2.02: Correntes telúricas

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Universidade St. Juniper, Nova Orleans, Estados Unidos

07 de janeiro de 2026

Na sexta-feira, após o término das aulas da manhã, Johanna faz sua procissão pela biblioteca, alheia a tudo que está ao seu redor. Ela caminha em silêncio, ainda que os diversos estudantes passem em sua frente, atravessando múltiplas direções, mas nada a distrai. Não nesse momento, que possui um objetivo muito claro em mente.

— Hanna, tem certeza de que precisa mesmo fazer isso agora?

— Caleb, a próxima vez que vocês tentarem me dissuadir sobre o que estou fazendo, vou jogar um feitiço para costurar as suas bocas.

O garoto arregala os olhos e então se cala, tal qual Sophia, Agatha e Marco. A ruiva suspira, não gosta de ser rude com os amigos, e ela sabe que, no fundo, eles têm razão em temer a situação. Mas quando a neta de Atena para em frente ao escritório de Henrik, Johanna toma algum tempo até girar a chave na fechadura e abrir a porta.

— Não quero continuar remoendo isso — ela admite. — Henrik está morto, não temos o que fazer quanto a isso, e meu pai odiaria que uma pessoa estranha esvaziasse o seu escritório. Sou eu que precisa fazer isso, e quanto mais tempo passa, mais ecoa na minha cabeça. Vocês conseguem entender isso?

O rapaz de olhos verdes afaga o ombro da ruiva e abre um sorriso, dando à Folkestad o conforto necessário para seguir adiante. Com o apoio dos amigos, Johanna respira fundo e abre a porta.

O lugar está intocado, exatamente como Henrik o deixou naquela fatídica noite. Até mesmo a xícara de café vazia sobre a mesa, já seca, mas com alguns traços da última vez que o ruivo bebeu algo nela. Ao passo que tudo nesse lugar está em tons terrosos, a porcelana possui uma tonalidade vibrante de azul-índigo. Foi Johanna quem deu esse presente ao pai, tendo em vista que o azul contribui com a expansão da mente, e sendo neta da deusa da Sabedoria, ela sempre notou os padrões mentais de Henrik para harmonizar a rotina dele.

Os cinco olharam em volta. Com exceção de Marco, essa não é a primeira vez que estiveram ali. Cada professor pode decorar seu ambiente, mas Henrik preferiu o estilo soturno de outrora. Além do jogo de xícaras azul-índigo, o item mais excêntrico é um globo terrestre de aspecto antigo, em uma mesa no canto da sala.

Na parede contralateral, ao lado da mesa que ele ocupava, há um mapa-múndi de grandes proporções. Johanna estranhou os itens logo de cara, mas se lembrou que Henrik e Daphnée estavam ajudando com as buscas de Zeus e Hera, como boa parte dos professores.

Ainda assim, parece estranho para Johanna. Mas ela decide deixar esses pensamentos de lado por ora.

— O que precisa de nós, Hanna?

— Bom, podem começar tirando os livros das prateleiras — ela responde Agatha. — Eu me ocupo com a mesa, o cofre e as seções mais reservadas dele.

— Tem certeza de que seu pai não era um filho perdido de Atena? — Sophia franze o cenho ao encarar as estantes quilométricas que se estendem do chão ao teto em quase todos os espaços nas paredes. — Não sei nem se é humanamente possível ler todos esses livros.

— Você que é limitada mesmo, prima.

A garota de pele negra dá um soquinho no ombro dela e ri, fazendo a garota árabe revirar os olhos. Logo em seguida, Marco abre uma risada e vai até as filhas de Héstia e Deméter, arrastando uma caixa alta para organizar os livros.

— Quero só ver como vamos levar isso tudo. Ei, Cal, vai liberar seu poder espacial para a gente, né?

— Não tem nem como fazer de outro jeito, Marco. Johanna e eu cuidaremos disso depois.

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⏰ Última atualização: Oct 05 ⏰

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