𝑉𝑖𝑐𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑀𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑎𝑛
Depois que finalmente me permiti relaxar, o dia passou em um piscar de olhos. Quando me dei conta, a Galeria estava vazia, e os funcionários perambulavam de um lado para o outro, limpando e organizando os corredores.
Maeve teve que sair mais cedo devido a um imprevisto com um cliente. Assim, restaram apenas eu e seis quadros enormes que precisavam ser transportados para o meu carro no estacionamento da Galeria.
Com as mãos na cintura, encarei as pinturas penduradas na parede à minha frente, tentando encontrar uma maneira prática de transportá-las sem precisar fazer várias viagens, considerando que meu carro não estava estacionado tão perto da entrada do prédio. Decidi levar primeiro os quadros maiores, mas logo percebi que foi uma escolha estúpida. Ao empilhar os três quadros um sobre o outro no meu antebraço, de forma a mantê-los à frente do meu corpo, notei que eu obviamente não conseguia ver meus pés e nem o caminho à minha frente, aumentando consideravelmente a probabilidade de uma queda ou acidente. Dito isso, o que eu fiz? Mudei a posição dos quadros? Claro que não. Eu apenas segui, às cegas, o caminho até o carro.
Tudo estava indo surpreendentemente bem, até eu chegar no estacionamento repleto de calotas de sinalização. O local não estava muito movimentado, mas não deixaria de ser extremamente vergonhoso se eu caísse, e ainda correria o risco de estragar os quadros. Segui em frente andando lentamente, tateando o chão com os pés para ter certeza de que não tropeçaria em nada.
Não fui muito longe antes de sentir novamente um arrepio percorrer minha espinha, e estaquei os passos quando a mesma presença arrebatadora preencheu o local. Engoli em seco quando o senti atrás de mim, seu corpo perigosamente colado às minhas costas, que pareciam queimar com a proximidade.
- Deixa que eu te ajudo com isso - a voz rouca e profunda reverberou dentro de mim, e não me movi um centímetro quando seus braços ladearam meu corpo e suas mãos grandes roçaram as minhas. Ele então pegou os quadros por cima de mim e se afastou novamente.
Por um momento, foi como se meu cérebro estivesse entorpecido. Eu não era capaz de me mover, falar, ou formular qualquer pensamento coeso. Eu deveria agir normalmente, fingir que não sei o que ele é, que não sinto a vibração opressiva que sua presença transmite, mas meu corpo não obedecia. Já lidei com seres como ele diversas vezes nos trabalhos do Coven, mas nunca estive tão próxima de um deles como agora. Nunca fui tocada por um deles. Eu jamais permitiria.
Parecendo notar meu estado de choque, ele se pôs a minha frente, e levantei um pouco a cabeça para encará-lo, mas não foi o suficiente, então levantei mais um pouco. Ele era alto, certamente tinha mais de um metro e noventa, e os lábios fartos estavam sutilmente curvados em um sorriso, os olhos cor de âmbar parecendo penetrar em minha alma, na tentativa de ler cada detalhe de quem eu sou.
Seus fios escuros caíam sobre os olhos de maneira desajeitada e charmosa, vestia um sobretudo preto fechado até o limite do recorte, deixando visível apenas a gola alta da roupa branca que vestia por baixo.
A silhueta forte esculpida sob o sobretudo transmitia uma presença imponente e sedutora, uma conjunção de elegância e tentação. Ele não era apenas belo; era a reencarnação do pecado em sua forma mais sedutora, um demônio cuja atração era tão ardente quanto as chamas do inferno. Sua presença emanava superioridade absoluta, e o ambiente ao nosso redor parecia se ajustar a ele, curvando-se diante de seu poder e soberania.
E naquele instante, compreendi por que o pecado é chamado de pecado. O homem em pé diante de mim era a maçã proibida, e se eu fosse Eva, não hesitaria em sucumbir à tentação.
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Made In Heaven • Dark Romance
عاطفيةNem todo vilão nasce no inferno, alguns caem do céu. Victoria sempre soube que o poder corria em suas veias, mas nunca imaginou o preço que pagaria por isso. A vista de todos, Victoria Morrigan leva uma vida comum tentando ganhar reconhecimento por...