— É só chupar, Porchay. É fácil — Macau diz, não tirando os olhos de mim enquanto me observa de cima. Ele sempre torna todo e qualquer problema com muita facilidade.
— Mas o gosto é ruim. — Não contenho uma careta.
— É o que temos para hoje. Apenas coloque na boca e chupe. É gostoso. Anda, chupa, vai.
Suspiro e então coloco na boca, passando a língua pelo local rosado. Tinha que admitir que aquilo era viciante, mesmo que o gosto não fosse o meu favorito.
— Isso... Viu como é gostoso? Parece que nunca chupou um pirulito antes. — Macau se recosta no muro e coloca seu pirulito na boca.
— Mas você sabe que eu detesto tutti frutti, Cau — resmungo, vendo o doce ser tirado das minhas mãos. — Ei, me devolve!
— Se você está reclamando do gosto, eu chupo de boa. — Dá de ombros e leva o pirulito até sua boca, causando nojo em mim. — Quer de volta?
— Você é um nojento. Nem ferrando eu colocaria isso na minha boca de novo. — Levanto-me, ainda pasmo com a situação.
— Como se nunca tivéssemos trocado saliva ou chupado coisas piores juntos.
Dou-lhe um leve empurrão enquanto rio, para então cruzar meus braços e me recostar ao seu lado. É sempre assim nos intervalos. Costumamos ficar no corredor enquanto encaramos os gatos do curso de engenharia e música passarem por nós. E não posso negar o quanto isso me anima muito. É assim que escolhemos quem será o próximo a dormir com a gente.
Sim, nossa amizade consiste em chamar caras para transar conosco. É bom ter esse tipo de amigo com quem posso contar em todas as horas (até nas de sexo). É ainda melhor ter Macau como um P.A. (famoso pau amigo), e isso não atrapalha nossa amizade de forma alguma. Muito pelo contrário; só nos torna mais próximos.
— Quem sabe aquele ali não tope transar com a gente? — Macau aponta com a cabeça para um rapaz do curso de engenharia.
Ele tem o cabelo loiro e olhos claros. Certamente é o tipo de cara com quem eu adoraria passar a noite, mas desta vez não me sinto atraído. Não entendo o motivo para meu interesse por um cara bonito como ele estar nulo, mas deixo de lado. Dou de ombros para meu melhor amigo ao meu lado, vendo-o suspirar.
— Quero algo diferente dessa vez — falo ao descruzar os braços. Meus olhos brilham assim que avisto meu alvo de longe, caminhando com uma bolsa sobre o ombro direito. — Quero ele.
— Quem? O Kimhan? Sabe que ele é um metido e ainda por cima homofóbico, né? Ele nunca vai topar transar com a gente.
— Se lembra de quantos héteros já transaram com a gente?
— Eu sei, mas... Sei lá. Ele é todo irritadinho e arrogante. Duvido que aceite nossa proposta.
Abro um sorriso malicioso, encarando Kim de longe com alguns amigos. Respiro fundo e ajeito minha postura antes de me afastar de Macau.
— Aonde você está indo? Ei! — ele chama por mim ainda recostado no muro, com o pirulito em sua boca.
— Indo garantir nosso final de semana. Nos vemos na aula. — Aceno com uma mão e caminho na direção do estudante de música.
Não sei exatamente o que dizer para convencê-lo a transar comigo e com Macau, mas tenho certeza de que irei conseguir meu "Sim". Porque eu só paro quando o tenho em minhas mãos, o que geralmente não é muito difícil. Basta saber o que falar e como falar.
Vai dar tudo certo. Estou sentindo isso.
Confiante, paro de frente para Kimhan e seu grupo, que deixam de andar para então me encararem com estranheza. Pelos seus olhares, parecem que estão olhando para um alienígena, o que me incomoda até certo ponto, mas ignoro-os para dizer:
— Kim?
— Sou eu — ele fala num tom ríspido, ajeitando a mochila no ombro esquerdo. — O que quer comigo?
— Quero falar com você. A sós, de preferência. Ou, se quiser, posso falar na frente deles. — Abro um sorriso malicioso e encaro-os de cima a baixo. Ajeito meus cabelos e minha postura, para aguardar sua próxima fala.
— Sabendo o seu tipo, prefiro que seja a sós. Vejo vocês depois — ele fala para os amigos, que devolvem meu olhar de cima a baixo, e tenho quase certeza de que um deles em específico gostou do que viu (e como não gostar, não é mesmo?). Aguardamos que todos se afastem para continuarmos o diálogo. Kim cruza seus braços e adota uma expressão séria no rosto. Assim, ele continua: — Seja rápido. Eu não tenho o dia todo.
— Tudo bem, gato. Vou ser mais rápido que você na cama. Bom, me chamo Porchay e aquele ali é meu melhor amigo Macau. Somos do curso de arquitetura, e queremos saber se você gostaria de se divertir com a gente nesse final de semana.
— Como assim "me divertir"?
— Você sabe... Só nós três, muita bebida e entre quatro paredes. O que acha?
Seus olhos se arregalam e passam a me julgar, tal coisa já esperada. É sempre assim no início.
— Você tá achando que eu sou o quê? Um boiola igual a vocês dois? Tá tirando uma com a minha cara? — Parte para cima de mim, empurrando meu peito com as duas mãos.
Macau começa a se aproximar preocupado, mas impeço com a mão, indicando que fique onde está. Sei lidar com isso sozinho. Por isso, mantenho a calma e encaro Kim com naturalidade, já que meu convite não foi esse absurdo todo quanto parece para ele. Héteros sempre agem assim ao ouvirem de primeira, mas aceitam depois. E é o mesmo que vai acontecer com ele agora.
— Calma, gato. Só quis fazer um convite na boa. E é tudo no sigilo, então não precisa se preocupar com o resto. A bebida e a diversão são por nossa conta.
— Acha que sou uma vadia oferecida igual a vocês que aceita tudo o que propõem? Tá de sacanagem comigo? — Ele torna a me empurrar com força, fazendo-me cair no chão.
Rio fraco ainda caído, mas não demoro a me levantar e limpar minha calça. Agora, ele está testando minha paciência.
— Escuta aqui, eu vim pacificamente perguntar a você. Mas, se encostar em mim mais uma vez, não prometo te deixar inteiro — falo seriamente.
— E você vai fazer o quê? Me bater? Você, pequeno e fraco desse jeito?
— Posso te assegurar que o que eu não tenho de tamanho, tenho de força. Então experimenta me empurrar mais uma vez. Anda, quero ver se é machão de verdade. — Desta vez, peito-o.
— Calma aí, gente! Por favor — Macau corre na nossa direção e nos separa, abrindo um sorriso amarelo. — Kimhan, certo? Então, desculpe pelo convite inusitado. Entendemos se não quiser sair com a gente. Vamos fingir que essa conversa nunca aconteceu, pode ser? Desculpa o incômodo. Vamos, Porchay.
Ele me puxa pelo braço, mas não deixo de falar alto enquanto me afasto de Kim:
— Na próxima, eu quebro todos esses dentes ridículos e te como na porrada, tá me escutando? Não vou deixar barato, e você ainda vai aceitar meu convite. Só tá fingindo que não quer. Heterozinho de merda!
— Chay! Fica quieto! — Macau ordena, tampando minha boca enquanto ainda profiro palavras de baixo calão contra Kim. Isso me cala na mesma hora. — Você por acaso enlouqueceu de vez?! Querendo arranjar briga logo com ele?!
— O que é que tem? Ele certamente perderia.
— E os amigos dele?
— Acabaria com todos, um por um. É fácil — digo convencido, arqueando minha sobrancelha para ele. Em resposta, recebo um leve empurrão.
— Você é um palhaço, sabia?
— Sou mesmo, mas também sou inteligente, e já sei o que fazer pra conseguir um Sim dele. Só que, pra isso, preciso das minhas fontes.
— Que fontes? O que pretende fazer, Chay?
— Você vai descobrir amanhã. Agora vamos. — Sorrio maliciosamente, decidido a infernizar a vida de Kimhan até ele descobrir que o Hétero na testa dele é com H de Homossexual e que quer tanto quanto Macau e eu essa transa a três.
É simples. Apenas preciso saber mais sobre ele, e sei muito bem onde (e quem) encontrar para isso.
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HÉTERO COM H DE HOMOSSEXUAL || KIMCHAYCAU [+18]
Fiksi PenggemarPorchay e Macau são "amigos coloridos". Dentre suas aventuras quentes com outros garotos, eles se deparam com Kimhan, um jovem arrogante que reforça todos os dias ser hétero e, ainda por cima, homofóbico. Mas Chay e Cau estão cansados de toda essa i...