IV. FACULDADE

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C

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C. DORELLA

Acordei com o sol invadindo meu quarto, aquele tipo de manhã que começa devagar, com o ar fresco entrando pela janela e me dando uma sensação de renovação

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Acordei com o sol invadindo meu quarto, aquele tipo de manhã que começa devagar, com o ar fresco entrando pela janela e me dando uma sensação de renovação. Ainda meio sonolenta, passei a mão pelos cabelos e fiquei olhando para o teto por uns minutos, tentando me preparar mentalmente para mais um dia na faculdade de artes. Eu adoro o que faço, mas algumas manhãs têm um peso diferente, como se cada pincelada ou escultura fosse decidir o rumo do meu futuro.

Levantei-me devagar e fui direto para o espelho. Meu cabelo estava um desastre, mas nada que um pouco de paciência e criatividade não resolvessem. Enquanto me arrumava, escolhi um vestido colorido que refletia meu humor: vivo, mas um pouco caótico, talvez esperando encontrar algo novo no dia de hoje. Peguei meus materiais, joguei tudo na bolsa e estava pronta para enfrentar o dia.

A caminho da faculdade, o vento fresco da manhã me acompanhava, e eu sentia uma certa tranquilidade, quase como se o universo estivesse em equilíbrio. Gosto desses momentos de caminhada, eles me dão tempo para pensar, para organizar as ideias antes de mergulhar no caos criativo das aulas. Hoje, seria escultura. Uma aula que, sinceramente, me desafia mais do que qualquer outra. Argila tem vida própria, e nem sempre ela quer fazer o que eu quero.

Chegando na faculdade, encontrei Ivy na porta da sala, como sempre, com aquele sorriso que já me dizia que o dia seria interessante.

- Pronta pra mais um dia de luta? - ela perguntou, com um brilho nos olhos.

- Se por luta você quer dizer tentar fazer a argila colaborar comigo, então sim, estou pronta - respondi, rindo.

Ivy e eu entramos juntas na sala de escultura. A primeira coisa que senti foi o cheiro da argila. Era um cheiro forte, terroso, que sempre me fazia lembrar que a arte, às vezes, também é física, suja, desafiadora. O professor falou algo sobre formas orgânicas, mas eu estava mais preocupada em tentar imaginar o que minha peça seria hoje. Às vezes, as ideias vêm do nada, e às vezes, elas fogem de mim, como água escorrendo pelos dedos.

Ivy começou a trabalhar em uma figura estranha, um híbrido de gato com dinossauro, e eu não consegui segurar o riso. Ela sempre criava as coisas mais inesperadas.

- Isso aí é um... DinoCat? - perguntei, tentando não gargalhar.

- Exatamente! O futuro das espécies! - ela respondeu, com a maior seriedade do mundo.

Enquanto Ivy me fazia rir, eu estava ali lutando para dar forma à minha própria peça. Não sabia exatamente o que estava criando, mas o movimento da argila entre meus dedos era quase terapêutico. Eu me perco nesses momentos, quando o tempo parece parar e a única coisa que existe é a forma que estou tentando dar àquele pedaço de argila. No final, não importava tanto o que a peça se tornaria, mas o que eu sentia enquanto a fazia.

A aula terminou, e a Ivy logo me chamou para sair. Ela sempre tem essas ideias de última hora, mas eu nunca recuso, porque estar com ela sempre significa risadas e boas conversas.

- Vamos dar uma volta? - ela sugeriu. - Tô precisando de uma nova inspiração.

- Tem uma galeria nova aqui perto - falei. - A gente podia passar lá. Quem sabe encontramos algo interessante.

E lá fomos nós. O sol da tarde já estava mais alto, aquecendo tudo ao nosso redor. A cidade parecia mais leve nesses momentos, como se todos estivessem em sincronia. Quando chegamos à galeria, ficamos um bom tempo observando as peças. Eu gosto de como a arte nos faz sentir coisas diferentes, nos faz questionar o que é real e o que não é.

- Olha essa cadeira - disse Ivy, apontando para uma peça minimalista. - Será que é uma cadeira mesmo ou uma metáfora pra solidão?

- Pode ser só uma cadeira bem feita - respondi, rindo. - Mas acho que a gente sempre encontra um pouco do que estamos sentindo na arte. Talvez seja solidão pra você hoje. Pra mim, parece só um lugar pra descansar.

Ela ficou pensativa por um momento, e eu também. A arte tem esse poder, de nos fazer olhar para dentro, mesmo quando não estamos prontos. E eu estava sentindo que algo dentro de mim estava prestes a mudar, como se uma nova fase estivesse chegando, ainda que eu não soubesse exatamente como.

Depois de um tempo, saímos da galeria e fomos caminhar. A tarde estava linda, e Ivy, sempre filosófica, comentou:

- Sabe, Carmen, às vezes eu me pergunto se o que fazemos realmente importa. Se nossas criações vão mudar alguma coisa, ou se só estamos colocando mais coisas no mundo sem sentido.

- Acho que o que importa não é só o que criamos, mas o que sentimos enquanto estamos criando - respondi, pensando em todas as peças inacabadas e ideias que ainda estavam presas dentro de mim. - É sobre o processo, sobre viver esses momentos, mesmo que ninguém mais entenda.

Ela sorriu e concordou com a cabeça. E eu me senti em paz. Não era sobre saber o futuro, ou sobre ter todas as respostas. Era sobre estar presente, vivendo cada pequena parte do meu dia, sem pressa, sem expectativas. Só eu, o mundo e a arte que eu criava para tentar entender tudo isso.












 Só eu, o mundo e a arte que eu criava para tentar entender tudo isso

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 Como esse mês eu vou dar um sumidão hoje a noite eu vou postar mais dois capítulos

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Bjos da anitta

ROMEO & JULIET ; g. GoularteOnde histórias criam vida. Descubra agora