acordo fechado

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 As portas pesadas da penitenciária se abriram com um rangido alto, revelando o corredor escuro e abafado pelo mofo nas paredes mal cuidadas. O cheiro de desinfetante barato e cimento empoeirado atingiu Anita Berlinger como um soco certeiro no estômago.

- Bem vinda ao inferno! – A voz sarcástica da presidiária da cela ao lado soa cansada, Anita deixa que um sorriso de lado convencido escape de seus lábios, não há o que temer, ela comanda o inferno. Seu irmão não a chamava de diaba atoa.

Anita seria mantida em uma cela isolada, confessando o alto risco que representava para a sociedade. O espaço pequeno e sem janelas tornava a solidão quase palpável, e o eco de seus próprios pensamentos sendo seu único companheiro. Ela sabia que não poderia fazer nada além de confiar no trabalho da sua equipe, e principalmente do seu irmão mais novo.

Berlinger tinha total ciência que cada dia seria uma batalha interna, a rotina monótona a forçaria a confrontar suas escolhas, escolhas erradas, mas feitas sem nenhum por cento de arrependimento.

- Anita Berlinger? O Bispo veio conversar com você. – Um guarda diz, abrindo a cela e escoltando a loira até a sala.

Todos naquele lugar sabiam o que o Bispo representava no submundo do crime, dentro e fora dali, era ele que mandava e desmandava. O bispo é conhecido nos quatro cantos do mundo do crime por sua perspicácia e habilidades de manipulação, sempre dois passos à frente de seus adversários. Estar no mesmo tabuleiro do Bispo, é saber que no jogo de gato e rato, você sempre vai ser o rato.

O Bispo é mais do que um simples criminoso; ele representa as complicações de equilibrar o crime e o poder. Sua ambição e desrespeito pelas regras mostram como a busca desenfreada por riqueza leva à corrupção, tanto no mundo do crime quanto na sociedade.

Ele é quase uma lenda, seu nome é conhecido, mas seu rosto permanece oculto, um mistério que provoca temor e fascínio. Sempre que aparece, traz consigo um peso imenso — um preço a ser pago, que pode ser em sangue, segredos ou acordos carnais.

"Aqueles que a buscam se sentem atraídos, como mariposas para a luz, sabendo que a beleza de seu poder é acompanhada pela inevitável perda. Sua essência é a promessa de transformação, mas também o aviso de que o caminho escolhido pode ser repleto de armadilhas."

- Que emocionante finalmente te conhecer, senhorita Berlinger. – Com calma, a cadeira de couro cara é girada. – É emocionante estar cara a cara com a segunda melhor ladra de artes do mundo.

- O que faz aqui? – Berlinger questiona em completa surpresa pela revelação. – O que você quer?

- Vim apenas ter uma conversinha, Berlinger. Posso te chamar de Berlinger, não é? Já passamos da fase da formalidade. Mas antes de tudo, aceite as minhas sinceras desculpas por toda confusão em Roma. – Verônica começa a dizer, cruzando as mãos sobre o colo e apoiando as pernas na mesa.

- Uau, que coisa! Você já teve sorte umas duas vezes antes, sabe? Mas não teve uma vez que me venceu ano passado. É incrível finalmente conhecer minha adversaria. – Berlinger diz com puro escarnio e deboche, relaxando o corpo na cadeira.

- Jacarta? – Verônica questiona arqueando a sobrancelha.

- Meu paraquedas não abriu.

- Macau?

- Meu triciclo afundou. – Anita rebate.

- Você é jovem ainda, Berlinger, vai aprender que não se pode ter desculpas e resultados. –Torres debocha e Anita revira os olhos em resposta. – Voltando ao meu pedido de desculpas, depois de concluir meus objetivos no banco central de Roma, tudo que eu precisei fazer foi concluir uma transação de oito milhões para a sua conta e esperar que a Delegada Helô mordesse a isca. E puff...tchau tchau, Anita Berlinger. – Verônica gesticula um adeus.

- Você arruinou a minha vida, e agora eu estou presa aqui com um bando de idiotas. – Berlinger diz entredentes, o ódio era notável em seu rosto.

- Bom! Vamos aos negócios. – Torres bate as mãos, se sentando corretamente na cadeira de couro. – Correndo o risco de dizer o óbvio, eu não preciso que ninguém me ajude nas minhas missões, mas eu sei que você é a única que pode me ajudar.

- O que você quer?

- Minha oferta é o seguinte, senhorita Berlinger. – Verônica se aproxima da cadeira de Anita, passando a sentar na mesa, entre as pernas da mulher loira. – Me ajude a roubar a Monalisa, eu te tiro daqui e lhe dou dez por cento.

- Eu passo sua oferta.

- É uma pena não termos fechado negócio. Bom, talvez mais alguns dias aqui, com a perspectiva de milhares ainda por vim, te faça mudar de ideia. – A morena se levanta, caminhando lentamente sob os saltos caros até a porta.

- Espera! – Anita grita, se virando para a mulher. – Eu aceito os seu dez por cento, mas em troca, eu quero que me tire daqui e me ajude a assaltar o Banco Central da França.

- Sabia que não ia ser burra de deixar uma oferta tão boa quanto essa passar, Berlinger. Quinze por cento da França é meu. – Verônica diz irredutível, sem deixar margens para que Anita retruque.

- Fechado.

- Me parece que será um prazer fazer negócios com você, Berlinger. – Torres cochicha no ouvido de Berlinger. O relógio de Dalila corria contra elas. 

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⏰ Última atualização: Oct 09 ⏰

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