Querido Willy, ainda te amo...
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" 22 de março de 1996,
Querido Willy,
Quero te desejar um feliz aniversário meu amor, vinte e cinco anos de vida já, o tempo passa. Sei que 'meu amor' é uma frase forte, não chegamos nessa fase, mas mesmo assim, gostaria de pensar que posso te chamar assim, lembra de sete anos atrás? No baile de inverno, eu tinha terminado com a On a uns dois meses e você me apoiou, mesmo eu sendo grosso?
Então... Foi ali que percebi que eu te amava, planejei te contar no baile, mas você estava tão feliz dançando com ele que não quis atrapalhar, então de repente você sumiu no meio de todas aquelas pessoas, você e ele.
Se eu soubesse que aquilo ia acontecer eu teria ido falar com você e impedido de ficar com ele, nunca confiei nele, sabia que não era boa coisa, mas você sempre foi tão amoroso, atencioso, nunca falei mas sempre amei isso em você, que quis acreditar que ele era confiável.
Se eu tivesse ido atrás quando percebi que você havia sumido, ele não teria te levado embora, te estuprado e assassinado logo depois, se eu tivesse tomado vergonha na cara eu ainda te teria, talvez estaria te desejando feliz aniversário pessoalmente e quem sabe estaríamos nos beijando agora, talvez eu tivesse te pedido em casamento.
Agora a única maneira de te ver é atravéz da tela do celular, com a sua foto, onde você sorria feliz, estava lindo, sempre foi, e a única maneira de falar com você é indo até seu túmulo, acho que o moço da limpeza nunca precisou limpar sua lápide fria, sempre choro encima dela galões de lágrimas.
Não estou mais aguentando, fazem sete anos que estou sem você, sem seu sorriso, sua voz, seus cuidados, seu carinho, já tentei encontrar outras pessoas, mas não duraram mais de duas semanas. Você me faz tanta falta, ultimamente eu não saio mais de casa, não ando mais de bicicleta, não caço demongorgon's com nossos amigos, falando neles fazem três anos que não os vejo, a Max finalmente acordou do coma e ficou arrasada quando soube que você havia nos deixado, sua mãe estava com depressão e se suicidou, seu irmão foi embora não aguentou viver na cidade onde perdeu tudo, o cara que fez aquilo com você está preso, infelizmente só foi preso, desde que você foi eu não jogo mais D&D, a Nancy e a mamãe não saem mais da minha casa por mais que eu não pedi para ficarem, eu ando igual um zumbi a dor de viver quem se ama se torna pior quando também a arrependimento, eu queria ter te falado que te amava, soube que você me amava também, mas já era tarde.
Eu estou escrevendo essa carta e provavelmente vou deixar na sua lápide, você nunca vai ler, mas eu queria apenas que você soubesse que eu lembro do seu aniversário. Meu peito dói mais a cada dia que passa, e o arrependimento me consome, me corroe, eu peguei todos os seus desenhos sabia? Estão todos muito bem guardados, eu estou com vinte e cinco anos já, e não aguentou mais ficar aqui na terra, aqui seria mais suportável com você.
Essa carta é uma declaração de amor, um desejo de feliz aniversário e um aviso de que estou indo te ver meu bem, logo logo estaremos eu e você juntos de novo e quem sabe assim eu possa falar sobre como eu amo tudo em você.
Logo, logo estaremos juntos, felizes, sinto muito apenas a dor que causarei a minha mãe e minhas irmãs, Nancy e Holly.
Eu te amo,
Com carinho, Mike Wheeler."
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23 de março de 1996
— Mike! Chegamos meu amor... - Karen fala levando as compras á cozinha com a ajuda de Holly, passa-se dez minutos sem resposta e ela se preocupa tentando chama-lo de novo. Ele já devia ter voltado do cemitério, fazia três horas já que ele foi, nunca passou tanto tempo junto do túmulo frio do amigo.
— Mike? - sem resposta novamente - Holly meu amor, vá ver se seu irmão já chegou.
— Está bem mamãe - a menina sobe as escadas correndo e saltitando feliz, cantando a letra de 'Should i stay or Should i go' que tocava baixinho pela casa. O momento de paz logo foi quebrado pelo grito estrondoso da garota no andar de cima e passos na escada correndo para o andar de baixo
— Holly, já falei para não correr na escada! - Karen repreende a garota e se vira encarando a menina, que estava pálida e com os olhos lacrimejando ao ponto de finas camadas de água salgada decer por suas bochechas - meu Deus! O que aconteceu meu bem?
— O M-Mike, mãe... E-ele...- "ele o que filha, fala!" Ela diz subindo as escadas e ficando horrorizada com a cena em frente a seu rosto, seu filho, seu único filho menino estirado no chão em uma poça de sangue e uma arma ao lado de sua mão, no chão.
"Querido Willy, eu te amo como amo minha própria vida, por que você é minha vida, então quando você morreu, minha vida chegou ao fim, hoje vou oficializar isso"
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— Mike! Não acha cedo para estar aqui?
O garoto de cabelos enrolados se vira, dando de cara com ser mais precisos do universo, o ser que mais amou no mundo, ele estava com ele, ele estava com o seu amigo, amante, seu amor, o seu Willy.
— Willy! - ele corre e abraça o menino a sua frente, distribuindo beijos por sua face - meu Deus, você não sabe a falta que me faz... - lágrima banhavam o rosto do homem
— Ei, não acha cedo você já estar aqui?
— hum? Não, definitivamente não, você faz ideia do quanto eu sinto sua falta?
— Sim, eu sei, eu ouvi tudo o que você falava lá no cemitério, sempre estive te acompanhando Mike, você só não via... Eu não conseguia pegar a carta, mas eu de alguma maneira as lia, tantas palavras bonitas - ele diz enquanto acaricia os cabelos do outro homem, sempre quis fazer isso, nunca teve coragem e agora finalmente o pode - me diga, é verdade que me amava?
— Não...
— Oh... Então o porquê de palavras tão bonitas e declarações tão belas, e porq-
— Porque eu não te amava, eu te amo seu bobo - ele separa o abraço e puxa o rosto do outro, selando seus lábios.
Um beijo cheio de significado, sentimento e muito, muito amor. Eles entrelaçam suas mãos, sorrindo como idiotas, afinal eram idiotas mas era idiotas juntos, e andam, dessa vez acompanhando um ao outro, até os portões do céu, onde passariam a eternidade unidos.
Dessa vez ficarão juntos, serão amigos, amantes e namorados. Dessa vez nada pode atrapalhar isso, sempre foi seu destino ficar junto, nem que seja após a morte... Então finalmente notaram que realmente não à barreiras para o amor e para aqueles que se amam, quando à amor, nem a morte é capaz de destruir ele...
