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Naquela manhã, Ana Flávia e Gustavo chegaram à empresa como sempre. Ambos mantinham a pose profissional, mas era difícil disfarçar o olhar cheio de segundas intenções que trocavam de tempos em tempos. Eles continuavam se provocando, lançando indiretas, fingindo que o que existia entre eles era apenas uma disputa de egos, quando, na verdade, aquilo estava crescendo a cada dia.

Após uma reunião longa e entediante, os dois finalmente ficaram a sós na sala de conferências, esperando que os demais executivos saíssem para que pudessem revisar alguns detalhes do projeto juntos. Gustavo, não perdendo a oportunidade, encostou na mesa, com um sorriso debochado, enquanto Ana Flávia organizava seus papéis.

— Achei que a CEO da empresa era melhor em apresentações — ele provocou, cruzando os braços.

Ana Flávia arqueou a sobrancelha, lançando um olhar desafiador. — Ah, é? Então, se não gostou, da próxima vez você faz. Eu garanto que o resultado será bem menos interessante — respondeu, dando uma piscadinha.

Eles continuaram se provocando, em um jogo perigoso, até que Gustavo se aproximou um pouco mais, ficando ao alcance dela, e dessa vez, sua expressão era séria. — Sabe, eu nunca te disse isso antes, mas, lá na faculdade, eu... — ele hesitou, sua voz mais baixa agora. — Eu meio que gostava de te ver irritada. Me incomodava, mas eu gostava... De certa forma.

Ana Flávia parou, o coração acelerado. Gustavo nunca havia admitido nada parecido. Ela sentiu suas mãos esfriarem e soltou um riso curto, tentando disfarçar seu nervosismo. — Eu também... — confessou, dando de ombros. — Não sei explicar. Talvez eu só gostasse de discutir com você.

Gustavo a olhou por um segundo, percebendo a vulnerabilidade no olhar de Ana Flávia, algo que ela raramente deixava transparecer. Ele deu um passo à frente, hesitou, e então a puxou de forma suave, mas firme. Ela olhou para ele surpresa, mas não resistiu. Seus rostos estavam tão próximos que ela podia sentir a respiração dele misturando-se com a sua. Foi quando ele a beijou.

Foi um beijo longo, intenso, carregado de tudo o que havia ficado subentendido durante todos aqueles anos. Ana Flávia não hesitou em corresponder, envolvendo seus braços ao redor do pescoço dele. Não havia palavras, só sentimentos guardados e nunca antes revelados. Ambos se perderam naquele momento, como se estivessem voltado para os tempos de faculdade, onde tudo parecia possível.

Quando o beijo finalmente terminou, Gustavo se afastou apenas o suficiente para olhar nos olhos dela, ofegante.

— Desculpa, eu... não resisti — ele disse, uma mistura de arrependimento e provocação em seu tom.

Ana Flávia respirou fundo, tentando manter o controle sobre as emoções que pareciam prestes a explodir. Ela sorriu e respondeu: — Não precisa se desculpar... até que eu gostei — disse ela, com uma ponta de ousadia na voz.

Antes de sair da sala, Ana Flávia deu um selinho no canto da boca dele, fazendo Gustavo soltar um sorriso surpreso. Ela virou-se e, antes de fechar a porta, lançou um beijo no ar para ele, indo em direção à sua sala, com um sorriso travesso.

Gustavo ficou ali por um momento, olhando a porta fechada, seu coração batendo rápido. Era como se estivesse de volta à época da faculdade, mas dessa vez, sem medo de admitir o que realmente o beijo tinha mexido com ele.

Rivalidade ou paixão? • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora