erro grave

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Uma das criminosas mais procuradas e temidas do mundo cruzava as portas de vidro da delegacia, algemada e cercada por mais de vinte agentes que a escoltavam com expressões sérias e firmes. O som dos passos sob os saltos e botas ecoavam no lugar silencioso, enquanto a luz da lâmpada quase queimada refletia em seus rostos tensos. Todos os presentes soubessem que estavam diante de uma figura que desafiava a lei e a ordem. Do lado de fora, outros agentes permaneciam em vigilância, com olhares atentos e prontos para qualquer movimentação suspeita.

O coração de Verônica Torres está acelerado, talvez pela adrenalina que vivenciava. Situações como essa eram comuns nos dias da agente, mas Verônica sabe que Anita não é qualquer uma. Anita é a principal comandante da maior distribuidora de drogas ilícitas pelo mundo.

Do outro lado, Anita Berlinger estava com o olhar sério, os olhos azuis estavam escuros, no fundo temia o seu futuro, mas sabia que de uma forma, ou de outra, sairia daquele lugar sem nenhuma algema.

Anita foi conduzida até uma sala gelada, as paredes extremamente cinzas causavam incomodo aos seus olhos. Apenas uma mesa de metal e duas cadeiras, uma de cada lado.

- Merda. – Berlinger sussurrou baixo, apoiando os cotovelos sob a mesa fria e o rosto entre as mãos.

De frente de onde ela estava sentada, havia um vidro fosco, que impedia a visão da loira sobre os policias que a encaravam do lado de fora da sala. Anita deixa com que um suspiro escape dos lábios ainda borrados pelo batom de Verônica, encarando o enorme vidro, seu objetivo não encarar seu reflexo, e sim, deixar que os policiais saibam que ela sabe da presença deles.

— Está tudo sob nosso controle? — Verônica questionou, seus olhos fixos na mulher ao seu lado, Heloísa Sampaio, que a apoiava desde o início da investigação.

— Sim, do lado de fora tudo parece muito calmo, até mesmo demais — respondeu Heloísa, sua voz baixa e firme, enquanto olhava pela janela, onde o movimento era escasso e a luz da lua adentrava suavemente.

— Peça para que reforce a segurança, Helô. — Verônica diz, seu tom autoritário e baixo ecoando no ambiente silencioso. Heloísa acenou com a cabeça, passando rapidamente o pedido a um agente próximo, seus gestos precisos e decididos. Em seguida, seguindo Torres pelo corredor escuro, o som dos passos ecoando enquanto se aproximavam da sala onde Anita estava.

- Anita Berlinger, como foi batizada. – Verônica lê a ficha em suas mãos, o tom de deboche escorrendo a cada frase. – Solteira, trinta anos, sem filhos. Estou errada?

Verônica apoiou as mãos na mesa, encarando Berlinger com um olhar tão ameaçador que poderia intimidar qualquer um que entrasse na sala. Mas, para Anita, aquele olhar apenas despertava um tédio profundo, a ponto de ela ter vontade de revirar os olhos diante da cena.

- Não, você está certa. – Anita sussurrou para a mulher.

- Confesso ter sida pega de surpresa com a informação que você é formada em direito, Berlinger. – Heloisa toma a voz, encostando parcialmente seu corpo na ponta oposta da mesa em que Verônica estava.

- Aluna nota dez, tinha tudo para ser a melhor das melhores, mas escolheu essa vida para si. – Verônica volta a dizer, enquanto pega uma cadeira para si e para Heloísa. Anita permanecia calada, era seu direito.

- Não tem mais nada para dizer, senhorita Berlinger? – Sampaio indaga e o silêncio volta a dominar a sala. – Vamos ao que importa, você está sendo acusada de ser a principal comandante de uma organização criminosa, a maior fonte de importação ilegal do mundo.

Anita piscou lentamente, contendo novamente a vontade de revirar os olhos.

- Nada a dizer sobre isso? – Torres quebra o silêncio que havia sido instaurado.

- Eu tenho direito de ficar calada até a presença dos meus advogados. Inclusive, tenho direito até a uma ligação.

- Não, aqui você não tem direito de nada. – Heloisa responde no mesmo tom da mulher loira.

- Ah, eu tenho sim. Eu não direi nada até estar na presença do meu advogado; vocês deveriam ter consciência das consequências de manter uma "suspeita" presa, sem nenhum direito e sem provas.

- Sem provas? – Torres questiona em um tom venenoso, segurando uma risada. – Ah, e a proposito, você me parece bem calma para alguém inocente.

- Minha psicóloga me instruiu a manter a calma diante de momentos estressantes.

- Momentos estressantes? Quais outros momentos estressantes você enfrenta? – Torres questiona, apoiando o peso do corpo sob os braços flexionados na mesa, atraindo o olhar azul de Anita até seus seios.

- Quero falar com meu advogado!

- Você é advogada, Anita. Porque não resolve seus problemas sozinha? – Heloisa debocha enquanto se levanta e recolhe suas pastas.

Lima Berlinger estava a caminho da delegacia, quebrando milhares de leis de trânsito a cada sinal vermelho que atravessava para chegar mais rápido até a irmã.

Tão rápido quanto a velocidade do som, o homem chegara até a delegacia, adentrando os corredores e as salas, sem pedir licença e muito menos se desculpar.

- Você não precisa esperar mais, a
delegada Sampaio. – Lima diz abrindo a porta da sala de interrogatório em um estrondo, acompanhado do segurança particular da família. – Tirem as algemas da minha cliente, vocês cometeram um erro grave. 

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