Capítulo 4: Entre Almoços e Segredos

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O sol já estava a pino quando Soraya caminhava em direção à varanda da casa principal. Ela passara a manhã inteira tentando ignorar os olhares que Simone lançava em sua direção. Olhares que pareciam querer devorá-la, mas que ao mesmo tempo guardavam um mistério. A fazenda, com seus vastos campos e uma rotina completamente oposta à que Soraya conhecia, começava a mexer com ela de formas que jamais imaginara.

Ela vestia uma calça jeans justa, diferente do seu habitual estilo europeu de roupas finas e elegantes, e uma blusa simples. Embora tentasse parecer casual, sua presença exalava algo inegavelmente provocante. A verdade era que, por mais que se forçasse a entrar naquele ambiente rústico, a essência de Soraya, a “menina da cidade”, nunca deixava de transparecer.

E Simone notava. Notava e observava com cuidado, especialmente quando Soraya se virava, e seu corpo esculpido parecia ser ainda mais realçado pelas roupas justas. A curva dos quadris, a forma generosa de sua bunda, sempre chamava atenção, e Simone, sem nunca admitir, deixava os olhos se demorarem um pouco mais. Mas sua expressão era sempre a mesma: impenetrável, controlada, exceto pelo ocasional sorriso de canto, que só aumentava a tensão entre as duas.

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— Soraya, Simone! Venham almoçar! — a voz de Isabel, mãe de Soraya, soou forte da varanda. Um convite que parecia mais uma ordem.

Soraya, que estava conversando com um dos peões sobre o funcionamento das cercas, virou-se para Simone, que a observava debaixo do chapéu de palha. Simone deu um meio sorriso, se aproximando de Soraya com passos firmes, sua presença imponente sempre a poucos passos de distância.

— Princesinha, parece que sua mãe mandou chamar a gente. — disse Simone, com um tom levemente provocativo, seus olhos descendo sem pressa pelos quadris de Soraya antes de encontrarem os dela de novo.

Soraya cruzou os braços, como se tentasse se defender daquela energia sempre tão carregada que Simone exalava.

— Tá me olhando assim por quê? — retrucou Soraya, o sarcasmo escorrendo de sua voz. — Tá com inveja, loira?

Simone riu baixo, uma risada seca e quase imperceptível, mas com um quê de desafio.

— Eu? Inveja? — respondeu Simone, sem tirar os olhos do corpo de Soraya. — Só tô pensando em como você vai aguentar essa rotina aqui por mais uma semana. Aposto que vai pedir arrego antes do próximo almoço.

Soraya, impaciente, deu de ombros.

— Acho que eu tô me saindo muito bem, pra ser honesta. — ela deu um sorriso irônico, mexendo no cabelo loiro. — Só não esperava que ia ter que lidar com alguém teimoso e que acha que sabe tudo.

Simone se aproximou mais um passo, e Soraya sentiu a altura imponente da mulher sobre si. Simone era bem mais alta, a sombra dela cobrindo Soraya por um instante, o que a fez sentir um leve desconforto, mas ao mesmo tempo uma excitação inconfessável.

— Eu sou teimosa? — Simone inclinou a cabeça, a voz baixa, quase como se fosse um sussurro. — Tô começando a achar que quem gosta de desafio aqui é você.

Soraya engoliu em seco, mas logo se recompôs. Não deixaria Simone vencer essa batalha de provocações.

— Vamos logo, ou o almoço esfria. — cortou Soraya, mudando de assunto e caminhando na frente, tentando ignorar o fato de que podia sentir os olhos de Simone queimando em suas costas.

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O almoço em família estava pronto na grande mesa de madeira da varanda, cercada pelas plantas tropicais e pela brisa suave que vinha dos campos. Isabel e Roberto, os pais de Soraya, já estavam sentados, sorrindo ao ver a filha e Simone se aproximarem.

Entre laços e Esporas - SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora