguida Zé Felipe, que brincou dizendo que o campus jamais seria o mesmo sem as discussões dela com Gustavo.

Depois, foi a vez de se despedir da amiga e da irmã. Virgínia e Gabi eram seu porto seguro durante os anos de faculdade. Ana Flávia abraçou Virgínia, e logo depois foi até Gabi. A irmã lhe deu um beijo na testa, sussurrando: "Cuida do papai e da mamãe pra mim, tá?". Ana Flávia assentiu, tentando esconder a tristeza que sentia. "Pode deixar, vou cuidar, e mando um beijo deles pra você". Elas se abraçaram forte, sabendo que demoraria até se reencontrarem de novo. Virgínia se juntou ao abraço, e ali as três se despediram, com olhos brilhando de emoções.

Finalmente, chegou a hora de se despedir de Gustavo. Ela respirou fundo e caminhou até ele. Gustavo, que estava parado a uma pequena distância, parecia nervoso, algo raro para ele. Quando os olhos deles se encontraram, houve um silêncio estranho, carregado de palavras não ditas. Ana Flávia deu um sorriso breve, e eles se aproximaram para um abraço. O abraço foi firme, talvez mais demorado do que o esperado. Enquanto se abraçavam, flashes de memórias surgiram em suas mentes: Gustavo puxando o cabelo dela durante a aula, provocando até ela quase perder a paciência, e os momentos em que ele parecia olhar para ela de um jeito diferente, mesmo que depois rapidamente disfarçasse.

Eles se separaram, e tudo o que conseguiram dizer foi um simples "Boa sorte". Ana Flávia sorriu timidamente, se afastando. Ela sabia que aquela seria a última vez que veria Gustavo, pelo menos por um bom tempo. Enquanto se afastava, sentiu algo estranho apertando seu coração.

Assim que Ana Flávia foi embora, Murilo e Zé Felipe se aproximaram de Gustavo. Murilo deu um tapinha nas costas do amigo, enquanto Zé Felipe perguntava, rindo: "Cara, por que você tá com essa cara de choro? A gente nunca te viu assim!". Gustavo, tentando disfarçar, respondeu: "Nada, tô bem". Mas Zé Felipe não deixou passar. "Você é apaixonado por ela, Gustavo. A gente já sabe disso há muito tempo, tá na sua cara", afirmou, direto. Gustavo suspirou. "Sou... mas agora já era. Ela vai pro Rio de Janeiro, e eu vou ficar aqui em Los Angeles. Não sei se um dia vou ver ela de novo".

Murilo, tentando consolar o amigo, disse: "Gustavo, se o destino quiser que vocês fiquem juntos, ele vai dar um jeito". Gustavo apenas assentiu, ainda olhando para onde Ana Flávia havia desaparecido, sem imaginar que o destino já estava começando a agir.

Sete anos depois....

Ana Flávia estava em Nova York. O tempo no Brasil havia sido importante, mas agora era hora de retomar sua vida e carreira. Ela decidiu ir diretamente para a casa onde sua irmã, Gabi, e a amiga, Virgínia, moravam. Queria fazer uma surpresa.

Assim que abriu a porta, foi recebida por um abraço apertado de Gabi, que gritava de alegria: "Irmãzinha, você voltou!". Elas se abraçaram, emocionadas, e logo Virgínia se juntou ao abraço. Após se acomodarem na sala, começaram a colocar o papo em dia.

Em certo momento, o nome de Gustavo surgiu. Ana Flávia tentou parecer desinteressada, mas seus olhos a traíam. "E o Gustavo? Vocês têm alguma notícia dele?" Virgínia e Gabi se entreolharam. Virgínia respondeu: "A gente não tem falado muito, mas ele ainda é amigo do Zé Felipe. Posso perguntar se quer saber de algo específico". Ana Flávia balançou a cabeça, desconversando. "Não... é só curiosidade, sabe? Depois de todos esses anos, ele deve estar casado, com filhos..."

Gabi, sempre observadora, comentou: "Não adianta negar, Ana. Eu sempre soube que você era apaixonada por ele. Intuição de irmã, sabe?". Ana Flávia suspirou, abrindo um pequeno sorriso. "Eu era... e acho que ainda sou", admitiu baixinho.

Após a conversa, Ana Flávia decidiu ir até sua nova casa. No caminho, enquanto atravessava uma rua movimentada, um carro surgiu inesperadamente. Antes que pudesse reagir, sentiu um braço firme em volta de sua cintura, puxando-a para a calçada. Quando se virou para agradecer, seus olhos se encontraram com os de Gustavo.

Eles ficaram se olhando por alguns instantes, ambos reconhecendo uma familiaridade, mas sem saber se aquilo era real ou apenas uma ilusão. "Obrigado", disse Ana Flávia, rapidamente, antes de sair apressada, tentando processar o que acabara de acontecer.

Rivalidade ou paixão? • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora