Made In Heaven • Dark Romance

𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎

Não fosse toda a animação que Maeve demonstrou desde que a convidei para o evento no cassino, eu definitivamente não iria hoje. Estou exausta.

O Morrigan esteve especialmente movimentado esta semana. Trabalhei até tarde no estúdio todos os dias, e não foi diferente no Arcana. Lidar com o obsessor de Dylan foi mais complicado do que eu esperava; precisei de dois dias para livrá-lo da entidade e bani-la de uma vez por todas. No último dia, passamos a noite no templo do Coven, fazendo limpezas e reforçando as proteções novamente. Com a graduação se aproximando, as coisas também não estão exatamente simples na universidade. Estou atolada em projetos e trabalhos, e escrever o meu TCC está me deixando à beira da loucura.

E como se tudo isso já não fosse o suficiente, há a questão com Hector. As poucas horas que consegui para descansar durante a semana foram completamente em vão. Mesmo deitada no conforto da minha cama, não consegui relaxar nem por um segundo. Não parava de me perguntar se ele estava por perto, se sabia onde eu morava, ou o que eu estava fazendo. Sempre que chego em casa, sinto um frio na espinha ao acender as luzes, temendo dar de cara com ele parado no meio da sala, esperando por mim, pronto para cumprir sua promessa.

O hematoma na minha cintura me incomodou por uns dois dias, mas agora não dói mais. É apenas uma mancha esverdeada, quase desaparecendo. As olheiras embaixo dos meus olhos foram um problema maior e precisei de um esforço extra para escondê-las com maquiagem.

— Eu fiz um bom trabalho — murmurei para mim mesma, avaliando meu reflexo no espelho.

A maquiagem realmente conseguiu disfarçar os sinais de exaustão no meu rosto. O jeans skinny e a blusinha justa com alças e decote em V me conferiram um toque de elegância. Bem diferente das roupas largas e confortáveis que usei a semana inteira. Eu nem me dei ao trabalho de fingir que estava tudo bem; só queria que a semana acabasse logo.

E agora que finalmente acabou, estou aqui calçando meus coturnos para sair em mais uma noitada, em vez de me enroscar na cama com meus pijamas confortáveis e assistir a filmes de terror até pegar no sono. Nos últimos dias, mal senti fome, mas a ideia de uma pizza e uma cama quentinha se tornou irresistível nesse momento.

Peguei meu celular e me joguei no sofá da sala, esperando Maeve chegar para irmos juntas, como sempre. Hoje seria um ótimo dia para ela se atrasar — um cochilo de meia hora não me faria mal.

— Vicky? — Uma voz me desperta, e abro os olhos num pulo, o coração disparado pelo susto.

— Ei, calma, sou só eu. — olho para Maeve, que está ao meu lado, com um semblante preocupado. Inclino o corpo para frente, as mãos pressionando meu peito, tentando controlar a respiração.

— Está tudo bem? Teve um pesadelo? — Ela aperta meu ombro em um gesto de carinho.

Não contei a ela sobre Hector, e nem pretendo. Ela ficaria apavorada, e não é isso que eu quero.

— Acho que sim, mas não me lembro. Estou bem, não se preocupe — forço um sorriso enquanto jogo os fios de cabelo para trás e levanto do sofá, tentando parecer mais relaxada.

— Tem certeza? Você não parece muito bem — Maeve me olha com atenção, a preocupação ainda evidente. É difícil mentir para alguém que te conhece desde criança.

— Só estou cansada, foi uma semana difícil. Todo o movimento no Morrigan, o TCC, o Coven... você sabe, eu te contei. — Sua expressão suaviza, e ela ajeita um fio de cabelo solto do meu rosto.

— Então, é o momento perfeito para relaxar. Quem sabe o bonitão do Jake te leva pra casa de novo — ela ri. — Você está linda, Vicky.

Sorrio e finalmente reparo no que ela está vestindo. Maeve estava impecável: saia plissada de couro, cropped preto de alças e uma jaqueta marrom combinando com as botas de cano médio. Essa mulher conseguiria ficar bem até vestindo um saco de batatas. Falo sério.