Capítulo 2

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Mahina narrando

Abro meus olhos de repente, meu coração batendo tão forte que parece querer escapar do peito. O pesadelo ainda está vívido, pulsando em minha mente como uma ferida aberta. Criaturas mágicas, um submundo sombrio e... aquela figura. Aquela figura alada de negro que me perseguia sem descanso. Seus olhos, dois rubis ardentes na escuridão, parecem me perfurar mesmo agora que estou acordada.

Sento-me na cama, minhas mãos trêmulas percorrendo meu rosto suado. O quarto está gelado, muito mais frio do que deveria estar. Algo está errado, posso sentir isso em cada fibra do meu ser. Nunca tive sonhos tão intensos, tão reais. E aquela criatura com asas negras... por que ela mexe tanto comigo?

Respiro fundo, tentando acalmar meus nervos à flor da pele. Arrasto-me até a janela, afastando as cortinas pesadas. O céu lá fora é uma massa cinzenta e opressiva, uma chuva fina e constante cai sem piedade. "Perfeito", penso com amargura. "Bem-vinda a uma das cidades mais chuvosas do mundo, Mahina."

No banheiro, outra surpresa me aguarda. Giro a torneira, esperando o conforto da água quente. Nada. Nem uma gota sequer escapa.

— Você só pode estar brincando comigo — murmuro, voltando para o quarto. Como se respondesse à minha frustração, meu celular vibra na mesa de cabeceira.

Oi Mahina, é o Syrius. Esqueci de te avisar que hoje ficaria sem água por aí. Pode vir aqui em casa usar o banheiro e tomar banho, se quiser.

Meu coração dispara novamente, mas por um motivo completamente diferente. Syrius. Aquele nome evoca imagens do homem misterioso que mora na mansão ao lado. Alto, atlético, com olhos de um azul tão profundo que parecem conter galáxias inteiras. Há algo nele que me atrai e me aterroriza ao mesmo tempo.

Hesito por um momento, mas a necessidade fala mais alto. Separo uma muda de roupa e uma toalha, ignorando o frio que se instala na boca do meu estômago. Enquanto me dirijo à mansão, não consigo evitar um pensamento perturbador: e se aquele pesadelo fosse mais que um simples sonho? E se a criatura alada estivesse mais próxima do que eu imaginava?

Agora, parada diante da imponente porta de carvalho da mansão de Syrius, sinto como se estivesse à beira de um precipício. Uma voz em minha mente sussurra, provocante e perigosa: "O que de ruim poderia acontecer, Mahina?" Minha mão treme ao se erguer para bater à porta. O som ecoa, pesado e ominoso, como se anunciasse o início de algo muito maior do que eu poderia imaginar. E então, a porta começa a se abrir...

A porta se abre lentamente, o rangido ecoando pela noite chuvosa. Meu coração dispara quando vejo quem está do outro lado. Não é Syrius, como eu esperava, mas um homem que nunca vi antes. Seus olhos, de um azul profundo como o oceano à meia-noite, me encaram com uma intensidade que faz minha pele formigar.

— Olá, Mahina — ele diz, sua voz suave como veludo. — Sou Lucci. Entre, por favor. Está encharcada.

Hesito por um momento, mas o frio e a necessidade me impelem a dar um passo à frente. O interior da mansão é ainda mais imponente que o exterior. Candelabros de cristal lançam sombras dançantes nas paredes de pedra antiga, criando um jogo hipnotizante de luz e escuridão.

Lucci se move com uma graça felina, fechando a porta atrás de mim.

— Syrius esqueceu de mencionar a falta de água, não é? — ele pergunta, um sorriso gentil suavizando suas feições fortes.

Assinto, incapaz de formar palavras. Há algo nele que me fascina e me aterroriza ao mesmo tempo. Seus olhos parecem conter milhares de entrelas, brilhando de forma quase sobrenatural na penumbra do corredor.

Seis luas | Monster Romance & Harém reversoOnde histórias criam vida. Descubra agora